Com FGTS rendendo mais que outras aplicações, vale a pena fazer o saque?

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Com FGTS rendendo mais que outras aplicações, vale a pena fazer o saque?
O trabalhador perde com menores rendimentos e perde também em benefícios como saneamento e habitação, financiados com os recursos do Fundo de Garantia

Cerca de 60 milhões de trabalhadores com saldo em contas ativas ou inativas poderão receber o pagamento do Saque Emergencial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que começou a ser liberado a partir desta segunda-feira (29). 

Neste momento de crise, o recurso é um alívio. Mas para quem não irá pagar dívidas é importante saber se vale a pena fazer o saque ou alguma aplicação financeira. Com rendimento de T.R. + 3% ao ano somado à distribuição de lucros, o Fundo de Garantia rende mais do que aplicações que têm como guia a taxa básica de juros (Selic). Em junho, a Selic atingiu 2,25%, o menor valor da história. Onde T.R. é a Taxa Referencial.

Para trabalhadores que não estão com contas pendentes, o FGTS pode ser um bom investimento a longo prazo. Segundo matéria publicada pelo jornal Extra a taxa referencial do Fundo está zerada, e desde 2017, o governo vinha distribuindo parte do lucro com os cotistas. Mesmo com essas liberações, o rendimento do FGTS ainda é maior do que aplicações como Tesouro Selic, poupança, CDI ou CDB.

Em 2019, o rendimento do FGTS chegou a ser de 6%, com a distribuição de lucros. No entanto, não há garantias que isso se repita.

Serão liberados para pagamento um valor máximo de R$ 1.045 por trabalhador. O pagamento será feito automaticamente pela Poupança Digital Social. Para fazer o saque, é preciso aguardar o dia informado no calendário da Caixa de acordo com o aniversário do trabalhador. Caso o trabalhador não queira fazer o saque é preciso cancelar o pagamento ou fazer desfazer o crédito. Saiba como aqui!

Investimento Social

O FGTS é a principal fonte de recursos para investimentos em infraestrutura do país. Os recursos do Fundo de Garantia são usados para financiar projetos de infraestrutura, saneamento e habitação, em geral com taxas abaixo das cobradas no mercado. 

De acordo com dados do relatório da Caixa do 1º trimestre de 2020, a carteira imobiliária do banco público teve um saldo de R$ 470,4 bilhões. Desse valor, R$ 293,1 bilhões foram concedidos com recursos FGTS.

“O FGTS tem um papel social fundamental para o desenvolvimento do Brasil e do brasileiro. Até que os recursos não sejam sacados pelos trabalhadores eles são utilizados para financiar políticas de habitação, infraestrutura urbana e saneamento”, afirmou o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto.

Criado em 1966 para substituir o regime de estabilidade dos trabalhadores com mais de 10 anos de serviço em uma mesma empresa, o FGTS ganhou novas atribuições. A Caixa passou a ser a responsável exclusiva da administração financeira do Fundo em 1995. 

É por meio dos investimentos do Fundo que o governo federal financia o Sistema Financeiro da Habitação e o Minha Casa Minha Vida, programa de subsídios para habitação popular.

Não é de hoje que os recursos do FGTS despertam a cobiça do mercado. Em 2017, o governo Temer autorizou o saque com a justificativa de injetar recursos na economia. Em 2019, o governo Bolsonaro também autorizou a retirada do Fundo, o chamado saque aniversário. Foram liberados para saque R$ 153 bilhões. Isso representa um aumento de 37% em relação a 2018, quando os saques totais foram na ordem de R$ 111 bilhões. 

“Sabemos que o momento é muito delicado e que esses recursos vão ajudar muitas pessoas que estão em sérias dificuldades, mas falta transparência do governo sobre o impacto financeiro desses saques na sustentabilidade do FGTS”, afirmou o economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Fenae, Sérgio Lisboa.

O presidente da Fenae reforça a importância do FGTS para o Brasil e a liberação pode afetar os investimentos. 

“Independente do direito das pessoas de sacarem seus recursos, porque é um direito e tem que ser respeitado, há uma preocupação porque as políticas do governo, até aqui, não apontam para uma saída positiva para nossa economia nem para a criação de renda e emprego. É esse o papel que o FGTS sempre cumpriu”, finalizou Takemoto.
 

Confira o calendário do saque
Mês de nascimento Crédito em conta poupançaSaque ou transferênciaJaneiro29 de junho25 de julhoFevereiro6 de julho8 de agostoMarço13 de julho    22 de agostoAbril20 de julho5 de setembroMaio27 de julho19 de setembroJunho3 de agosto   3 de outubroJulho10 de agosto17 de outubroAgosto24 de agosto 17 de outubroSetembro31 de agosto 31 de outubroOutubro8 de setembro 31 de outubroNovembro14 de setembro 14 de novembroDezembro21 de setembro      14 de novembro
Com informações do jornal Extra

Fonte: FENAE

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