Rita Serrano resistiu, mas deixa comando da Caixa. Lula nomeia servidor de carreira
PACTU
Após meses de boatos, a saída da presidenta da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, foi confirmada nesta quarta-feira (25). Em nota divulgada pelo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se hoje com Rita Serrano “e agradeceu seu trabalho e dedicação no exercício do cargo”.
Conforme se especulava, Lula confirmou o nome do economista Carlos Antônio Vieira Fernandes, servidor de carreira da Caixa, para a presidência do banco. Ele teria sido indicação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pelo bloco conservador conhecido como Centrão. Fernandes já foi secretário-executivo do Ministério das Cidades durante o primeiro mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff. Há alguns meses se falava na mudança. Rita chegou a falar em tentativa de criar instabilidade, mas lembrou que a definição de cargos cabe ao presidente.
Missão cumprida
Funcionária da Caixa desde 1989 – desempenhou várias funções –, Rita Serrano estava no Conselho de Administração desde 2014. Presidiu o Sindicato dos Bancários do ABC e coordenou o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas.
“Serrano cumpriu na sua gestão uma missão importante de recuperação da gestão e cultura interna da Caixa Econômica Federal, com a valorização do corpo de funcionários e retomada do papel do banco em diversas políticas sociais, ao mesmo tempo aumentando sua eficiência e rentabilidade, ampliando os financiamentos para habitação, infraestrutura e agronegócio”, diz a nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. Em sua gestão, lembra ainda o governo, foram inauguradas 74 salas de atendimento para prefeitos em todo o país, um compromisso de campanha.
“Substituição é ruim”
A mudança foi criticada por sindicalistas do setor bancários, como a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “As mulheres foram responsáveis por aproximadamente 60% dos votos de Lula nas últimas eleições. É ruim a substituição de uma mulher por um homem na presidência da Caixa”, afirmou. “Não vamos aceitar que a política do governo passado seja implementada na empresa, como o desmonte da empresa e da sua função de banco público. Nem retrocessos na política da gestão de pessoas”, acrescentou.
Já a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, também mostrou preocupação. “Após as drásticas gestões do banco durante o governo anterior, que implementou uma política de assédio moral e sexual contra empregadas e empregados, Rita vinha tentando mudar e melhorar o cenário. Tínhamos nossas críticas, mas a gestão era aberta ao diálogo. Em uma instituição tão grande e importante como a Caixa, as mudanças demoram a acontecer. Infelizmente ocorreu a substituição quando as mudanças estavam em andamento”, lamentou Fabiana.
“Não posso deixar de lamentar a substituição de uma mulher, funcionária de carreira, por um homem na presidência da Caixa. Perdemos um espaço de protagonismo feminino. Não iremos aceitar que a troca da presidência resulte em prejuízos aos direitos dos empregados”, alertou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro.
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