Suspeitas de inconsistências de R$ 1 tri podem tirar Campos Neto do BC
PACTU
As suspeitas da Controladoria-Geral da União (CGU) de inconsistências de mais de R$ 1 trilhão no Banco Central em 2019 é uma arma que poderá ser usada contra o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Isso se ele insistir em manter em alta a taxa de juros, atualmente 13,75%. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o caso que está sendo apurado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) pode ser usado por aliados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Há expectativas, segundo o veículo, de que se Campos Neto fosse condenado pelo TCU, o Senado abriria um processo pedindo a cassação do mandato do atual presidente do BC. Um documento enviado ao Banco Central menciona dados da CGU, segundo os quais “foram identificadas R$ 1,08 trilhão de distorções nas demonstrações contábeis” do ano ano que corresponde ao primeiro do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que nomeou Campos Neto.
Ainda segundo o jornal, após suas diligências, auditores do TCU concluíram que “tais demonstrativos não refletem adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a situação patrimonial, o resultado financeiro e os fluxos de caixa do BC”.
Gestão Campos Neto nega inconsistências ao TCU
Os auditores do Banco Central, por sua vez, explicaram ao relator do processo, ministro Jonathan de Jesus, que não há nada de errado na contabilidade apresentada. E que os balanços dos anos posteriores foram aprovados sem ressalvas pelo próprio TCU.
Ao jornal, disseram tratar de “mera divergência de interpretação entre o BC e a CGU sobre a forma de divulgação das informações nas demonstrações financeiras, como a divulgação do fluxo de caixa em moeda local ou a segregação entre circulante e não circulante”.
BC resiste e mantém taxa de juros em 13,75%
O ministro herdou de Bruno Dantas, atual presidente do TCU, o processo das contas do BC. E já solicitou documentos e balanços, que já estão sendo auditados.
Para lideranças partidárias aliadas do governo, ministros do TCU e chefes no Planalto a estratégia não é infalível e há espaço para a defesa de Campos Neto. Presidido pelo presidente do BC, o Comitê de Política Monetária (Copom) que estabelece a taxa básica da economia resiste em diminuir a taxa. O argumento é o controle da inflação, que está em torno de 5%. Para o presidente Lula, Campos Neto joga contra os interesses do Brasil.
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