Decreto que facilita posse de armas aumentará a violência, diz especialista
PACTU
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve assinar, ainda hoje, decreto que facilita a posse de armas de fogo. A medida é criticada por Benedito Domingos Mariano, ouvidor das polícias de São Paulo. De acordo ele, a iniciativa é uma tentativa de passar a responsabilidade pela segurança pública para o cidadão comum e a taxa de violência pode aumentar.
Benedito não acredita que garantir a posse de arma para a população brasileira irá diminuir os índices de criminalidade. "A partir do acesso à arma, aumentará a violência. Quem deve andar armado são os agentes de segurança pública, esse decreto passa para a população uma responsabilidade do Estado, que deveria garantir a segurança pública", critica, em entrevista ao jornalista Glauco Faria, na Rádio Brasil Atual.
Ele também afirma que, sem a devida fiscalização, as pessoas poderão andar armadas nas ruas – ainda que o projeto vise facilitar a posse e não o porte –, o que é perigoso, em sua avaliação. "Pequenas discussões podem se tornar algo maior", alerta.
Especialista também lembra que há policiais treinados que possuem dificuldade para manusear a arma, o que não será diferente para o cidadão comum. "A arma de fogo, usada de maneira inadequada, não tem volta, ela pode tirar a vida de outra pessoa. Apesar do treinamento, há agentes do Estado que usam a arma de fogo de maneira inadequada; com o cidadão comum, as armas podem ser um retrocesso na garantia da segurança", afirma.
Na entrevista, Benedito lembra que o decreto poderá beneficiar possíveis indiciados ou condenados pela posse ilegal de arma de fogo por conta da possível retroatividade da lei. Um dos beneficiados seria o médium João de Deus. Em dezembro, a polícia apreendeu na casa do religioso dois revólveres calibre 32, um calibre 38, uma pistola 380, com capacidade para 12 tiros, e uma garrucha calibre 22, que tinha a numeração raspada.
"Para diminuir a violência no país, é preciso investir em inteligência nas esferas federal e estadual para que as forças de segurança coíbam a ação do crime organizado", finaliza o especialista.
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