A economia é instrumento de dominação

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A economia é instrumento de dominação
Curso “Economia para Transformação Social” debateu as principais fases do capitalismo com o professor livre-docente Pedro Rossi

A Secretaria de Formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) realizou nesta quarta e quinta-feira, dias 13 e 14, o primeiro módulo do Curso Economia para Transformação Social. O programa, apresentado presencialmente na sede da entidade, em São Paulo, foi dirigido a dirigentes sindicais bancários e de outras entidades filiadas à CUT, como também a suas assessorias.

As atividades foram ministradas pela professora-doutora Juliane Furno e pelo professor livre-docente Pedro Rossi, autores do livro também intitulado Economia para Transformação Social, publicado pela Fundação Perseu Abramo, que também cedeu os exemplares para os participantes do curso da Contraf-CUT.

O conteúdo deste primeiro módulo foi dividido em dois dias. Na quarta-feira (13), as atividades, ministradas pela professora Juliane, incluíram tópicos como dinheiro e organização social; Marx e Keynes no pensamento econômico; neoliberalismo; e desenvolvimento, subdesenvolvimento e dependência. Leia detalhes da participação da professora Juliane.

Nesta quinta-feira (14), com o professor Pedro Rossi, os temas estudados foram transformações no capitalismo global e o mundo pós-pandemia; o fim da ordem liberal, a crise de 1929 e o New Deal; o pós-guerra e os estados de bem-estar social; a economia internacional na era da globalização; e crise de 2008, pandemia e transformações na ordem internacional.

Participantes se reúnem, ao final do curso, com exemplares do livro “Economia para Transformação Social”

No segundo dia do primeiro módulo, o economista Pedro Rossi reforçou que “Economia é também autoconhecimento, e entendê-la é entender o mundo que nos cerca”. Para ele, “assim, é possível ter instrumentos para transformá-lo”.

O professor, que também é pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon), alertou que a economia vem sendo usada, ao longo da história e até os dias de hoje, como instrumento de dominação ideológica. Além de ser apresentada com uma linguagem muito utilitarista, técnica e “como se não tivesse relação com a vida das pessoas e com as classes sociais”, a economia é disseminada de forma a naturalizar e legitimar as injustiças dos sistemas sociais.

Segundo o pesquisador, “para apontar as injustiças desse sistema, ter instrumentos para enfrentar o discurso econômico hegemônico, temos que nos apropriar de conhecimento”. Conforme ele pontuou, essa foi a razão principal para a criação, dentro da Perseu Abramo, do curso, que mais tarde levou à criação do livro “Economia para transformação social: pequeno manual para mudar o mundo”.

“Queremos trazer os temas econômicos para transformar a realidade por meio deste ‘pequeno manual para mudar o mundo’. Se a gente mudar a compreensão de uma pessoa, já teremos contribuímos para o processo de transformação social”, completou.
 

O curso

Com esse denso conteúdo, o curso busca apresentar, de forma panorâmica e acessível, os principais elementos, ferramentas e discussões necessárias para a compreensão da economia. A professora Juliane, ao se referir à relevância desse conhecimento para o dirigente sindical, resume que “quem melhor entende a realidade, melhor consegue pensar em uma tática adequada para se posicionar e ter vitórias; por isso, estudar, e estudar coletivamente, é fundamental”.

Para o secretário de Formação da Contraf-CUT, Rafael Zanon, “o curso faz parte do programa nacional de dirigentes do ramo financeiro, com conteúdo e análises que permitam uma melhor compreensão dos diretores das entidades sindicais sobre a história do pensamento econômico, os embates e debates de ideias no passado e no presente”. Zanon afirma que, “com isso, o programa amplia a capacidade do dirigente para fazer análises de conjuntura e para prever cenários econômicos, preparando-os para uma intervenção qualificada na sociedade, ajudando na construção do fortalecimento das lutas pelos interesses da classe trabalhadora”.

Os professores

Juliane Furno, cientista social, economista, doutora em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi assessora sindical da CUT. Recém-concursada para professora do Departamento de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), é assessora da diretoria do BNDES.

Pedro Rossi, professor livre-docente do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon), foi pesquisador visitante da Unctad/ONU (Genebra), professor visitante da Fudan University (Shanghai) e pesquisador visitante na University College London.

Outros módulos

O Curso Economia para Transformação Social terá ainda outros três módulos. Confira a seguir a agenda e o programa de cada um.
 

Módulo 2 (remoto)

Dia 2 de abril, das 19h às 22h, pela plataforma Zoom.

– Mitos econômicos e o debate brasileiro

– Mitologia fiscal e a retórica da austeridade
 

Módulo 3 (remoto)

Dia 23 de abril, das 19h às 22h, pela plataforma Zoom.

– Excesso de gastos e o país quebrado

– Os mitos sobre a inflação

– O mito da meritocracia
 

Módulo 4 (presencial)

Em São Paulo, local a confirmar.
 

Dia 15 de maio de 2024, das 10h às 17h.

– Subdesenvolvimento, neoliberalismo e transformação social no brasil

– Subdesenvolvimento, industrialização e neoliberalismo

Dia 16 de maio de 2024, das 9h às 16h.

– Crescimento e distribuição nos governos Lula e Dilma

– Ascensão e fracasso da estratégia neoliberal

– Agenda econômica para a transformação social

Fonte: Contraf-CUT

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