Fetec-CUT-PR completa 30 anos de resistência e luta

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Fetec-CUT-PR completa 30 anos de resistência e luta

Entidade foi fundada no dia 19 de janeiro de 1992, em Londrina.

Há 30 anos, mais precisamente no dia 19 de janeiro de 1992, a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR) foi iniciada com um objetivo: fortalecer e mudar os rumos da luta na categoria bancária do Paraná, como uma entidade classista, democrática e de luta. Criada em Londrina - e posteriormente estabelecida em Curitiba, onde permanece até os dias de hoje - a Fetec, que nasceu sob o nome de Federação dos Bancários da CUT/PR, conta com dez sindicatos filiados (Apucarana, Arapoti, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Paranavaí, Toledo e Umuarama) que, juntos, correspondem a 80% de toda a categoria no Paraná.

A Fetec foi forjada em um dos períodos mais conturbados da nossa história, durante o governo Collor. Hiper inflação, desemprego, entre outros problemas, eram a realidade da época. Mesmo diante de um cenário totalmente desfavorável, a federação teve muita resiliência diante destas dificuldades e deu voz não apenas aos bancários e bancárias, como foi também um ponto de apoio a classe trabalhadora e para a sociedade.

Em 1992, o Departamento Nacional dos Bancários (DNB) se transforma na Confederação Nacional dos Bancários (CNB), congregando a maior parte de sindicatos e federações, entre elas a Fetec. Neste ano a categoria conquista aquela que está entre as mais importantes vitórias da organização de luta da categoria, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Primeira convenção assinada no Brasil. O momento histórico era difícil, mas os bancários e as bancárias provaram com a luta e organização, o acerto da fundação da Fetec e da CNB.

FHC e as tentativas de privatizar tudo

Após os esquecíveis anos Collor, entramos na era do Plano Real, criado durante os anos em que Itamar Franco foi presidente. Embora com certa estabilidade econômica, a Fetec e seus sindicatos cravaram críticas a teoria neoliberal, linha ideológica que se implantava no Brasil, após a vitória de Fernando Henrique Cardoso. A história mostrou que a federação estava certa. Passamos por um período de privatização de patrimônios públicos, como a da Vale, Companhia Siderúrgica Nacional, bancos estaduais, entre outras. O falso argumento foi de pagar a dívida brasileira com as privatizações. O que se viu neste período, foi a entrega de 76% do patrimônio, arrocho salarial de servidores, desaceleração de investimentos em saúde e educação, e no final do governo, vimos a dívida aumentar em 10 vezes.

Foi aqui também que as ameaças de privatizar bancos como a Caixa e Banco do Brasil se intensificaram. A Fetec, desde o início, alertava a todos os perigos que a privatização traria ao povo brasileiro. Foi preciso muito empenho, luta, noites mal dormidas por parte dos dirigentes da federação e sindicatos filiados, e muita mobilização nas bases para lutar contra estas privatizações. Felizmente as ações da Fetec e do conjunto do movimento sindical bancário foram bem sucedidas, os bancos federais seguem públicos. Os abonos salariais, valor fixo em dinheiro, que compensava a diferença do total da inflação para o Índice definido, marcou a era FHC. Nós bancários e bancárias, sofremos muito com esta política salarial. Em 1994 conquistamos o vale alimentação e em 1995 assinamos o primeiro acordo de participação nos lucros e resultados do Brasil.

Banestado

Ao longo da nossa jornada, nem sempre vencemos. A derrota mais dolorosa certamente veio no dia 17 de outubro de 2000, quando o então governador do Paraná Jaime Lerner, de forma irresponsável, vendeu (doou seria um termo melhor aplicado) o Banco do Estado do Paraná (Banestado) para o banco Itaú pelo valor de R$ 1,6 bilhão. O detalhe é que nesta aquisição o Itaú recebeu mais de R$ 1,7 bilhão em créditos tributários. Os banestadenses foram às ruas. Lutamos, sofremos ameaças, vimos de perto como as políticas neoliberais são danosas ao País e perdemos. Doeu ver o martelo sendo batido. Mas, citando o antropólogo Darcy Ribeiro, “o fracasso foi nossa vitória, pois odiaríamos estar no lugar de quem nos venceu”.

