“O MST oferece uma possibilidade de solucionar a fome”, diz Dom Bruno Elizeu, bispo Campo Mourãol-PR
Campo Mourão/PR
O líder religioso participou da inauguração do Centro de Produção Agroecológica da comunidade Valdair Roque (PR)
Dom Bruno Elizeu, Bispo da Diocese de Campo Mourão, no Paraná, participou, junto com outras autoridades religiosas e representantes do poder público, da inauguração de dois espaços comunitários do acampamento Valdair Roque, localizado em Quinta do Sol, também no Paraná: a capela Santa Catarina e o Centro de Produção Agroecológica Pinheiro Machado.
Na ocasião, o líder religioso afirmou que “o Movimento Sem Terra [MST] oferece uma possibilidade de solucionar a fome. Se as pessoas Sem Terra que querem, que têm vocação para trabalhar a Terra, tivessem um pedacinho para poder trabalhar, com certeza teria alimento em abundância nas cidades”.
O bispo também parabenizou o movimento pela produção de alimentos. “Quero parabenizar a iniciativa pela forma ordeira, pelo testemunho que dão, pela forma como é organizado. É um povo de fé, temente a Deus, que tem como único objetivo criar sua família aqui na terra, porque tem vocação para trabalhar na terra, e produzir alimento para sua família e o excedente partilhar com os demais.”
Na ocasião, Dom Bruno celebrou a missa inaugural, na capela Santa Catarina, ao lado do padre José Carlos Krause, da paróquia do município, e do padre Dirceu Luiz Fumagalli.
O outro espaço, o Centro de Produção Agroecológica Pinheiro Machado, foi inaugurado no mesmo local em que, no dia 2 junho do ano passado, homens armados destruíram lavouras na região. Segundo os moradores, o ataque foi uma forma de pressionar o despejo das moradias.
“Aqui para nós é um símbolo de resistência contra as milícias, esse modelo de agricultura que expulsou nosso homem do campo e que nessa nossa luta de retomar a terra, a gente continue enfrentando, libertar essa terra toda das garras do latifúndio. Que isso aqui seja um espaço onde brote leite e mel para saciar a fome do nosso povo”, garantiu Martina Utemberg, direção estadual do MST, durante o ato de inauguração do Centro. O nome do centro é uma homenagem ao professor Luiz Carlos Pinheiro Machado, que veio a falecer no mesmo dia em que a lavoura havia sido destruída.
Desde o início da pandemia, a comunidade já doou cerca de cinco toneladas de alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. A ação faz parte da campanha nacional do MST em solidariedade a quem enfrenta a fome neste período de pandemia e de crise econômica. No Paraná, mais de 790 toneladas de alimentos já foram doadas por famílias do MST desde abril de 2020.
Hoje, a comunicação é formada por cerca de 70 famílias que ocupam a antiga Fazenda Santa Catarina, de propriedade da Usina Sabarálcool, que acumula 964 ações trabalhistas somente na Comarca de Campo Mourão.
No evento desta sexta-feira também participaram prefeitos de outras cidades da região, representantes de sindicatos e entidades e dos deputados estaduais José Lemos (PT) e Arilson Chiorato (PT). Nivalda Sguissardi, secretária geral do Sindicato dos Bancários de Campo Mourão, foi uma das lideranças presentes à solenidade.
Edição: Douglas Matos
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