Cesta básica: brasileiro não pode nem tomar café com pão francês sem passar raiva
PACTU
Está cada vez mais difícil o brasileiro começar o dia com o tradicional cafezinho e pão francês. A dupla mais queridinha do País pesou no bolso de quem não abriu mão de manter o hábito e incluiu os alimentos na cesta básica de setembro deste ano.
A Pesquisa Nacional da Cesta Básica, divulgada nesta quarta-feira (6) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que o preço do café em pó teve alta em 16 das 17 capitais analisadas. Os maiores aumentos foram em Goiânia (15,69%), Campo Grande (14,79%), Brasília (10,03%) e Natal (9,00%).
De acordo com o Dieese, a valorização do dólar em relação ao real, o tempo seco, a geada no final de julho e o aumento da demanda interna e externa pelo grão são as causas para o elevado custo do grão também no varejo.
O preço do quilo do pão francês também subiu em quase todas as capitais, com variações entre 0,14%, no Rio de Janeiro, e 2,53%, em Brasília. A pesquisa ressalta que, além do aumento de custos, como o da energia elétrica, o trigo importado ficou mais caro com a valorização do dólar em relação ao real.
E para quem toma o cafezinho com açúcar, o custo foi ainda maior. Isso porque o açúcar apresentou elevação de preço em todas as capitais. Os maiores aumentos ocorreram em Belo Horizonte (11,96%), Vitória (11,00%), Brasília (9,58%), Goiânia (9,15%) e Campo Grande (7,94%).
Custo da cesta básica no Brasil
Em setembro, a cesta básica de alimentos aumentou em 11 cidades, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. As maiores altas foram registradas em Brasília (3,88%), Campo Grande (3,53%), São Paulo (3,53%) e Belo Horizonte (3,49%). A cesta mais cara foi a de São Paulo (R$ 673,45), seguida pelas de Porto Alegre (R$ 672,39), Florianópolis (R$ 662,85) e Rio de Janeiro (R$ 643,06).
Entre as capitais do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta tem algumas diferenças em relação às demais cidades, Aracaju (R$ 454,03), João Pessoa (R$ 476,63) e Salvador (R$ 478,86) registraram
os menores custos.
Quando o estudo compara o custo entre setembro de 2020 e setembro de 2021, o aumento do preço do conjunto de alimentos básicos ocorreu em todas as capitais. Os maiores percentuais foram observados em Brasília (38,56%), Campo Grande (28,01%), Porto Alegre (21,62%) e São Paulo (19,54%).
Nos primeiros nove meses de 2021 não foi muito diferente, já que 16 capitais acumularam alta, com taxas entre 0,19%, em Aracaju, e 13,05%, em Curitiba. Somente Salvador apresentou ligeira queda de
-0,05%.
Cesta básica x salário mínimo
Com base na cesta de São Paulo, o Dieese estima que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.657,66. O valor corresponde a 5,14 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00.
O cálculo para se chegar a esse montante leva em em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e duas crianças.
Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido - após o desconto referente à Previdência Social -, o trabalhador que ganha o piso nacional comprometeu cerca de 56,53% do seu salário com alimentos básicos. Esse percentual é para alimentar somente uma pessoa adulta.
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