Quem compra um imóvel e paga com dinheiro vivo? A família Bolsonaro comprou 51
PACTU
Por Joel Guedes*
Entre o Pix, usado como propaganda eleitoral do atual presidente da República, e dinheiro vivo, a família Bolsonaro prefere pagar em “cash”. Pelo menos ao comprar imóveis. Dos 107 negociados desde 1990 por Jair Bolsonaro, sua mãe (morta em janeiro), os três filhos mais velhos, cinco irmãos, duas ex-esposas e até um cunhado, 51 deles foram pagos, total ou parcialmente, em dinheiro vivo. O período coincide com a vida pública de Bolsonaro. Os imóveis registrados em cartórios, com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, equivalem hoje a R$ 25,6 milhões. As negociações da família Bolsonaro parecem ter passado despercebidas pelos órgãos de controle como o Coaf, os cartórios e a Polícia Federal.
A família Bolsonaro é reincidente nessa prática. Por ocasião das investigações do caso “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o Ministério Público descobriu que o famoso assessor dos Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que chegou a ser preso na época, pagava as contas pessoais do presidente e de seus filhos sempre com dinheiro vivo. No início de 2019, Queiroz também pagou em espécie os R$ 133,6 mil gastos com sua internação e tratamento no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. São operações muito suspeitas, mas as investigações do MP-RJ foram suspensas por determinação de tribunais superiores.
Especialistas afirmam que pagar em dinheiro vivo não é crime. No entanto, alertam que negócios envolvendo tanto dinheiro, tudo em espécie, são no mínimo suspeitos. Essa é uma tática habitual entre as organizações criminosas para lavagem de dinheiro obtido por meios ilícitos. Até agora, Bolsonaro se limitou a chamar de “covardia” a divulgação dos valores, mas não revelou a origem da dinheirama. É mais um indício muito ruim sobre a forma de atuação de Bolsonaro, seus filhos, sua família e seus apoiadores no governo.
*Joel Guedes é jornalista e editor do jornal Pactu
Deixar comentário