BB: Os ganhos e os desafios da atenção à saúde na Cassi
PACTU
Confira entrevista com o diretor eleito de Saúde e Rede de Atendimento, William Mendes de Oliveira
A ampliação do número de participantes cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF) está entre as prioridades da Cassi, segundo o diretor eleito de Saúde e Rede de Atendimento, William Mendes de Oliveira. Em entrevista ao Jornal Cassi, ele diz que os assistidos vinculados à ESF apresentam uma despesa per capita até 30% menor com o atendimento na rede credenciada, quando comparado aos beneficiários não cadastrados. Os números são resultado de estudo realizado pela Diretoria de Saúde, que analisou participantes por grau de complexidade. William anuncia ainda a criação da rede referenciada e as novidades do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) dos funcionários do Banco do Brasil. Confira:
CASSI: Com a aprovação do Memorando de Entendimentos e considerando o contexto atual da Cassi, com a chegada da consultoria, quais as próximas ações da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento?
William: O objetivo é ampliar de forma gradativa o modelo de saúde da Cassi, elevando o número de cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF), que hoje totaliza 182 mil beneficiários. Estudamos a estrutura própria da Cassi, isto é, as 27 Unidades e as 65 CliniCASSI, e sabemos onde é possível um crescimento mais rápido. O objetivo é dotar esses espaços de mais recursos humanos, com equipes nucleares de família e médicos de pronto atendimento. Isso pode nos dar capacidade de gerir melhor o uso da rede credenciada, onde se concentra a despesa assistencial.
Realizamos, por ano, nas CliniCASSI, mais de 1 milhão de atendimentos, sendo mais de 500 mil consultas. O número de inscritos na ESF vinha em declínio desde 2013. Na metade de 2014, tínhamos cerca de 155 mil cadastrados. Com a mesma estrutura, pedimos um esforço às nossas equipes e demos um salto para 182 mil vidas. Crescemos no que foi possível em relação à capacidade instalada.
CASSI: Qual será o foco do trabalho das CliniCASSI neste ano?
William: Nossa intenção é ampliar as equipes nucleares de família. A proposta é focar em algumas Unidades com condições de aumentar o atendimento como, por exemplo, a CliniCASSI Maceió. Este serviço próprio é bastante procurado e dispõe de excelente estrutura. Assim também, onde enfrentarmos dificuldade de atendimento primário na rede credenciada, entendo que poderíamos aumentar a dotação do quadro de médicos nas CliniCASSI para cobrir essa carência. No ambiente desses serviços, por dispormos de uma estrutura fixa com custos já pagos, temos condições de acolher com mais qualidade e mais humanidade aqueles participantes que nem sempre recebem a devida atenção na rede credenciada.
CASSI: Quais ações deverão ser implementadas em 2017?
William: A Cassi mantém um convênio importante com o Banco, que é o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Por meio dele, são realizados anualmente mais de 100 mil Exames Periódicos de Saúde (EPS), incluindo o check-up dos primeiros gestores. Em 2014, após a gestão do PCMSO passar a ser feita na Cassi por meio da Diretoria de Saúde e Rede de Atendimento, ocorreram avanços importantes no trabalho conjunto com o Banco do Brasil, através da Dipes/Dibem.
Praticamente não usávamos a devolutiva dos resultados do EPS nos planejamentos de ações de saúde dos estados, porque levava um ano para a consolidação e a análise dos resultados. Hoje, com as melhorias implantadas, o processo ficou mais rápido e as Unidades CASSI têm resultados parciais à medida que os exames são digitalizados.
Em 2016 visitamos as 27 superintendências do Banco e as Gepes reforçando as parcerias de saúde. Combinamos ações voltadas aos 100 mil trabalhadores da ativa do Banco, buscando ampliar o conhecimento sobre a Cassi. Isso para que eles saibam que somos a operadora de saúde dos bancários, que faz Atenção Primária à Saúde (APS), priorizando a promoção da saúde e a prevenção de doenças.
Organizamos, no mês de março, uma agenda com abertura formal do EPS/check-up 2017 (Cassi e BB/Dipes/Dibem), já com a devolutiva dos resultados do ano anterior. A tarefa ficou a cargo dos representantes das 27 Unidades Cassi, das Superintendências, Gepes e Sesmt. Conhecemos o mapa da população assistida, os problemas de saúde prevalentes e o potencial de direcionamento para a ESF. Essa parceria pela saúde ocupacional traz boas perspectivas de atuação para o ano de trabalho da CAssi e do Banco do Brasil.
CASSI: Como a ESF pode contribuir para um melhor controle dos custos de saúde na Cassi?
William: Por meio do Sistema Operacional Cassi (SOC), passamos os dois últimos anos analisando o comportamento da despesa assistencial da população assistida. Avaliamos a população cadastrada e vinculada à ESF e a não cadastrada, e começamos a fazer comparativos dos gastos realizados na rede credenciada de cada grupo. Para tanto, usamos um método científico e, em linhas gerais, chegamos à conclusão que a diferença de gasto per capita é 30% menor quando comparamos os pacientes com característica de maior volume de utilização na rede (e vinculados à ESF) com aqueles que não recebem assistência da Estratégia.
