Camargo Correa e Odebrecht ameaçam na TV demitir trabalhadores e usinas viram campo de guerra
Tentativa de acabar com a greve por imposição não funcionou
Escrito por: Luiz Carvalho, de Rondônia
Trabalhadores improvisam barricada para cobrar diálogo com Camargo Correa
Na noite dessa quarta-feira (28), a Camargo Correa, representante do consórcio responsável pela construção da usina de Jirau, e a Odebrecht, à frente da hidrelétrica de Santo Antônio, ambas em Rondônia, divulgaram um comunicado nas emissoras de TV ameaçando com demissão todos os operários que não retornassem às suas atividades.
A ideia era apostar na divisão dos trabalhadores para o fim da paralisação. Porém, o que se viu foi a transformação de um movimento pacífico em uma mobilização prestes a explodir. No final, não houve volta ao trabalho em nenhum dos casos.
Em Jirau, já são 20 dias de uma greve que começou no dia 9 de março pelos 1.500 trabalhadores da terceirizada Enesa Engenharia, em protesto contra precárias condições no alojamento, e se estendeu a todo canteiro. Já em Santo Antônio a definição do movimento paredista ocorreu no último dia 26.
A categoria, cuja data-base é em maio, quer 30% de aumento salarial, pagamento de 100% de todas as horas extras, baixada de 10 dias a cada 70 trabalhados, entre outros pontos. A empresa oferece 5% de aumento antecipado e pagamento dos dias parados para o retorno ao trabalho, proposta que foi recusada pela base em assembleia.
Na primeira obra, um grupo de 400 trabalhadores fechou o acesso principal ao canteiro durante toda a manhã, sob os olhares atentos de policiais da Companhia de Operações Especiais do Estado (COE) e da Força Nacional. Porém, o caso mais grave ocorreu em Santo Antônio, onde o clima tenso imperou e acabou com o confronto entre um grupo de trabalhadores e policiais. Com isso, todos os foram dispensados novamente sem prazo para o retorno.
A arte da truculência
Por volta das 6h, representantes da CUT, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e da Madeira (Conticom) e do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero), que tentam negociar com os consórcios, chegaram a Jirau e viram um cenário de caça às bruxas.
Enquanto um grupo com cerca de 400 pessoas se deslocava do refeitório rumo à entrada da hidrelétrica para protestar contra a falta de diálogo, agentes da Força Nacional e da COE aguardavam com armas em punho e preparados para o combate no acesso principal ao canteiro.
Certamente, os trabalhadores superaram as expectativas da Camargo Correa, primeiro por reagirem à pressão da empresa e, segundo, por não danificarem o patrimônio, deixando claro que a barricada montada era apenas para exigir melhores condições de trabalho.
Luiz Carvalho
Donizete, vice-presidente do Sticcero, negocia com os trabalhadores
Também pela atuação rápida do Sticcero, representado pelo seu vice-presidente, Altair Donizete.
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