Contraf-CUT participa de 18ª Conferência Internacional de Direitos Humanos e Civis
PACTU
Termina, nesta sexta-feira (26), a 18ª Conferência Internacional de Direitos Humanos e Civis, em Minneapolis, Minnesota, EUA. Realizada pela Confederação de Trabalhadores Unity and Strenght foUR Workers – USW, que representa trabalhadores dos Estados Unidos e Canadá, o evento levanta debates sobre o combate ao racismo desde Martin Luther King.
O tema deste ano “Não nos impeça agora! Caminhemos juntos” vai além do combate ao racismo e aborda também o preconceito contra as mulheres, LGBTQ+ e a situação dos imigrantes no país.
No total, 580 delegados e delegadas participaram do evento, incluindo delegações internacionais, como: dirigentes do Reino Unido; e do Brasil, representados por Almir Aguiar, Secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro e Rosane Fernandes, Secretária Adjunta da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo da CUT-Brasil.
“Para o Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, a realidade de uma parcela da população americana, não difere da população negra brasileira: discriminação, salários menores que os brancos, e, principalmente, a violência policial, que persegue e mata pessoas, pela cor de sua pele. Mas, os debates deixaram claro que os trabalhadores estão organizados pelos direitos sociais, com políticas de negociações e enfrentamentos”, disse.
Durante o evento, também foi realizada uma passeata com todos os participantes até a prefeitura Minneapolis para denunciar os abusos contra a população negra.
Representação Importante
A Conferência contou com a participação de Keith Maurice, que foi deputado e atualmente é o Procurador Geral do Estado de Minnesota, nos EUA. Keith criticou o Partido Democrata e atribuiu o insucesso nas eleições ao afastamento das bases e por terem se aproximado somente no ano eleitoral. Ele destacou também que quem mais fez pelos Direitos Humanos não foi o governo e nenhum bilionário americano, mas, as lutas dos sindicatos e dos trabalhadores por melhores acordos. Ele também citou como exemplo a situação dos refugiados Somálios, que trabalham na Amazon e que lutaram e levaram a empresa para a mesa de negociação.
O Governador de Minnesota, Tim Walz, também participou da conferência e destacou a importância dessa realização. O parlamentar disse que é fundamental a luta por direitos sociais e alertou que muitas pessoas saem para trabalhar pela manhã e no final do dia não sabe se têm seus empregos.
A procuradora, Marilyn Mosby, da cidade de Baltimore, indiciou em 2015, seis policiais pela morte do jovem negro chamado Freddie Gray. Ela comentou que o número de presos negros nos Estados Unidos é maior do que presos brancos e 30% dos jovens negros americanos vivem abaixo da linha da pobreza.
Participação Brasileira
O secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT participou do Workshop “Fighting for Worker – Rights in the Global Economy”. Em sua apresentação, afirmou que o Brasil tem um histórico de discriminação, que reflete no trabalho e na vida social, fruto de um período escravocrata que se reflete até os dias atuais.
Almir relatou ainda a luta histórica do movimento sindical bancário por igualdade e oportunidades, que iniciou em 2000 com a realização de uma pesquisa com foco em gênero e raça, junto com Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A partir daí muitos avanços foram possíveis. Porém, de acordo com o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, a realidade ainda é cruel. “São poucos negros na categoria, são poucos em cargos de comando, quase nenhum em cargo de direção, as mulheres, em especial as mulheres negras são discriminadas e a cor da pele é um empecilho para ascensão profissional. Hoje, estamos discutindo o terceiro Censo da Diversidade, num outro formato. Criamos o agente da diversidade, que estará em cada agência e departamento nos bancos para fazer o debate contra o preconceito e a discriminação”, explicou.
Rosana Fernandes, destacou que este ano tem sido um ano de luta e resistência. “O Brasil teve a mais longa e numerosa escravidão do mundo. Foi o último país a botar fim a esse regime e instituiu há exatos 130 anos a Lei Áurea, que em tese acabou com a escravidão. O racismo é o projeto político e ideológico que congela mulheres e homens negros na base da pirâmide social brasileira e que ao fim os levam para a morte física ou simbólica, o que o movimento negro nacional caracteriza como um projeto genocida”, disse.
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