Olimpíadas de Paris mostraram a força e o protagonismo das atletas negras do Brasil
PACTU
As Olimpíadas de Paris 2024, que se encerraram neste domingo (11), mostrou o protagonismo das atletas negras do Brasil. O país encerrou sua participação com três medalhas de ouro conquistadas por quatro mulheres, sendo três delas negras.
Beatriz Souza, do judô, Rebeca Andrade, na ginástica artística, Duda e Ana Patrícia, dupla campeã olímpica no vôlei de praia. Das 20 medalhas conquistadas, 12 foram por mulheres, incluindo a equipe mista de judô.
A ginasta Rebeca Andrade, que conquistou a medalha de ouro, ganhou páginas dos jornais e as redes sociais do mundo inteiro com a foto em que as ginastas americanas Simone Biles e Jordan Chiles (segundo e terceiro lugar no solo, respectivamente, todas negras) prestam reverência à brasileira no pódio. Chiles, no entanto, teve a sua medalha retirada após a Confederação Romena de Ginástica contestar a nota dada a sua atleta, Ana Maria Barbosu. Segundo o jornal Euronews, a Corte Arbitral do Esporte (CAE) determinou que a equipe dos Estados Unidos perdeu o recurso da nota após ultrapassar o tempo regulamentar na final de solo.
Questionada sobre o protagonismo em um momento de destaque feminino no esporte olímpico brasileiro, Julia Nogueira, secretária nacional de Combate ao Racismo da CUT, celebra as conquistas e afirma que a vitória das meninas demonstra que o povo negro é capaz, basta ter oportunidade.
“Elas conseguiram trazer o ouro para o Brasil. Isso é fundamental e mostra que aqueles que ainda defendem o racismo têm que entender que somos iguais. Das vinte medalhas conquistadas, doze foram de mulheres. Então, isso dá um protagonismo para as mulheres na participação das Olimpíadas de Paris, em especial às negras”.
O país inteiro celebrou a vitória das atletas que, por conta própria, falaram sobre racismo e representatividade. Pela primeira vez na história o Brasil levou uma delegação com maioria feminina, justamente nos primeiros jogos com paridade de gênero no número total de atletas.
Um pódio de pretas
Para Rosane Borges, professora da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisadora na área de comunicação, a cena das três atletas negras no pódio (Rebeca Andrade, Simone Biles e Jordan Chiles) mostrou uma união de mulheres negras pelo mesmo propósito.
“Essas três juntas recebem de mãos, corpos e mentes do passado distante e próximo o papel que lhes cabe em uma força-tarefa que vem de longa data: realocar em justiça e dignidade corporeidades que até bem pouco tempo estavam fora ou invisibilizadas da ginástica artística e do mundo”, afirmou a pesquisadora em sua rede social.
Participação feminina nas Olimpíadas
O Brasil estreou nos Jogos Olímpicos de 1920 apenas com atletas homens. A primeira atleta mulher brasileira a competir nas Olimpíadas foi a nadadora Maria Lenk, em 1932.
Levou 64 anos desde a primeira participação de uma brasileira em Olimpíadas para que o esporte feminino nacional subisse ao pódio. As primeiras medalhas das mulheres do Brasil nos Jogos Olímpicos vieram apenas em 1996, em Atlanta. Jackie Pires e Sandra Pires ganharam o ouro no vôlei de praia em uma final brasileira contra Adriana Samuel e Mônica Rodrigues, que ficaram com a prata. Além disso, a seleção feminina de vôlei ganhou o bronze.
As mulheres do Brasil já tinham superado os homens em medalhas de ouro nas Olimpíadas de Londres-2012 e do Rio-2016. O melhor desempenho feminino em Olimpíadas foi nos Jogos de Tóquio-2020, realizados em 2021 em função da pandemia, com nove medalhas sendo três de ouro.
O Brasil terminou em 20º lugar, sendo:
Ouro
Ginástica artística feminina, categoria solo individual, com Rebeca Andrade
Judô feminino, categoria acima de 78 kg, com Beatriz Souza
Vôlei de areia feminino, com a dupla Ana Patrícia e Duda
Prata
Futebol feminino
Surfe feminino, com Tatiana Weston-Webb
Marcha atlética masculina, com Caio Bonfim
Ginástica artística feminina, categoria geral individual, com Rebeca Andrade
Ginástica artística feminina, no salto, com Rebeca Andrade
Judô, categoria até 66kg, com Willian Lima
Canoagem masculina, na categoria C1 1000m, com Isaquias Queiroz
Bronze
Vôlei feminino
400m com barreiras masculino, com Alison dos Santos
Skate park masculino, com Augusto Akio
Surfe masculino, com Gabriel Medina
Ginástica artística feminina, categoria geral por equipes, com Rebeca Andrade, Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Júlia Soares
Skate feminino, com Rayssa Leal
Judô feminino, categoria até 52kg, com Larissa Pimenta
Judô por equipes
Bia Ferreira no boxe feminino
Edival Pontes, no taewkondo masculino
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