Apenas 2% das fazendas respondem por 62% do desmate ilegal da Amazônia e do Cerrado
PACTU
Quase um quinto das vendas de gado e soja para a União Europeia está ligado a crimes ambientais
Um estudo publicado pela revista Science mostra que dois terços, o 62%, do desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado estão concentrados em apenas 2% das fazendas de gado e soja.
O levantamento também indica que ao menos um quinto das exportações agrícolas do Brasil para a União Europeia (UE) pode estar ligado ao desmate ilegal.
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Os dados revelados desmentem declarações de integrantes do governo Bolsonaro, segundo as quais o agronegócio não agride o meio ambiente.
Em entrevista em julho deste ano, a própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que a Amazônia não é “atraente para o agronegócio”. Segundo ela, isso de deve ao clima, terras diferentes de outras regiões e falta de infraestrutura logística. Mas essa não parece ser a opinião dos donos das fazendas identificadas no estudo.
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Os pesquisadores analisaram 800 mil fazendas na Amazônia e no Cerrado, com uso de softwares de alta performance. A partir desses dados, detectaram que poucos produtores estão ligados ao desmate ilegal.
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Por causa dessa constatação, o estudo foi denominado “The rotten apples of Brazil’s agribusiness”, ou “As maçãs podres do agronegócio brasileiro”.
Avaliação
No artigo que abre o estudo, os pesquisadores reconhecem que a maior parte da produção agrícola do Brasil é livre de desmatamento. E então descrevem o resultado do levantamento. “Descobrimos que 2% das propriedades na Amazônia e Cerrado são responsáveis por 62% de todo o desmatamento potencialmente ilegal”, escrevem.
Também ressaltam que cerca de 20% das exportações de soja e ao menos 17% das exportações de carne bovina dos dois biomas para a UE podem estar ligados a desmatamento ilegal. Ou seja, ele mostra ser possível rastrear a origem dos produtos vendidos para o exterior.
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Com boa parte do desmate concentrado em tão poucas propriedades, os pesquisadores entendem que reduzir essa prática ilegal depende apenas de vontade política.
“A conscientização é importante para pressionar o Brasil a conservar seus ativos ambientais e promover a vontade política internacional para o corte das emissões de GEE (gases de efeito estufa)”, escreveram os autores do estudo.
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A UE tem feito declarações públicas de que defende o fim do desmatamento. Se quiser, o bloco pode cortar a compra de produtos vindos de propriedades com essa prática ilegal. O estudo mostra ser possível fazer essa identificação.
Edição: Rodrigo Durão Coelho
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