Seminário de 40 anos da CUT Paraná reúne sindicalistas em Curitiba

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Seminário de 40 anos da CUT Paraná reúne sindicalistas em Curitiba
Futuro do mundo do trabalho e o papel da Central e suas entidades foram os temas centrais do encontro

Representantes de entidades sindicais de todo o Paraná participaram nesta sexta-feira (11) do seminário “A Situação da Classe Trabalhadora no PR”, promovido pela CUT para celebrar os 40 anos de fundação da Central no estado. Na pauta, a organização interna da entidade e, sobretudo, os principais desafios frente às mudanças e ao futuro do mundo do trabalho.

“Recebemos um número expressivo de dirigentes de todo o Paraná e, inclusive, de outras regiões do Brasil para contribuir com o debate. Foi um excelente evento, e tenho a convicção de que saímos todos mais fortes, preparados e unidos para enfrentar os desafios que se aproximam — não apenas nos próximos meses, mas certamente nos próximos anos”, avaliou o presidente da CUT Paraná, Marcio Kieller.

Ao longo do dia, as mesas de debate abordaram as forças internas da Central. Todos os ramos de atuação participaram, apresentando o cenário atual de suas bases e os principais desafios enfrentados, como a soberania nacional, além de temas específicos discutidos com apoio de representantes da academia e de entidades parceiras, como o Dieese. O coordenador técnico da instituição, Sandro Silva, debateu os desafios do mundo do trabalho com a professora doutora Maria Aparecida Bridi.

A Vigília Lula Livre também foi tema do seminário, especialmente entre os participantes de fora do Paraná. Em sua análise, o secretário nacional sindical do Partido dos Trabalhadores, Paulo Cayres, reiterou a importância histórica da mobilização. “Quem libertou o presidente Lula foi essa militância guerreira e de luta. Não foi o hacker, não foi o STF. Olha o tamanho e a importância dessa militância. E estamos sendo chamados mais uma vez para uma luta encarniçada que será em 2026. Mas, graças a essa garra, eu não tenho dúvida da nossa vitória”, projetou.

O secretário-geral da CUT Brasil, Renato Zulato, destacou a importância da unidade da classe trabalhadora, inclusive com outras centrais sindicais. Ele também rebateu acusações públicas feitas por setores conservadores e parte da mídia, especialmente após o 1º de Maio. “A nossa unidade está na pauta de luta da classe trabalhadora. Não é no ato do primeiro de maio. Vinte dias depois, fizemos uma marcha com 20 mil pessoas em Brasília”, lembrou. Zulato também mencionou o extenso calendário de lutas da Central para 2025 e reiterou a relevância da Vigília Lula Livre. “Ninguém vai contar a história do Brasil sem mencionar o que houve aqui no Paraná. Duvido que alguém consiga fazer o que fizemos”, afirmou.

Durante o seminário, foram debatidos ainda os retrocessos causados pela Reforma Trabalhista, o problema da terceirização e suas consequências para os trabalhadores, o cenário do serviço público, as perspectivas de cada ramo e os desafios enfrentados pelas categorias que compõem a base da Central.

Diversos momentos também resgataram a história da CUT Paraná. O vereador de Curitiba, Ângelo Vanhoni, que integrou a primeira direção da Central no estado, relembrou: “Nós começamos a primeira greve de bancários aqui em Curitiba, no Banco do Estado do Paraná. Depois, no mesmo ano, houve uma greve nacional. Fechamos o Brasil inteiro”.

Segundo ele, naquela época a categoria realizava pelo menos duas greves por ano. “Quem tem mais idade vai se lembrar: a inflação era altíssima. A data-base era em setembro, mas também fazíamos greve em maio, porque o salário não dava conta”, completou.

Celebração
Após um dia repleto de debates e reflexões, um jantar comemorativo celebrou os 40 anos da CUT Paraná. As 20 mesas do local receberam placas com os nomes de ex-dirigentes sindicais que marcaram a história da Central.

“Foi uma forma de homenagear aqueles que passaram pela CUT, construíram sua trajetória e fizeram dela a maior central do Brasil e a quinta maior do mundo. Temos muito orgulho dos que nos antecederam, assim como gratidão pelo caminho que abriram para nós. Agora, é isso que tentamos fazer: preparar o terreno para as próximas gerações que defenderão a classe trabalhadora”, declarou Marcio Kieller.

O momento foi de memória, celebração e compromisso com um futuro melhor. Para o ex-dirigente Ariovaldo Figueiredo, o principal desafio da CUT é acompanhar as transformações tecnológicas e seu impacto nas relações de trabalho. “Hoje, quando se fala em carteira assinada, muita gente torce o nariz. O MEI se acha empresário. A CUT vai ter que se reinventar, mostrar que lá na frente essa pessoa não terá fundo de garantia, nem segurança, e poderá sofrer com isso. Esse é um grande desafio: lidar com as novas tecnologias e tornar a sindicalização atrativa”, analisou.

Zeno Minuzzo, outro dirigente histórico da Central, destacou a greve de março de 1986 como uma das memórias mais marcantes: “Começamos às 5h30 da manhã com 26 pessoas. Às 10h, o bairro inteiro estava parado. Uma greve geral com altíssimo nível de organização. Paramos o Brasil naquela época, por várias reivindicações, mas principalmente pela jornada de trabalho e o aumento do salário mínimo”.

O ex-presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e atual secretário de Comunicação da Contraf-CUT, Elias Jordão, também expressou seu carinho pela Central: “Sempre tive muito orgulho de ser CUTista. Mesmo quando participávamos de debates acalorados dentro das entidades, eu fazia questão de destacar esse orgulho. Lutamos contra a privatização da Vale do Rio Doce, contra a venda da Copel, e a CUT sempre esteve na linha de frente dessas lutas”.

A ex-presidenta da CUT Paraná, Regina Cruz, relembrou a Vigília Lula Livre como um dos momentos mais simbólicos da história da Central. “Foi um momento de resistência. Estar lá com o presidente Lula, que hoje ocupa novamente a Presidência da República, é algo que se deve à nossa luta e à resistência da militância que permaneceu ao lado dele”, disse.

Sidineiva Gonçalves de Lima, secretária de Organização da APP-Sindicato e membro da direção executiva nacional da CUT, reforçou o sentimento de orgulho e celebração: “Temos que comemorar porque somos vitoriosos. Sempre acreditamos que uma sociedade justa é possível, e por isso estamos aqui. Acreditamos que a união é o que nos leva a um mundo melhor. Parabéns à CUT Paraná, e que sigamos fortes e unidos para que a classe trabalhadora seja protagonista neste momento de transformação”.

Dirigentes Homenageados
Lirani Maria Franco da Cruz, José Donizeti Viana (Dodô), Jonas Braz, David Pereira de Vasconcelos, Elide Bueno, Hermes Gonçalves, Clotilde Santos Vasconcelos, Silvana Prestes, Adalberto Silveira Prado, Carlos Alberto Recacho (Carlão), Geraldo Mendonça de Oliveira, Almir Carvalho de Oliveira, Assis Paulo Sepp, Silvaney Bernardi, Gilson Lopes, Rafael Ramos, Daniele Bitencourt, Edison Vitor da Costa (Edinho), Everaldo Gornaski Ribeiro e Marcos Neves.

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Fonte: Fetec-Pr

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