Os anos PT

Dia 01/01/2003 marcou um início de uma nova esperança, tanto para a Fetec quanto para a população. Luiz Inácio Lula da Silva foi empossado presidente da República. E, diferente do que apontam alguns incautos, o cenário era de terra arrasada: desemprego e fome eram notícias constante nos noticiários e a economia não ia bem, com FHC se curvando para o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os trabalhadores não tiveram dúvidas. Cansados de tanta opressão, miséria e descrédito do país, elegeram Lula, que não decepcionou. Tivemos o período mais pujante da economia. Desemprego começou a diminuir. Fome deu os primeiros passos para desaparecer. Foi aqui que se iniciou a campanha salarial unificada. É o momento da união, tanto de trabalhadores nos bancos privados quanto nos bancos públicos. Os trabalhadores de bancos privados aceitaram reajuste de 12,6%, sem deflagração de greve. O ano também marca o primeiro acordo com reajuste para os trabalhadores bancários nos bancos públicos, que passaram os governos FHC sem negociação salarial. A Fetec fez parte de todo este processo.

Em 2006 a CNB se transforma na Contraf, com o objetivo de ampliar nossa luta no ramo financeiro. O congresso de fundação ocorreu na Fetec Paraná, um marco na nossa história. Neste período invertemos a lógica do arrocho salarial pela conquista de ganhos reais. Os bancos públicos passam a integrar a convenção coletiva e recebem a mesma PLR dos privados. Conquistamos o direito aos seis meses de licença maternidade.

Em 2010, Dilma Roussef assume o governo, a primeira mulher ao cargo máximo do país. A presidenta assume feitos firmes e importantes para buscar fazer com que o acesso aos sistema financeiro fosse mais justo e palpável a todas as camadas sociais. Promove a capitalização da Caixa e a redução das taxas de juros dos bancos públicos. Permanece firme na posição de transformar o pré-sal num patrimônio social, principalmente para a educação e saúde. Teve que enfrentar a mais dura e sorrateira campanha de bloqueio político no parlamento federal que um presidente já enfrentou.

Golpe de 2016 e a ascenção da extrema-direita

O segundo mandato da presidenta Dilma foi complicado por conta da sabotagem perpetuada pelo congresso, principalmente na figura do PSDB, que não aceitou a derrota, e pela grande mídia, que começou a criar espantalhos, o mais conhecido e notável deles a Lava Jato (também conhecido como Farsa Jato). A Fetec debatia e já alertava sobre estes perigos e mostrava o quanto tudo isso estava jogando o país em um período hostil ao povo brasileiro.

Infelizmente, o golpe veio. Michel Temer, com grande apoio dos políticos, imprensa e da grande elite, assume o governo e traz com ele a agenda neoliberal. Resultado: reforma trabalhista, que prometeu gerar milhões de empregos, mas teve o resultado contrário, volta da fome e muito mais, sendo um dos mais importantes gargalos para o não crescimento da economia brasileira. Porém, o golpe ainda não estava completo. Faltava tirar Lula da jogada. O ex-presidente, que liderava a disputa, foi preso injustamente pelo então juiz da Farsa Jato e abriu caminho para a figura nefasta de Bolsonaro vencer a disputa (aliás, o ex-juiz foi ministro da justiça do atual governo. Liguem os pontos).

Desde que Bolsonaro e sua necropolítica chegaram ao poder, a Fetec e seus sindicatos vêm lutando para reduzir os danos que ele e o ministro da economia Paulo Guedes estão tentando trazer ao Brasil. A luta é difícil? Muito. Mas nunca fugimos dela. Continuaremos a brigar e a mostrar o quanto este governo é prejudicial ao trabalhador. Diante de todo este cenário, podemos afirmar que a Fetec terá fôlego para mais 30 anos. Enquanto houver injustiça contra a categoria bancária e contra a população, nós estaremos na linha de frente. Não baixaremos a cabeça. Ousar lutar, ousar vencer!

Na nossa história nada foi fácil, nada foi concedido gratuitamente pelos banqueiros e governos. A nossa história foi, é e será marcada pela organização, lutas e conquistas. Parabéns aos bancários e bancárias de Arapoti, Apucarana, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Paranavaí, Toledo e Umuarama. A atual diretoria da Fetec-CUT-PR agradece todos e todas pela dedicação, responsabilidade e compromisso na luta em favor dos bancários e bancárias, da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

Fonte: Seeb Curitiba

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