CASSI: Há indicadores mostrando que a ESF consegue melhorar a qualidade de vida dos participantes acompanhados?
William: Sim, os índices de cuidado na ESF são bem melhores em comparação com alguns dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), especialmente em relação aos pacientes com doenças crônicas que são acompanhados pela Estratégia. Quem está na ESF e adere à proposta de cuidado tem melhor controle de colesterol, de hipertensão, de diabetes, por exemplo.
Estamos fazendo acompanhamento para que não cresça o número de crônicos como ocorre no mundo. Se identificarmos essas doenças no início e fizermos acompanhamento dos hábitos de vida de quem tem sobrepeso, obesidade, de quem é sedentário ou está com o estresse no limite, é possível influenciar na mudança de comportamento e evitar o aumento da incidência de pacientes crônicos. Vale lembrar que um crônico não cuidado compromete sua qualidade de vida, além das finanças do plano de saúde, devido às repetidas e demoradas internações hospitalares.
CASSI: Quais as ações da Cassi para a população idosa e para a assistência domiciliar?
William: A Cassi tem uma população acima de 60 anos que continua crescendo e que representou 20% do total de participantes em 2016. Acompanhamos os idosos com programas como o Plena Idade, o Gerenciamento de Crônicos e também o de Atenção Domiciliar (PAD), com foco na desinternação. Há participantes de todas as faixas etárias com internação longa e é possível pensarmos em alternativas de atendimento fora de hospitais. Além de ser mais humano, a despesa é melhor gerenciada do que quando o beneficiário fica dentro de grandes centros hospitalares.
A proposta é ampliar o PAD já em 2017, fazendo a gestão nas Unidades Cassi. Se contarmos com equipes para fazer acompanhamento hospitalar, podemos avaliar e fazer a desospitalização, resultando em custo menor e uma melhor forma de cuidar. Há dois tipos de internação domiciliar: um com referência de diagnóstico e proposta de tratamento da Cassi e outro que é fruto de judicialização. Nessa parcela da judicialização são gastos milhões de reais com internação domiciliar para acompanhamento de idoso ou de paciente crônico, por determinação judicial. Se pudermos atuar no que não está judicializado ou até mesmo desfazer a judicialização, conseguiremos resultados importantes tanto na área assistencial quanto nos recursos financeiros gastos.
CASSI: Que outras ações estão previstas, pensando nos demais públicos atendidos?
William: O principal foco é ampliação dos programas já existentes. Há pessoas que perguntam por que existem as CliniCASSI. É importante que saibam que esses espaços de atendimento próprios da Casi dispõem de uma ou mais equipes de ESF, além do pronto atendimento. São organizadores dos serviços na região onde estão instalados, contemplando 1,2 mil pessoas cadastradas em cada equipe nuclear (médico e técnico de enfermagem), que são acompanhadas de acordo com suas condições de saúde. As CliniCASSI têm média de 10 atendimentos por médico ao dia e as equipes multidisciplinares atendem de 11 a 14 pacientes diariamente. Assim, a pessoa pode ter como referência as CliniCASSI antes de usar a rede credenciada.
A estrutura pesada de tecnologia e de hospital (pronto atendimento, emergência, cirurgias complexas e atendimento a vítimas de acidentes graves) sempre será necessária. Mas num modelo como o da Caixa de Assistência, cerca de 70% a 80% das demandas podem ser resolvidas pela Atenção Primária, isto é, no ambiente das CliniCASSI. Então, para que usar quase R$ 1,5 bilhão na rede credenciada, só de exames e consultas, se pudermos gastar, por exemplo, R$ 1 bilhão?
A Atenção Primária para os 400 mil participantes do Plano de Associados e para os 290 mil do Cassi Família seria o ideal. O fato é que o Cassi Família ainda tem a solução do reajuste atuarial por sinistralidade. O Plano de Associados, além de não ter essa possibilidade, apresenta receita fixa e estatutária. Por isso a solução para equalização das contas e sustentabilidade também passa pela Atenção Primária e acompanhamento dos crônicos.
Como novidade, teremos dois pilotos de rede referenciada em 2017. Em grandes linhas, o médico da CliniCASSI indica, quando necessário, consultas e exames a serem realizados com especialistas dentro da rede credenciada. Com os resultados em mãos, o participante volta à Cassi, que passa a coordenar o cuidado com a ajuda dos profissionais de dentro e de fora das CliniCASSI (Rede Referenciada), encontrando orientação séria e comprometida para solução de seus problemas de saúde. A governança da CAssi já autorizou o piloto para o referenciamento e, no momento, estamos escolhendo as áreas onde faremos essa nova lógica assistencial.
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