Contraf-CUT participa do Fórum Internacional de Negociação sobre digitalização
PACTU
A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) participou no dia 4 de novembro do Fórum Internacional de Negociação sobre digitalização. Dirigentes sindicais de todo o mundo debateram sobre as mudanças que a digitalização está causando na forma e nos ambientes de trabalho, com o objetivo de compartilhar boas práticas de negociação em torno da digitalização e entender como os sindicatos e os contratos por eles negociados se adaptam à era da digitalização.
“A tecnologia está sendo utilizada de forma errada. Ao invés de auxiliar o trabalhador na execução de suas tarefas, ela está sendo usada para substituir a mão de obra, para enfraquecer os direitos fundamentais do trabalho, em prejuízo das relações trabalhistas existentes”, disse a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira.
Em 2018, o Congresso da UNI Global Union já havia refletido sobre o assunto e deliberado que as organizações de trabalhadores iriam lutar para que o desenvolvimento tecnológico e digital apoiasse e não substituísse o trabalho humano e para que todos os trabalhadores, em todas as formas de trabalho, possam gozar de direitos sindicais, trabalhistas e sociais fundamentais.
“O que precisamos é de um foco em digitalização e automação centrado em pessoas e que seja sustentável”, defendeu o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Roberto von der Osten. “Portanto, temos que configurar o impacto da digitalização de maneira justa e equitativa, de maneira que beneficie os trabalhadores e garanta seus direitos no novo mundo do trabalho. Essa é uma prioridade essencial para todos nossos sindicatos”, completou von der Osten.
“O caminho é através de sindicatos fortes, que tenham condições de negociar em defesa dos empregos e dos postos de trabalho. Os trabalhadores precisam ser capacitados para enfrentar os desafios que vêm junto com essas novas tecnologias da inteligência artificial”, disse a presidenta mundial da UNI Finanças, Rita Berlofa.
“E sindicato forte só é possível com trabalhadores sindicalizados. São eles que dão força ao sindicato para negociar e evitar a perda dos seus direitos, que estão sendo ameaçados não só pela tecnologia, mas também por essa onda conservadora que cresce em todos os países e que, no Brasil, ameaça e tem retirado direito dos trabalhadores”, completou a presidenta da UNI Finanças.
O Fórum também debateu sobre a qualidade dos empregos em uma futura vida profissional digitalizada. “Ninguém deve ficar para trás na transição digital e a ferramenta ideal para conseguir isso é a negociação coletiva, que pode mitigar as consequências negativas da digitalização e regular o uso de novas tecnologias para melhorar a qualidade do trabalho”, observou Juvandia.
A “Declaração do Centenário da OIT para o futuro do trabalho”, adotada pela Conferência Internacional do Trabalho em junho deste ano, apela à adoção de medidas justas de transição para proteger e apoiar os meios de subsistência em transformação acelerada do trabalho no campo digital. Negociação coletiva, diálogo entre sindicatos, empregadores e governos também se destacam, além de privacidade de dados, educação e treinamento.
Os debates no Fórum da UNI “Negociação no campo da digitalização” incluíram também temas como reestruturação, programação, monitoramento e vigilância, treinamento e reciclagem, gerenciamento de dados e uso de Inteligência Artificial (IA).
A partir dos debates realizados no fórum, a UNI Global Union reforçou a importância estratégica que é importante a atuação sindical para que o Mundo do Trabalho seja transparente e ofereça oportunidades para os trabalhadores.
Após o encerramento do Fórum, nos dias 5 e 6 de novembro, ocorreu a 23ª reunião do Comitê Executivo da UNI Global Union, que também contou com a participação dos representantes da Contraf-CUT.
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