XVII Encontro Nacional de Dirigentes destaca importância de um debate transparente na defesa dos participantes

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XVII Encontro Nacional de Dirigentes destaca importância de um debate transparente na defesa dos participantes
Por Mariluce Fernandes

Com o tema ‘Em defesa dos participantes na governança das entidades’, o XVII Encontro Nacional de Dirigentes, promovido pela Associação Nacional dos Participantes de Previdência Complementar e Autogestão em Saúde (Anapar) nesta quarta-feira (21), em Recife/PE, destacou o papel primordial do dirigente eleito. É preciso um debate aberto e transparente para proteger os participantes, “os verdadeiros donos das entidades de governança”, e para garantir o fortalecimento do sistema de previdência.

“Isso é fundamental para assegurar que o participante tenha voz e seja atuante dentro das entidades. E, também para que as pessoas não sejam enganadas com falsas promessas que, muitas vezes, só vão causar danos às entidades ou à própria governança”, enfatizou Marcel Barros, presidente da Anapar, na abertura do evento. Ele alertou sobre a importância de os participantes estarem atentos às notícias falsas do dia a dia, “totalmente fora do arcabouço legal do que é um plano de previdência”.

Barros citou a grande quantidade de ataques vindos do TCU, de projetos do Congresso, de pessoas oportunistas que querem de apropriar não só da governança, mas principalmente do patrimônio dos trabalhadores e trabalhadoras. “É um verdadeiro ataque à honra e à história das pessoas”, observou.

Diretor de Administração e Finanças da Anapar, Antônio Bráulio de Carvalho reforçou a chamada à responsabilidade, feita por Marcel, reiterando a importância de cada dirigente na defesa dos participantes e para frear as notícias falsas sobre os fundos de pensão.

Fabiano Moura, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, falou da satisfação do Estado em receber o congresso da Anapar, e garantiu que, enquanto entidades cidadãs – Sindicato cidadão e centrais sindicais cidadãs –, se preocupam com o que está acontecendo hoje. “Estamos vivenciando um mundo tão voltado para o mercado, na era do capital improdutivo, em que os fundos de pensão são alvo da ganância do mercado financeiro. Mas, não vamos permitir que ninguém coloque as mãos, de forma ávida, nesse patrimônio construído e gerido pelos trabalhadores”, observou.

As palavras dos dirigentes foram endossaadas por Fernando Neves, diretor de Benefícios da Fachesf. Ele reforçou que, para barrar os ataques que os fundos de pensão vêm sofrendo, é necessário que haja uma reorganização e um elo de resistência. “Diante de um desafio como esse, não tem outro caminho para iniciar uma luta senão pela política. Que a solidariedade seja a nossa força”, ponderou.

‘Ataques à credibilidade do sistema’ – Este foi o tema do primeiro painel do Encontro Nacional, com a participação de Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese, que apresentou uma análise de conjuntura; e Patrícia Cunegundes, gerente de Comunicação Institucional do Postalis, falou sobre os Impactos da Desinformação na Vida dos Participantes de Planos de Previdência Complementar. O debate foi mediado por Julia Margarida, diretora regional da Anapar.

Adriana Marcolino apresentou um cenário nacional e internacional da economia, neste momento de incertezas, a guerra tarifária, dados do FMI do PIB, Selic e IPCA. Também revelou números relevantes das desigualdades e projeções da taxa Selic.

A jornalista Patrícia Cunegundes fez alertas sobre os problemas decorrentes da desinformação que afeta a credibilidade do sistema de previdência complementar fechada. Segundo ela, a opinião e a informação jornalística confundem os participantes em suas tomadas de decisões, uma vez que são bombardeados diariamente pela mídia com notícias requentadas e mal interpretadas, com uma linguagem confusa e sensacionalista.

Para Patrícia, os dirigentes das entidades representativas dos participantes têm um papel fundamental para alterar essa realidade.  É necessário reforçar os canais de informação oficial, investir na escuta e na educação previdenciária. “A informação de qualidade protege o futuro do participante. E a construção de um elo de confiança também é fundamental para manter a solidez do sistema de previdência complementar”, apontou.

Antônio Bráulio de Carvalho comentou: “Temos um resultado concreto sobre essa questão da desinformação e comunicação. Num determinado período, houve um alinhamento perfeito entre todos os órgãos para trazer essa realidade que temos hoje. Oitenta por cento dos fundos de pensão estão em renda fixa. Isso ocorreu porque teve um trabalho muito intenso, muito planejado, para destruir os veículos de investimento, eram os fundos de investimentos e participações. Queimaram com este objetivo de tentar não permitir que os trabalhadores ao investir, concorressem com os bancos, ou seja, tirassem o dinheiro dos bancos e colocassem na economia real. O resultado é este que estamos tendo atualmente. E mais sério do que isso, é que naquele período, houve um alinhamento entre todos os setores”.

Segundo Bráulio, faz-se necessária uma reflexão. “Precisamos repensar esse modelo, lembrando que a própria Previc tem um papel fundamental nisso”.

 

‘A responsabilidade dos dirigentes x expectativas dos participantes’ – O segundo painel do encontro nacional foi realizado à tarde, com o tema ‘A responsabilidade dos dirigentes e as expectativas dos participantes’. Participam Fernando Neves, diretor de Benefícios da Fachesf; Selim Antonio de Salles Oliveira, integrante do Conselho Deliberativo da Funcef; Francisco Ferreira Alexandre, ex-diretor da Previ e BRF Previdência. Leandro Nunes, diretor Administrativo-Financeiro da Celos, fez a mediação.

Fernando Neves, oriundo de sindicatos, entende que previdência também é assunto de relação de trabalho. “Muitas vezes nos sindicatos, esquecemos isso. A gente acha que tem de proteger os direitos dos trabalhadores da ativa, mas esquece que esses valores, esse patrimônio que construímos nas fundações, para ter uma aposentadoria melhor, foram frutos de acordos coletivos, de muita luta, nada veio de graça. Precisamos discutir isso ainda mais dentro dos sindicatos”.

Neves avalia que, para estar na governança de uma fundação, tem de ter o poder da negociação e de mobilização. “Precisa ter o respaldo de quem você representa, tem de ter um diálogo franco com o participante. É preciso agir com ética e com a verdade”.

Também do movimento sindical, Selim Oliveira fez uma abordagem complementar, enfatizando a necessidade de representar o participante desinformado. “É importante estar levando informação para a base”. E deixou um recado: “Política, engajamento político, unidade nacional. Precisamos estar sempre atuantes, colocando nossas entidades defendendo os trabalhadores”.

Francisco Alexandre, ex-dirigente sindical, complementou, dizendo que é essencial fazer crescer o conhecimento de quem lida com o fundo de pensão. “Quando elegemos um dirigente, depositamos nele uma confiança. Lealdade, confiança e ética são fundamentais em um representante dos trabalhadores. Defender o trabalhador, é defender o patrimônio que está lá depositado, com bons investimentos, boa tomada de decisão e bom retorno”.

Apoiadores do encontro – Fachesf, Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Castro e Silva Galvão Advogados, Camed Corretora de Seguros, Previ, Postalis, Anabb, Fenae, Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, Celos, Fenapas, Viva Previdência, Sinttel DF, Real Grandeza, AposVale, AEA-MG, Afubesp, Sindipetro-NF e Sindicato dos Metroviários de Pernambuco.

Fonte: ANAPAR

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