MPT marca audiência ampliada sobre demissões no Santander para dia 17
Segunda mediação no MPT discute demissões e rotatividade no banco
O Ministério Público do Trabalho (MPT) decidiu marcar uma nova e ampliada audiência de mediação entre a Contraf-CUT e o Santander para a próxima quinta-feira (17), às 14h, em Brasília, o que possibilitará a participação de sindicatos e federações de todo país. A medida foi tomada pela procuradora do MPT, Ana Cristina Tostes Ribeiro, ao final da segunda mediação entre as partes, ocorrida nesta quarta-feira (9), na capital federal.
Pela Contraf-CUT, participaram Carlos Cordeiro, presidente, Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa, e Sávio Lobato, assessor jurídico. Também esteve presente Rosane Alaby, secretária de imprensa do Sindicato dos Bancários de Brasília.
A procuradora disse que o banco estava disposto a estender o acordo firmado nos dissídios coletivos com os Sindicatos dos Bancários de São Paulo, ABC e Santos no TRT de São Paulo. O banco informou que na audiência de conciliação do dissídio proposto pelo Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro foi acertado que prevaleceriam os mesmos termos desse acordo.
A Contraf-CUT salientou que nos dissídios coletivos movidos pelos Sindicatos dos Bancários da Bahia e da Paraíba foram concedidas liminares, que permanecem vigentes. Também foi informado que a Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul ajuizou ação civil pública e obteve liminar, que igualmente continua em vigor. O Sindicato dos Bancários de Brasília disse que também entrou com ação civil pública, aguardando decisão sobre o seu pedido de reconsideração.
"O objetivo dessa audiência ampliada é garantir que cada entidade sindical possa se manifestar sobre as demissões em massa que ocorreram no banco espanhol em dezembro e apresentar propostas de reintegração dos demitidos e de combate à rotatividade, a fim de evitar que o mesmo processo de dispensas volte a acontecer agora em janeiro e nos meses seguintes", afirma Cordeiro.
Os representantes do banco informaram que o banco contratou 95 funcionários em 2013 até a presente data, mas não souberam dizer quantos já foram desligados até agora em janeiro.
Corte de 955 empregos em dezembro
Graças à determinação da procuradora do MPT na primeira audiência, o Santander enviou para a Contraf-CUT uma lista de 1.280 desligamentos em dezembro. Nesta quarta-feira, o banco disse que admitiu 325 funcionários no mesmo período.
"Isso mostra que houve um corte de 955 empregos em dezembro, a maior redução de vagas por mês nos últimos dois anos, conforme revelam os dados do Caged de 2011 e 2012", destaca Ademir. "O banco reconhece que mandou embora quase mil funcionários na véspera do Natal, muitos com mais de 10 e 20 anos de banco, perto da aposentadoria, só para reduzir custos e aumentar os lucros para mandá-los à Espanha", critica.
Rotatividade de 27,4%
Os representantes dos bancários apontaram que esses dados do Caged, igualmente entregues pelo Santander para a Contraf-CUT a partir de determinação da procuradora do MPT, comprovam a política nefasta de rotatividade, segundo análise técnica feita pelo Dieese. Enquanto a taxa no setor bancário foi de 7,6% entre janeiro e novembro de 2012, o índice no Santander atingiu 27,4% no mesmo período.
Clique aqui para ver a análise do Dieese.
"Isso foi quase quatro vezes superior à vigente no setor bancário como um todo. Isso significa que num período de 11 meses o banco "girou" quase um terço do seu quadro de pessoal. Mantida essa taxa em três anos, o banco terá "girado" quase 100% dos seus funcionários", avalia o Dieese.
O estudo revela que o banco desligou 13.700 empregados entre janeiro e novembro de 2012, com geração de 667 postos de trabalho no período, embora tenham sido registrados saldos negativos nos meses de março (-67), maio (-94), junho (-8) e novembro (-150). O maior desligamento ocorreu em outubro, mês após a assinatura da convenção coletiva, com 2.208 empregados.
Apesar dos números, o banco disse em ata que "não há nenhum plano de redução de quadros, com dispensa coletiva, bem como afirma que não está sendo vendido". Além disso, o banco registrou que "o seu turn over encontra-se dentro da média do segmento financeiro".
Reunião preparatória
Antes da audiência ampliada no MPT, as entidades sindicais estão convidadas a participar de uma reunião na mesma quinta-feira (17), às 10h, na sede da Contraf-CUT, em Brasília, para preparar os debates com o Santander.
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