Haddad diz que ensino a distância para crianças é 'pior ideia' que já ouviu
PACTU
Medida defendida por Bolsonaro traria impactos não só para o ensino como também para a alimentação dos alunos que tivessem que aprender em casa pelo computador.
São Paulo – O candidato a presidente Fernando Haddad (PT) classificou como "absurda" a proposta do presidenciável de extrema-direita Jair Bolsonaro de implementar o ensino a distância para os níveis fundamental e médio como forma de cortar gastos na educação. "É a pior ideia que ouvi na minha vida ao longo de 30 anos como professor."
Em entrevista à Rádio Globo do Mato Grosso do Sul, Haddad questionou a viabilidade da medida, com os alunos acompanhando as aulas de casa pelo computador, e suas consequências. "Imagina se uma criança tem condições de sozinha – sem a mãe e o pai, que estão trabalhando, sem o professor – aprender na frente de um computador. Ele (Bolsonaro) não entende nada de educação."
O petista destacou que essa "ideia", inclusive, traria impactos tanto para a alimentação dos alunos quanto para os produtores agrícolas. "A criança vai ficar em casa comendo bolacha, enquanto a carne que encontra na escola não vai ter mais."
Como uma de suas propostas para a educação, Haddad diz que o objetivo principal é melhorar a qualidade do ensino médio. Para isso, vai fazer com que escolas federais, que registram melhores desempenhos em exames e avaliações, "adotem" escolas estaduais, de modo a elevar a qualidade do ensino.
Ele também destacou avanços no acesso e na qualidade do ensino básico quando foi ministro da Educação, e citou realizações no ensino superior. "Fui eu que criei o Prouni, o Fies sem fiador, novos campi de universidades federais pelo Brasil inteiro. Agora, a prioridade é o ensino médio. Se a gente conseguir resolver, tudo vai melhorar na educação brasileira."
Emprego
O candidato do PT prometeu retomar as obras públicas como forma imediata de criar vagas de emprego e ainda melhorar a infraestrutura, que impacta na produtividade. Ele também defendeu o reajuste de 20% no Bolsa Família e a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem ganha até cinco salários mínimos como forma de "colocar dinheiro na mão do povo".
"Isso vai aumentar o poder de compra dessas famílias, que vão ao mercado, aquecendo a economia. Os industriais vão ter que contratar mais para produzir", afirmou Haddad, que também prometeu fazer "uma grande reforma bancária" para reduzir os juros no país, classificados por ele como "impraticáveis e extorsivos", prejudicando tanto o trabalhador que busca um crediário para adquirir um produto quanto o empresário, que não conta com financiamento para expandir os negócios e assim empregar mais. "Com juros de 30%, 40% ao ano, qual é o empresário que tem essa margem de lucro?"
"Proposta suicida" para a agricultura
Haddad também atacou a proposta defendida por Bolsonaro de fundir os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente. "Nossos produtos hoje são certificados, por isso têm mercado no mundo desenvolvido. Vamos simplesmente parar de produzir, porque não vamos ter para quem exportar. Meu adversário está fazendo uma proposta suicida."
Haddad defendeu o agronegócio que investe no aumento da produtividade, e criticou os que especulam com grandes propriedades. "O grande conflito de terra que existe hoje no Brasil é por causa da baixa produtividade de um parte do setor do agronegócio que, em vez de querer produzir mais com menos terra, quer produzir mais desmatando e grilando terra."
Privatização da segurança pública
Haddad também afirmou que Bolsonaro quer "privatizar" a segurança pública, com a proposta de flexibilização a posse e o porte de armas. "É um salve-se quem puder. Você se arma e você se defende", disse Haddad, que destacou que as consequências que mais armas podem trazer para em brigas de transito, desavenças entre vizinhos e discussões entre casais.
"Isso vai ser uma temeridade. No mundo inteiro, a proposta do meu adversário deu errado. A nossa proposta é inteligência. Dobrar o efetivo da PF, equipar, e fazer assumir certas possibilidades", afirmou o candidato do PT, que pretende nacionalizar o combate ao crime organizado.
Ele também atacou Bolsonaro por ter apoiado medida do governo Temer que adiou a implementação do Sistema Integrado de Monitoramento (Sisfron) para 2035. Haddad prometeu implementar o projeto, que prevê a utilização de satélites e radares para fazer a vigilância dos mais de 17 mil quilômetros de fronteira seca do país, até 2025. Ele afirmou que a proposta tem impacto na segurança e também na arrecadação, porque vai ajudar a deter tanto a entrada de armas e drogas como também de produtos contrabandeados.
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