‘Brasil tem dificuldade de enxergar seu racismo estrutural’, diz ex-consulesa
PACTU
A violência policial é maior no Brasil do que nos Estados Unidos. É o que diz a ex-consulesa da França em São Paulo e jornalista Alexandra Loras, ao destacar que nas últimas duas décadas no Brasil, desde 2001, a polícia executou 778 mil jovens negros. “O Brasil tem muita dificuldade de enxergar o seu racismo estrutural”, afirma.
Alexandra diz que a história do país mostra que os negros foram arrancados de suas famílias, de seu país (de origem) e submetidos a um regime de exploração, de violência. E também que não basta apenas a Lei Áurea, de 1888, para estabelecer a reparação. “Temos que ter neste momento um grande acordo nacional sobre a questão racial”, defende, em entrevista ao jornalista Rodolpho Gamberini, do canal no YouTube O Planeta Azul.
Sobre as manifestações nos Estados Unidos que se espalharam pelo mundo, principalmente na Europa e países americanos, por conta do episódio de violência policial que levou à morte de George Floyd, Alexandra diz que que esse caso não é isolado.
A ex-consulesa afirma também que a mídia no Brasil tem usado o caso nos Estados Unidos para mostrar que lá o racismo é pior do que aqui, o que não é verdade.
“Quando a mídia brasileira está dando muito espaço para tratar desse episódio do George Floyd nos Estados Unidos é outra forma de reforçar esse racismo estrutural, de achar que a situação é muito pior nos Estados Unidos do que aqui no Brasil”, diz.
Leis contra negros
Na entrevista, Alexandra destaca que o Brasil também há leis segregacionistas, como nos Estados Unidos, longe de o Brasil ser um país miscigenado de convivência pacífica. Esse é o caso da Lei de 1837 que é considerada a primeira lei de educação no país e a qual determina que os negros não podem ir à escola.
Uma lei sobre terras, também, de 1850 determina que os negros não podem ser proprietários. “Essas leis são testemunhos vivos do racismo estrutural no país, e derrubam o mito da convivência pacífica entre negros e brancos no país, que reveste o país de uma face miscigenadora”.
Confira a entrevista:
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