23º Congresso da Anapar: "36% da população passa fome por absoluta incompetência do governo"

PACTU

23º Congresso da Anapar: "36% da população passa fome por absoluta incompetência do governo"

Ex-presidente da Anvisa, o médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP Gonzalo Vecina responsabilizou o governo federal pela grave situação social brasileira.  

"Neste momento, temos 36% da população brasileira passando fome. A média mundial é 35%. O Brasil está acima da média sendo o maior produtor de proteína vegetal e animal no mundo. Por absoluta incompetência do governo e do Estado brasileiro", declarou.

A fala do sanitarista ocorreu durante o 23º Congresso Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Planos de Saúde de Autogestão, organizado pela Anapar. Vecina comentava a análise econômica realizada por José Silvestre, do Dieese.

Silvestre apontava que o crescimento médio da economia brasileira entre 2014 e 2021 foi negativo (-1,5%) e que, analisando o período 2012/2021, o crescimento se torna positivo, mas praticamente irrelevantes (0,5%).

"A economia teve quase uma década perdida. Óbvio, com a pandemia, o quadro se agravou. Em 2021, há uma recuperação. Mas, como se costuma dizer, 'andou de lado'", observou Silvestre.

De acordo com o integrante do Dieese, a pandemia trouxe questões novas, mas também intensificou tendências que já existiam, como a precarização do trabalho. Como elementos novos no contexto econômico, há a alta inflação e a dificuldade de superar altas taxas de desemprego. "Isso tudo trás aumento da miséria e da desigualdade. Temos, infelizmente, a volta da fome. Isso tudo também significa a volta da vulnerabilidade social. A pandemia aprofundou tudo, mas há outras razões e fatores", apontou ele.

Para Vecina, o que houve de bem sucedido no combate à pandemia ocorreu por conta da "capacidade de estados e municípios em salvar o SUS".

"Um bom resumo é: estamos vivendo um momento de terra arrasada. Esse governo foi muito 'competente' em errar em tudo. Na área social, principalmente em educação e saúde, foi devastador. O Brasil está completamente fora dos trilhos", complementou o médico.

O sanitarista ainda comentou o plano de generais articulados em torno do Instituto Villas Boas em que se aponta o objetivo de acabar com a gratuidade da saúde pública no Brasil: "Eles têm capacidade de piorar as coisas. Em um país do tamanho do Brasil, não existe possibilidade de serviços de saúde minimamente civilizada que não seja estatal. Sem o SUS nós não seremos civilizados".

Fonte: Reconta aí

Deixar comentário

Matérias relacionadas