Gerentes se reúnem com administração BB para tratar de sobrecarga resultante da reestruturação
PACTU
Contraf-CUT realiza mesa temática com BB para tratar da função de gerente de serviços; Funcionários que exercem o cargo foram convidados a participar
Gerentes de serviço conseguiram realizar uma reunião com a administração do Banco do Brasil, na quinta-feira (14), a respeito do acúmulo de funções que vem causando o adoecimento entre os funcionários. O encontro ocorreu em resposta a um ofício enviado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), com o pedido para uma reunião entre as duas partes.
“Nós valorizamos a mesa de negociação com o banco. O que a gente queria é que esses bancários dessem um relato daquilo que vivenciam. Por isso, fizemos essa reunião convidando os gerentes. Aliás, foram os gerentes que se organizaram, por Brasil todo, e convidaram a Contraf-CUT para entrar no grupo deles e discutir junto os encaminhamentos”, explicou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
A situação de sobrecarga, que vem se agravando desde 2017, ocorre, mais especificamente, nas agências do interior e nas chamadas agências mistas, que não estão nos grandes centros. De lá para cá, o banco foi paulatinamente eliminando cargos de gerente de atendimento, passando as funções para os gerentes de serviço.
Um funcionário contou que, há cerca de dez anos quando, pela primeira vez, foi nomeado para o cargo de gerente, as funções eram bem definidas. Ele era responsável apenas pela tesouraria e outras funções importantes eram realizadas por outros dois funcionários, nos cargos de supervisor de atendimento e gerente de atendimento. “Aí veio a reestruturação, de 2017, quando o banco cortou o gerente de atendimento, mas deixou o supervisor. Mais tarde, o banco cortou o supervisor e eu tive que acumular todas as funções desses dois cargos”, afirmou.
“Me sinto desmotivado. Porque nos responsabilizam por uma coisa, mas somos cobrados por outra. Somos responsáveis pela segurança, pela parte predial e de numerário, mas cobrados, única e exclusivamente, pela parte negocial. Acaba que a gente não consegue desenvolver nem uma e nem outra parte de forma adequada. Me sinto frustrado, até certo ponto, porque acabo me cobrando por não ter um desempenho que eu gostaria”, desabafou outro colega.
Segundo representantes dos funcionários que estiveram no encontro, o banco não apresentou nenhuma proposta para alterar o cenário de sobrecarga dos gerentes de serviços: “A resposta que o banco nos deu, ontem, foi que, no entendimento deles, não há acumulo de funções, porque o nível gerencial, para os gerentes de serviço, continua o mesmo, que é o terceiro nível”, contou um trabalhador que esteve no encontro. “Essa foi a primeira resposta do banco. Mas eles disseram que vão avaliar nossas reclamações e responder mais adiante”, completou.
“As diversas reestruturações que vem ocorrendo no banco, desde 2017, estão resultando na sobrecarga e adoecimento dos funcionários que ficam. Essa questão atinge mais as agências que não estão nos grandes centros, nas capitais, que ainda têm gerentes para cada área. Já no interior, ocorreu uma redução da folha, consequentemente, sobrecarga dos gerentes que restaram e acabaram acumulando funções”, avaliou João Fukunaga.
“A nossa motivação principal para que essa reunião acontecesse é o adoecimento dos funcionários. Tanto eu quanto outros colegas, pelo Brasil inteiro, estamos chegando num ponto onde não é mais saudável”, expôs outro funcionário. “A gente tem que gerir desde o mais simples, que é, por exemplo, qual o material pra limpeza e higiene utilizado nas agências, até todo o controle numerário que transita dentro da agência. E, por outro lado, somos cobrados e responsabilizados pelas metas vinculadas ao grupo negocial do banco”, explicou o gerente.
“A preocupação, então, é: você tem que fazer um serviço que ninguém reconhece, mas que tem que ser feito de forma correta, porque senão você pode ser responsabilizado, inclusive, pecuniariamente, ou com demissão – porque, na questão da tesouraria, se você errar é você que vai pagar essa diferença, é você que vai responder por isso – , e você tem que fazer outro serviço que nunca foi seu e que passou a ser seu para o banco economizar na questão salarial”, completou.
“Às vezes me pergunto por que o banco não eliminou a função de gerente de serviços e deixou a de gerente de atendimento, já que a função do gerente de atendimento é tão importante que empurrou para o gerente de serviços. Mas por que o trabalho de gerente de serviços, que ninguém reconhece, tem que ser feito? Porque senão a agência não abre. Simples assim. Hoje essa função ainda é importante”, concluiu.
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