"Queremos investir no setor produtivo, mas queremos segurança", diz vice-presidente da Anapar
PACTU
A segunda mesa de debates do 23º Congresso Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão e dos Beneficiários de Planos de Saúde de Autogestão, organizado pela Anapar, foi marcada pela questão dos riscos em investimentos realizados por fundos de pensão - nome pelo qual são conhecidas as entidades fechadas de previdência complementar.
"Investir em títulos públicos é, no fundo, apostar contra o país. Nós queremos investir no setor produtivo, mas queremos segurança para isso. Não queremos viver no risco", declarou o vice-presidente da Anapar, Marcel Barros.
Barros fez uma referência ao fato de que diversas opções tomadas por alguns fundos, justificáveis por informações do cenário econômico que se tinha à época das decisões, acabaram sendo judicializadas. "Alguns investimentos vão dar errado. Isso é do capitalismo. O que não pode é um gestor de fundo viver em eterno risco porque se algum negócio der errado ele vai ser punido", complementou.
Henrique Jager, economista e ex-presidente da Petros, qualificou o cenário pós-2015 como de politização e judicialização dos investimentos. Essa dinâmica criou uma situação paradoxal: de um lado, a necessidade dos fundos cumprirem suas metas atuariais para pagar os benefícios dos contribuintes aposentados e, de outro, a existência de constrangimentos para realizar os investimentos necessários para tanto - o que chamou de "ganhar gordura" para tempos econômicos mais difíceis.
"Não há como fazer isso, principalmente em cenários de queda da taxa de juros, sem tomada de riscos. Não existe milagre. No mercado de capitais, risco maior é rentabilidade maior. Tentando mitigar o risco, mas caminhar rumo à economia real é uma necessidade", ponderou ele.
Ricardo Pena, ex-presidente da Funpresp e ex-superintendente da Previc, afirmou que os investimentos dos fundos dependem em grande medida da regulação dos órgãos fiscalizadores. Uma visão tradicional nas regras, por exemplo, "induz a evitar riscos".
"Cabe ao dirigente da fundação fazer a gestão de risco. O que se espera do [órgão] supervisor é que ele saia da visão tradicional", afirmou. A superação da visão tradicional é justamente gerir o risco, medidas de governança e transparência que permitam o conhecimento das opções de investimento.
Apesar de inovações na regulação dos fundos, que apontam para esse paradigma mais voltado para o risco, pena ainda destacou que "ainda falta maior clareza" por parte das entidades responsáveis pelo regramento e supervisão das entidades fechadas.
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