Congresso da CSA aprova resolução para luta sindical nas Américas nos próximos anos
PACTU

O 5º Congresso da Confederação Sindical das Américas (CSA), concluiu seus trabalhos neste sábado (17), na República Dominicana, com a aprovação do documento que orientará a ação sindical no continente, nos próximos quatro anos. O texto é resultado de debates que mobilizaram mais de 400 delegados sindicais de todos os países das três américas.
Rosane Bertotti, secretária nacional de formação da CUT e presidente do Comitê de Resoluções do Congresso, explicou que o documento tem foco na defesa da democracia, que impacta em outros temas.
O texto-base trabalha muito na perspectiva da defesa da democracia, e nessa linha que defendemos, a de não há defesa da democracia sem trabalho decente, sem direito à organização sindical, sem a liberdade, sem a autodeterminação dos povos”, detalhou a dirigente.
Ela afirmou que o tema “ficou muito presente em vários debates e em vários fóruns” durante o Congressos aqui apresentadas.
Emendas e moções
Antes da votação final, foram apresentadas as emendas e moções recebidas, propsotas a fazer parte da resolução, ou seja, o documento final.
"Recebemos 20 propostas de acréscimo ao texto base, sendo 16 moções e 4 emendas substantivas. Cada uma delas foi discutida e votada democraticamente pelos delegados presentes", disse a dirigente.
Sobre as moções, Rosane explicou que são relacionadas a processos políticos como a defesa aos trabalhadores do Haiti , “o direito à liberdade do Haiti”. Outra moção é um repúdio ao genocídio do povo palestino na faixa de Gaza, e a defesa da autodeterminação do Estado Palestino.
“Outra moção importante, dialogando com esse tema, foi contra as guerras. Porque qualquer forma de guerra, sempre quem é atacado primeiro são os trabalhadores”, pontuou.
COP 30
Entre as emendas, destacam-se os temas relacionados à crise climática como a transição justa e a COP-30. “A COP será realizada no brasil, mas é importante que todos os países se envolvam com esse tema e exijam que a transição energética seja feita sob a posição dos trabalhadores. São os trabalhadores os mais impactados pela crise e para eles que os processos de transição tem que olhar. Tem que ter o olhar do desenvolvimento, mas sobretudo com proteção ao meio ambiente, condições dignas de vida às populações e com trabalho decente”, explicou a dirigente.
A escolha de Belém do Pará, no Brasil, como sede da próxima Conferência do Clima da ONU, a COP-30, foi destacada como uma oportunidade estratégica. "Belém é um espaço simbólico, está na Amazônia do Brasil e, portanto, está dentro do pulmão do mundo. Nesse espaço vivem pessoas, vivem trabalhadores e trabalhadoras ", afirmou Bertotti.
Em ação
Após a aprovação do documento e eleita a nova direção, no âmbito de atuação da CSA e suas entidades filiadas, entre elas a CUT, os próximos quatro anos serão de intensas tarefas e lutas em defesa da classe trabalhadora de todos os países das três américas. Rosane Bertotti avaliou os desafios.
“Quando você pensa um congresso, você pensa na elaboração, na construção, como você vai chegar nesse congresso e quais são as discussões centrais que você quer levar. Acho que esse momento se conclui aqui. A partir de hoje com essas propostas aprovadas num debate que ocorreu durante um ano e que culmina com o Congresso, com os delegados e delegadas presentes aqui, tudo se transforma em ação concreta e muda a vida dos trabalhadores e das trabalhadoras”, diz a dirigente exemplificando com a aprovação de moções.
“Porque é muito importante, por exemplo, você aprovar moções contra a guerra e defesa da paz, mas as guerras continuam, o ataque às pessoas, aos civis, aos trabalhadores continua. Então, quais as ações que podemos fazer para que isso cesse? É muito importante a gente aprovar aqui também a questão do desenvolvimento, a questão da organização sindical, agora, quais as ações que nós vamos desenvolver para fortalecer a organização sindical e fortalecer a organização sindical ampliando o direito dos trabalhadores e das trabalhadoras. Então, acho que esse é o grande desafio”, conclui Rosane.
Mais do que um desafio, uma missão, diz Rosane, é o papel da Formação no objetivo de formar, organizar e sistematizar propostas. De acordo com ela, essa foi um grande marca do Congresso.
O papel estratégico da CUT
Com a maior delegação do evento, a CUT reafirmou sua posição de liderança no movimento sindical continental. A Central foi fundamental para construir o diálogo entre as entidades no Congresso.
“A participação da CUT nesse Congresso demonstra a grandeza da nossa Central, a representatividade e o compromisso que a CUT tem e a solidariedade com o sindicalismo internacional. Entendemos que a pauta da classe trabalhadora no Brasil é uma pauta importante, estratégica, mas entendemos que, enquanto trabalhadores, não nos organizamos somente no Brasil.
"Compreendemos que a luta no Brasil se soma à luta de outros países e que a integração, seja do desenvolvimento ou que a integração dos trabalhadores, são estratégicas e, por isso, a solidariedade e a ação internacional é algo que sempre foi e sempre será muito importante para a pauta da Central Única dos Trabalhadores" - Rosane Bertotti
Foto: Fernando Vivaldo
O Congresso
O 5° Congresso da CSA – Pepe Mujica terminou neste sábado, 17, com uma avaliação positiva da delegação cutista. Representantes de várias de nações discursaram, exigindo melhores condições de trabalho, participação igualitária de mulheres e jovens e o combate às mudanças climáticas, reafirmando que a liberdade de associação é intocável.
O evento, que reuniu mais de 400 delegados sindicais de todo o continente, recebeu esse nome em homenagem ao ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica, líder mundial, figura ética das lutas populares e exemplo de coerência entre discurso e ação.
“Nomear este Congresso em homenagem a Pepe Mujica é um ato político, uma homenagem ao internacionalismo, à justiça social e à dignidade dos povos da América Latina”, disse Rafael Freire, secretário-geral da CSA.
O evento também contou com a presença dos três sindicatos dominicanos filiados à CSA, CASC, CNUS e CNTD, que pediram uma unidade mais profunda da classe trabalhadora continental diante das múltiplas ameaças que a região enfrenta: do neoliberalismo reconfigurado às novas formas de precariedade impulsionadas pelas plataformas digitais e à transição energética sem justiça social.
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