Produção para exportação: soja e milho representam 88% da safra brasileira
PACTU
A produção de soja é 11 vezes maior que a de arroz. E a de milho, 9 vezes maior. Mais que a inflação, falta de política para o abastecimento interno explica alta de preços de itens como o arroz
São Paulo – O país tem nova estimativa de recorde na safra de grãos, projetada em 251,7 milhões de toneladas, 4,2% acima do ano passado. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10) pelo IBGE. Mas a composição da safra brasileira mostra que a pauta é muito mais exportadora do que voltada para o mercado interno, que vem sofrendo com alta de produtos básicos.
Esse aspecto da política agrícola brasileira – ou falta de política – explica em parte o aumento do preço do arroz e de outros alimentos básicos para o mercado interno, conforme a RBA noticiou ontem. Para além dos vaivéns da inflação. Algumas altas podem ser atribuídas, também, a fatores como a essa ênfase dada ao agronegócio e o descaso com a segurança alimentar. O que se viu desde o início do atual governo: um dos primeiros atos foi extinguir o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Segundo lembrou hoje o gerente de Agricultura do instituto, Carlos Alfredo Guedes, apenas dois produtos, o milho e a soja, representam 88% da produção nacional de grãos. A soja é o principal produto brasileiro de exportação. E o Brasil é o maior exportador mundial de milho.
Área e produção
De acordo com o instituto, a área a ser colhida soma 65,2 milhões de hectares, 3,1% a mais do que em 2019. Milho, soja e arroz somam 92,3% da produção e 87,2% da área. O IBGE estima crescimento de 3% na área destinada ao milho e de 3,5% na de soja, com queda de 1,5% para o arroz (produto que tem sua área diminuída ano após ano e cujas exportações crescem).
Em relação à produção, as projeções são de altas de 6,6% para a soja (121 milhões de toneladas) e de 7,2% para o arroz (11 milhões de toneladas), com recuo de 0,4% no milho (100,2 milhões). Assim, a produção de soja é 11 vezes maior que a de arroz. A de milho, 9 vezes maior.
O gerente do IBGE diz ainda que para este ano é prevista uma produção recorde de café. O tipo arábica, que representa 75% do total, deve chegar a 29,4 mil toneladas, alta de 1,1%. Minas Gerais é o principal produtor. E o tipo canephora, mais concentrado no Espírito Santo, a 6,5 mil (acréscimo de 0,6%).
Para o feijão, a estimativa é de 3 milhões de toneladas, consideradas as três safras do produto. O IBGE estima diminuição de 4,3% na área e de 2,9% na produção.
Estados e regiões
Com 28,6% do total, o estado de Mato Grosso lidera a produção nacional. Em seguida, vêm Paraná (16,2%), Rio Grande do Sul (10,7%), Goiás (10,3%), Mato Grosso do Sul (8,0%) e Minas Gerais (6,1%). Somados, representam 79,9%.
Apenas o Centro-Oeste concentra quase metade: 47,2%, ou 118,8 milhões de toneladas. A região Sul tem 29,5%. Na sequência, Sudeste (10,2%), Nordeste (8,8%) e Norte (4,3%). Para a safra deste ano, a previsão é de alta no Centro-Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste, com retração no Sul.
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