Estatais serão imprescindíveis para a retomada da economia, dizem especialistas
PACTU
As empresas estatais serão fundamentais para a retomada da economia do país após a pandemia da Covid-19. Esta é a opinião de Sérgio Takemoto, presidente da Fenae; Ricardo Berzoini, ex-ministro da Previdência e José Maria Rangel, coordenador geral da FUP (Federação única dos Petroleiros). Os três participaram, nesta quinta-feira (14), do debate virtual O papel das Estatais para superar a crise, realizado pela Veredas Inteligência Estratégica.
Na quarta-feira (13), o Governo anunciou uma piora na expectativa no desempenho da economia para este ano. Em março, a estimativa para o PIB (Produto Interno Bruto) era de 0,2%; agora, caiu para – 4,7%. Para o ex-ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, a previsão é de queda de até 12%.
Berzoini defende que as estatais devem funcionar plenamente para garantir às pessoas e à economia uma atuação que vá na contramão da recessão. “Ou os bancos públicos reduzem drasticamente a taxa de juros ou teremos problemas com Pessoas Físicas e Pessoas Jurídicas que vão quebrar por conta da insensibilidade da direção desses bancos”, opinou. “Enquanto houver o pavor do vírus, as pessoas não vão voltar a consumir normalmente”, avalia. Berzoini também defende a tributação das grandes fortunas, heranças e dividendos para retomar a atividade econômica.
A crise confirmou a importância da Caixa como banco 100% público para garantir que o auxílio emergencial alcance a população. Esta é a avaliação de Takemoto. Só o cadastro do programa Bolsa Família garantiu que 20 milhões de famílias recebessem o benefício, sem contar o Cadastro único. Mas o presidente da Fenae demonstrou preocupação com o enfraquecimento do papel social da Caixa.
Programas sociais recebem cada vez menos investimentos. Ele lembrou que o Minha Casa, Minha Vida, criado em 2009, investia uma média de R$ 11 bilhões por ano até 2016. Em 2019, o valor caiu para R$ 4,6 bilhões. Para este ano, a previsão é de apenas R$ 2,7 bilhões. “Isso demonstra o enfraquecimento que a Caixa tem passado”, alertou. Ele acredita que as medidas do Governo durante a pandemia estão penalizando os trabalhadores. “Todas as medidas que este governo tem adotado são no sentido de jogar nas costas dos trabalhadores a responsabilidade pela crise. É muito preocupante. Tudo que ele faz é na contramão do que os países que estão saindo da crise vêm fazendo”.
Para José Maria Rangel, desde o fim dos governos populares o país passa por um processo de total ausência do Estado. A ideologia que predomina no país, segundo Rangel, é a de que o mercado regula tudo. Durante a crise de 2008 as empresas estatais como Caixa, Banco do Brasil, BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) e Petrobras tiveram papel predominante para encarar a crise e continuar gerando emprego e renda. A Petrobras aumentou seus investimentos em torno de 48%. A Caixa subiu para 33% as suas operações de crédito e a Eletrobras aumentou 23% dos seus investimentos.
Para o coordenador da FUP, a Petrobras deveria ter um papel mais altivo para ajudar o país. Ele lembra que a redução nos investimentos da estatal teve um impacto devastador na economia. “Ela deixou de ser empresa que tem foco no desenvolvimento social para ter como foco, única e exclusivamente, a rentabilidade aos seus acionistas”. Segundo Rangel, a Petrobras já foi responsável por 13% do PIB do Brasil. Ela investia R$ 300,00 milhões por dia. A cada R$ 1 bilhão que ela investe, há um retorno de R$ 1.200 bilhão. “A Petrobras talvez seja uma das poucas empresas que tem capacidade de voltar a fazer a roda da economia girar”, concluiu.
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