País tem deflação em julho, o que pode ser pontual ou alerta de recessão. Mas preços dos alimentos voltam a subir
PACTU
Resultado reflete queda dos combustíveis. IPCA (10,07%) e INPC (10,12%) seguem acima dos dois dígitos em 12 meses
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no país, teve em julho sua menor taxa da série histórica, iniciada em 1980, com queda de 0,68%. O resultado, divulgado nesta terça-feira (9) pelo IBGE, pode ser apenas pontual – cenário mais provável, devido a queda de alguns itens, principalmente os combustíveis – ou indicar recessão. Agora, o IPCA está acumulado em 4,77% no ano e soma 10,07% em 12 meses. O INPC foi a 10,12%.
Segundo o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, a redução de 20 centavos anunciada pela Petrobras em julho e a redução do ICMS sobre combustíveis e energia (Lei 194), afetou dois dos grupos que compõem o IPCA: Habitação (-1,05%) e Transportes (-4,51%). “Foram esses dois grupos, os únicos com variação negativa do índice, que puxaram o resultado para baixo.” Os preços dos alimentos, por exemplo, voltaram a subir no mês passado.
Combustíveis têm redução
De acordo com o IBGE, os preços médios da gasolina caíram 15,44%, o que representou impacto de -1,04 ponto percentual no índice de julho. Já o etanol teve queda de 11,38%, enquanto o gás veicular variou -5,67%.
Também teve impacto no resultado mensal o grupo Vestuário, que subiu bem menos: de 1,67%, em junho, para 0,58%. “A gente teve uma queda muito forte no preço do algodão, que é uma das principais matérias-primas da indústria têxtil, no final de junho”, diz o gerente. Assim, as roupas masculinas subiram 0,65%, ante 2,19% no mês anterior, enquanto as femininas foram de 2% para 0,41%.
O grupo Saúde e Cuidados Pessoais também desacelerou em julho, com alta de 0,49%. Isso foi resultado da variação menor dos planos de saúde, de 2,99% para 1,13%. Produtos de higiene pessoal passaram de 0,55% para -0,23%.
Alimentos seguem em alta
Alimentação e Bebidas, por sua vez, subiu 1,30% no mês passado, com impacto de 0,28 ponto na taxa geral. “O resultado foi puxado pelo leite longa vida, que subiu mais de 25%, e pelos derivados, como queijo (5,28%) e manteiga (5,75%), por exemplo”, afirma ainda o gerente do IBGE. “Essa alta do produto se deve, principalmente, a dois fatores: primeiro porque estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ou seja, um período em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado. E o fato de os custos da produção estarem muito altos.”
Assim, a alimentação no domicílio subiu mais que o dobro de junho, de 0,63% para 1,47%. As frutas, com alta de 4,40%, tiveram impacto de 0,04 ponto no índice. Entre as quedas, o instituto destaca tomate (-23,68%), batata inglesa (-16,62%) e cenoura (-15,34%). Somados, representaram -0,12 ponto.
Em 12 meses, inflação mantêm alta
Por fim, o grupo Despesas Pessoais subiu 1,13%, bem mais do que no mês anterior (0,49%), com impacto e 0,11 ponto percentual no mês. O IBGE cita os itens empregado doméstico (1,25%) e cigarro (4,37%).
Todas as áreas pesquisadas tiveram resultado negativo em julho. O IPCA variou de -2,12% (Goiânia) a -0,07% (Grande São Paulo, única região a ter aumento da energia). Em 12 meses, o índice vai de 7,17% (Belém) a 11,38% (região metropolitana de Salvador), somando 10,50% em São Paulo.
INPC também cai
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de -0,60%, igualmente a menor taxa da série, neste caso iniciada em abril de 1979. Agora, soma 4,98% no ano e 10,12% em 12 meses. Os produtos alimentícios passaram de 0,78%, em junho, para 1,31%, enquanto os não alimentícios foram de 0,57% para -1,21%.
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