Bancário: esgotamento no trabalho? Falta de energia para ver os amigos? Procure ajuda médica!
PACTU
Você se sente esgotado para exercer seu trabalho, se relacionar com família e amigos? Você sabe a hora de procurar auxílio profissional? Sabe qual médico procurar? A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (FETEC-CUT-PR) procurou profissionais que tratam de saúde emocional para esclarecer aos trabalhadores quais os sintomas e o momento de procurar ajuda.
Depressão. Fobia. Pânico. Remédios. Problemas familiares. Ansiedade. Estresse. Tristeza. Insônia. Falta de concentração. Fadiga. Falta de apetite. Diminuição da auto-estima. Falta de humor. Ideias suicidas.
Os trabalhadores bancários são campeões de consumo de anti-depressivos. De acordo com pesquisa realizada em 2018 com 4.782 bancários no Paraná, 19,9% declararam tomar medicação controlada.
De acordo com o secretário de saúde da Federação dos Bancários (FETEC-CUT-PR), Ademir Vidolin, quem será fortemente impactado com as doenças psíquicas são os jovens, pois trata-se de um novo perfil geracional de trabalhador bancário que é jovem, altamente qualificado e conectado, individualista, competitivo. Este trabalhador é moldado pelo empregador através da captura de sua subjetividade, fazendo-o pensar que o mais importante é a alta produtividade e o atingimento de metas sem questionamentos e a qualquer custo, com o respectivo reconhecimento do banco através do pagamento de premiações, e o incentivo ao consumismo.
“O preconceito e a vergonha da própria pessoa em admitir que está doente, o medo de mostrar fragilidade, o estresse do dia a dia que agrava cada vez mais estas angústias, tornam a depressão uma epidemia muito grave e em escala global, e será em breve a maior causa de afastamentos do trabalho no mundo”, explica Ademir.
Se você, trabalhador, passa por sofrimento emocional, você pode ser acolhido e ressignificar sua vida profissional e pessoal. E o primeiro passo é reconhecer um processo de esgotamento, de falta de vitalidade, de energia. Seja para trabalhar, para a convivência familiar ou para encontro com amigos.
“O trabalhador precisa de auxílio médico quando ele começa a sentir que está incapacitado para o trabalho. Como quando ele começa a sentir que não tem mais condições, não tem mais energia vital para as atividades cotidianas dele. Quando ele começa a perceber que já não faz mais parte de uma rede de relacionamentos, ele se fecha demasiadamente em si e que ele então começa a perceber que a experiência de vida dele está alicerçada em sofrimento”, explica o psicólogo clínico Danilo Balzon.
A principal doença emocional reflexo das condições de trabalho, de acordo com Balzon, é a síndrome de Burnout e ela está atrelada à depressão. “A Síndrome de Burnout é um esgotamento profissional, esgotamento total da energia da pessoa. Ela está muito ligada à depressão. Quem desencadeia a síndrome de Burnout acaba desencadeando depressão, é algo similar. O sujeito com depressão acaba tendo uma diminuição bastante acentuada da sua energia, do seu desejo por fazer coisas. Desejo por trabalhar, desejo por estar com um grupo de amigos, desejo por estar com a família. Então, a síndrome de Burnout, que é o esgotamento profissional, que é essa falta de desejo total de estar no âmbito do trabalho, de estar no âmbito das relações é uma enfermidade com maior ocorrência entre os trabalhadores”, explica Balzon.
O caminho da ajuda
Se você sente o esgotamento profissional e a falta de energia para família e amigos, você pode procurar um clínico geral para fazer a avaliação do encaminhamento médico adequado, que pode ser com um psicólogo, um psiquiatra ou até mesmo um endocrinologista. “Um psicólogo pode oferecer uma ajuda bastante importante para o paciente que está passando por algum tipo de sofrimento”, afirma Danilo. Já o endocrinologista, explica, pode verificar se a origem é hormonal e o psiquiatra avaliará a necessidade de medicação.
De acordo com a assistente social Juliana Moraes, que atende os trabalhadores no Sindicato dos Bancários de Curitiba, irritação constante, dificuldade de concentração, mau humor ou desânimo persistente, aperto no peito, angústia ou tristeza são os primeiros sinais para identificar que a saúde emocional do trabalhador não está bem. “Se você sente-se inferior ou incapaz, com falta ou excesso de sono, come por ansiedade ou tem falta de apetite, se perdeu o interesse pelas coisas da vida, tem falta de perspectiva de futuro, pensamentos insistentes de morte, procure ajuda”, reforça a profissional.
Pesquisa bancária
Em pesquisa realizada em 2018 pelos sindicatos de bancários com os trabalhadores da categoria no Paraná, somente 25,9% declararam não ter problemas de saúde relacionados a cobrança elevada de metas.
Entre os bancários que declararam sofrer com algum problema de saúde, 39,3% associaram a problemas psicológicos. Outros 19% declararam apresentar episódios de insônia e, ainda 9,9% associaram a cobrança de metas a problemas familiares.
Outro dado alarmante da consulta, realizada para subsidiar a Campanha Nacional dos Bancários 2018, é que 19,9% desses trabalhadores que responderam a pesquisa declararam que tomam medicação controlada. A pesquisa foi respondida por 4.782 bancários no Estado do Paraná.
Setembro Amarelo
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) organizam nacionalmente a campanha Setembro Amarelo de prevenção ao suicídio desde 2014. A campanha é de conscientização a buscar a oferecer ajuda e visibilizar o número de telefone 188, que atende pessoas com ideias suicidas. A prevenção e a ajuda salvam vidas.
O Sindicato está preparado para te atender
As secretarias de saúde dos sindicatos atuam junto aos trabalhadores com atendimento que se estende para orientações sobre perícia, adiantamento de salário para inaptos, forma de devolução de valor após o recebimento do benefício, suspensão de pagamento de VA. Serviços de suporte para bancários para a área de saúde. Procure seu sindicato!
Bancário, você já passou por isso?
A FETEC-CUT-PR transcreve abaixo trechos de alguns dos depoimentos de ex-funcionários do HSBC e seus familiares para o projeto “Vítimas do HSBC“, produzido pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e região e pelo Instituto Declatra no ano de 2015.
“Depressão, síndrome do pânico, uma angústia que está dentro de você que você não consegue explicar. Não consigo mais lembrar coisas que acabei de fazer. Infelizmente refletiu bastante”.
“Pra mim e pra minha filha foi muito difícil de resolver e isso foi pra mim um dos piores dias da minha vida, de ter que tirar a minha esposa da cama porque ela estava insegura de descer da cama, porque ela achava que ia cair. Mas o cair dela não era cair da cama, é como se ela fosse cair de um precipício”.
“Eu não tive mais minha vida particular, eu trabalhava praticamente 24 horas. Quando eles te chamavam você abandonava tua família, abandonava o que você estava fazendo para atender eles. Você não tinha uma vida pessoal, você não tinha uma vida”.
“O processo de ir trabalhar era um processo doloroso pra mim, eu chegava e muitas vezes eu ia dar volta na quadra. Uma, duas, três. Até eu me acalmar, até eu parar de chorar às vezes. Eu comecei a me sentir mal, eu comecei a ter muita tontura, muita dor de cabeça. Eu tinha medo das pessoas, parecia que ia acontecer alguma coisa. Eu pensava muito em morte. Eu tinha muito medo de morrer, medo que alguém morresse. Todos os pensamentos negativos era todo dia”.
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