Sessão na Alesp destaca importância da CUT para classe trabalhadora e democracia
PACTU
Há quarenta anos, em São Bernardo do Campo, a Central Única dos Trabalhadores surgia, em plena ditadura militar, com a ousadia de levantar a bandeira da liberdade e autonomia sindical e de organizar a classe trabalhadora. Desde o respeito e a garantia dos direitos no local de trabalho, onde quem gera a riqueza deve ter voz, até a forma de filiação e sustentação sindical.
Passadas quatro décadas, a defesa da democracia e a unidade de trabalhadores e trabalhadoras contra a superexploração do trabalho e por condições dignas seguem como pauta. Não porque a luta da CUT foi em vão, mas porque essas pautas dependem de uma batalha que nunca acaba e o papel da Central foi fundamental para garantir avanços nesses aspectos ao longo desses anos.
Como reconhecimento a esse protagonismo, em sessão solene que homenageou a CUT na manhã desta segunda-feira (28) na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), dirigentes sindicais, parlamentares com origem nos sindicatos e representantes de entidades parceiras da classe trabalhadora trataram da necessidade de reconhecer as conquistas do passado, mas sem esquecer a responsabilidade da entidade para o futuro do país.
Secretário-geral da Central, Aparecido Donizeti da Silva, representou o presidente, Sérgio Nobre, que participa também de sessão solene na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Ele destacou que não há um único avanço em direitos trabalhistas ou lutas sociais no último quarto de século que não tenha participação da CUT e apontou a organização das novas categorias que surgem a partir dos trabalhos autônomos e informais como o grande desafio para o próximo período.
“Temos uma mesa instalada em âmbito federal para discutir a representação do conjunto de empreendedores e trabalhadores e trabalhadoras em home office, o novo mundo do trabalho que se apresenta a partir dos aplicativos e plataformas”, disse.
Donizeti destacou ainda que não é possível desenvolver um país sem o fortalecimento da classe trabalhadora, o contrário do que ocorreu nos governos do golpista Michel Temer (MDB) e do inelegível Jair Bolsonaro (PL) e apontou que para isso é preciso uma reforma do movimento sindical para democratizá-lo e fazer com que se torne ainda mais representativo.
Donizeti destacou os desafiios que aguardam a CUT no próximo período
Igualdade
Em um discurso emocionado, a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Junéia Batista, apontou o trabalho das dirigentes que a antecederam, resgatou a própria história como forma de mostrar a dedicação que lideranças sindicais precisam ter para desempenhar o papel e apontou a importância de ampliar a paridade e ajustar a entidade à realidade brasileira. A ocupação igualitário de cargos da direção entre homens e mulheres foi definida no 11º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (Concut), em 2012.
Apesar de ter recuado na pandemia, a participação feminina no mercado de trabalho no final de 2022 era de 52,7% segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
“Conquistamos a paridade em 2012, aplicamos em 2015 e neste ano nós, mulheres da CUT, queremos debater no congresso uma paridade mais qualificada, porque sabemos fazer as coisas. Queremos construir um nome de presidenta nacional, mas também nas estaduais e ramos e discutir um protocolo de combate à violência e ao assédio vertical e horizontal com todas as secretarias para que as mulheres, a população LGBTQIA+, as negras, as obesas consigam chegar às instâncias com respeito e igualdade garantidos”, disse.
Próximo passo agora é paridade nos principais cargos, defendeu Junéia
Luta estadual
Recém-eleito presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart, trabalhador com origem no ramo químico, lembrou que a primeira sede da Central, logo após a fundação, foi instalada em Santo André, numa casa onde também ficava o Sindicato dos Químicos do ABC.
Ao abordar os caminhos para o futuro, ele afirmou que a luta contra o projeto privatista que tem sido implementado pelo governador paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a defesa das categorias prejudicadas por ele, ao lado da pressão por uma modelo de governo que defenda a reindustrialização no estado, serão os pontos essenciais.
“É importante o setor de serviços crescer, mas temos de retomar a industrialização para gerar novos postos de trabalho, 50% das empresas farmacêuticas foram embora, tivemos grandes indústrias fechadas. E isso afeta não só os postos que são perdidos, mas todo o entorno de produções que funcionavam a partir daquela indústria”, avaliou.
Presidente anterior da estadual, Douglas Izzo, criticou o processo de privatização que Tarcísio dá continuidade, com a ampliação da venda do Metrô, da CPTM e da educação, por meio da entrada cada vez maior de empresas privadas no setor de ensino. “Faremos luta para que a educação continue pública e estatal e o SUS também, porque vivemos a ampliação terceirização na saúde, com as OSs (organizações sociais) que tem causado muitos problemas para povo”, falou.
Marcolino (ao centro) tratoudo papel da CUT em São Paulo
Vida longa à maior do Brasil
Solicitante da sessão solene, o ex-dirigente da CUT-SP e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, deputado estadual Luiz Claudio Marcolino (PT), pontou que o ataque ao movimento sindical que ocorreu a partir do governo Temer é também um ataque à classe trabalhadora.
“A reforma trabalhista mexeu nos principais direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e quem fez perder esses direitos agora está à frente do estado de São Paulo. Nesse período, a CUT manteve seu papel de resistência e agora tem a possibilidade de recorrer com diálogo ao governo federal. Porque ela foi criada para que toda vez que os direitos da classe trabalhadora fossem atacados, estivéssemos juntos para defendê-los”, indicou.
Para o ex-dirigente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT (FEM) e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, deputado Teonilio Barba (PT), a CUT é fundamental para dar suporte aos sindicatos que têm com base a negociação de conflitos e a organização no local de trabalho.
“Você poder ter a negociação mais bonita, mas se não tiver se negociação no local de trabalho, você não sabe se está sendo cumprida ou se o acordo coletivo de trabalho está sendo respeitado”, alertou.
Homenagem
Ao final do encontro, os dirigentes da CUT receberam uma placa pelas mãos dos parlamentares em homenagem aos 40 anos em defesa da classe trabalhadora da maior central sindical do país e quinta da América Latina. Douglas Izzo também foi homenageado por sua atuação á frente da CUT-SP entre 2015 e 2023.
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