40 Anos da CUT Paraná: Um Tributo à Secretaria da Mulher Trabalhadora

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40 Anos da CUT Paraná: Um Tributo à Secretaria da Mulher Trabalhadora
Mulheres da CUT no 15º Congresso Estadual da Central
Luta pela igualdade de gênero é um dos pilares da Central

A CUT Paraná celebra 40 anos de fundação nesta segunda-feira (14). Ao longo destas quatro décadas de história, a presença feminina foi essencial para transformar o sindicalismo em um espaço mais inclusivo e representativo. Contudo, foi em 1986, durante o 2º Congresso Nacional da CUT, que um marco histórico consolidou essa atuação: a criação da Comissão Nacional Sobre a Mulher Trabalhadora (CNMT).

Ao longo das décadas, as mulheres da CUT Paraná ampliaram as pautas sindicais, integrando questões como creches, saúde da mulher e o combate à violência de gênero. Essas ações reforçam o compromisso com a transversalidade e a interseccionalidade, conectando o sindicalismo às demandas sociais amplas.

“Já avançamos muito na participação feminina nos espaços de poder, inclusive no âmbito sindical. Mas é evidente que ainda temos muito, muito o que fazer e caminhar. Mas essa parte do trajeto que já foi trilhada devemos às que nos antecederam e deram parte de suas vidas para lugar pela igualdade de gênero”, aponta a secretária da mulher trabalhadora da CUT Paraná, Eunice Miyamoto.

“São 40 anos de luta, resistência e neste período consolidamos uma representante de fato e de direito das trabalhadoras no Brasil e no Paraná. Tivemos a conquista das cotas nas instâncias da central, desde a direção nacional até os sindicatos. Hoje as mulheres estão representadas em todas as instâncias da CUT. Temos muito o que avançar nos direitos da igualdade, mas a CUT faz parte da nossa história de luta, resistência e perseverança”, completa Ana Cruz, primeira presidenta da Central no Paraná.

Ao longo desta história, a secretaria da mulher trabalhadora da CUT Paraná também organizou uma série de atividades para dialogar com a base e com a população. Dois bons exemplos recentes são as pedaladas pelo fim da violência contra a mulher, que aconteceram em diversas cidades do Paraná, além do clube de leitura feminista. Neste último, uma obra de referência é escolhida anualmente para debate e análise das companheiras que participam da atividade.

Muitas outras campanhas ainda foram realizadas, da implantação das casas da mulher brasileira, entre outras. “Lutamos pela proporcionalidade que foi um dos pontos mais importantes da luta interna, mas também outras lutas externas como pela aprovação da Lei Maria da Penha e implantação as secretarias municipais das mulheres nas cidades paranaenses”, recorda Eliana Maria dos Santos, bancária que integrou a coordenação nacional das mulheres e foi a primeira secretária no Paraná.

“Procuramos fomentar estes instrumentos de diálogo, mas também tiveram outros momentos, como nos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, atuação em instâncias como o Conselho do Direito das Mulheres tanto no estado quanto em Curitiba, as construções do 8 de março e um grande evento que celebrou os 30 anos das mulheres da CUT aqui em Curitiba”, recorda Anacelie Azevedo, que foi secretária da mulher da CUT Paraná por duas gestões.

“Foi a CUT que lutou e introduziu a política de cotas de gênero nas direções sindicais. Porém, defender esta pauta não foi fácil. A resistência de parcela do movimento sindical, notadamente masculina, em aceitar que o espaço sindical também é da mulher foi grande. No início dos anos de 1990 a representação ficou restrita a 30%, sendo mais tarde motivo de novas reivindicações, quando passamos a exigir a paridade. A resistência calcada em um modelo de sociedade machista e patriarcal aos poucos foi vencida pela força da organização das mulheres no interior da central sindical, que mostraram que é impossível ignorar os interesses de parcela significativa da classe trabalhadora. A paridade de gênero na direção da CUT foi conquistada no 11º congresso de 2012 e representou justiça social para as mulheres”, recorda a bancária, ex-secretária-geral da CUT Paraná e que também ocupou a secretaria de mulheres, Marisa Stédile.

“Os principais desafios da CUT e do campo progressista são a comunicação, fortalecer algumas categorias que estão chegando, a redução da jornada de trabalho e da taxa de juros. O que faz a CUT ser a maior central é o trabalho infinito na base, com movimentos sociais, classe Trabalhadora e do Campo”, completou a ex-presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, que antes ocupou a secretaria das mulheres. Foi durante sua gestão que aconteceu o encontro dos 30 anos das mulheres, a paridade de gênero e também a Vigília Lula Livre.

Reflexões e Futuro

“Os 40 anos da CUT Paraná nos convidam a refletir sobre os avanços conquistados e os desafios que ainda exigem atenção. A luta pela igualdade de gênero não é apenas uma bandeira, mas um compromisso contínuo que transforma o sindicalismo em um instrumento de justiça social. Neste aniversário, a Secretaria da Mulher Trabalhadora reafirma sua missão de construir um sindicalismo que valorize a diversidade e fortaleça a voz das mulheres em todos os espaços de decisão”, finaliza Eunice Miyamoto.

 

Confira alguns momentos Marcantes da Luta Feminina na CUT Paraná:

Fundação da CNMT (1986): Estruturou a organização das mulheres dentro do movimento sindical, trazendo debates sobre equidade de gênero.

Implementação de cotas de gênero (1993): Uma cota mínima de 30% para mulheres em cargos de direção foi aprovada, evoluindo para paridade de gênero na direção central da CUT em 2012.

Fortalecimento das campanhas femininas: As mulheres lideraram lutas por direitos sociais, como creches e medidas contra a violência de gênero, ampliando a pauta sindical.

Apesar de conquistas importantes, desafios como a sub-representação feminina e a resistência cultural ainda persistem. Para superá-los, ações como capacitação, promoção de políticas inclusivas e campanhas de conscientização têm sido estratégicas.

 

Fonte: Fetec-Pr

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