Conferência de Formação da CUT demostra que não fomos destruídos, diz Dilma
PACTU
Recebida de forma calorosa, nesta quarta-feira (29), pelos mais de 450 trabalhadores e trabalhadoras de todo o país, no terceiro dia da 4ª Conferência de Formação da CUT, que acontece em Belo Horizonte, a ex-presidenta Dilma Rousseff disse emocionada: “Perdemos a luta, mas não fomos destruídos”.
“Sermos capazes de realizar a 4º Conferência de Formação comprova que não nos impuseram uma derrota estratégica. Perdemos uma luta, mas não fomos destruídos”, afirmou se referindo ao golpe parlamentar, jurídico e midiático que usurpou o seu mandato em 2016 para impedir a continuidade de um projeto democrático e popular iniciado em 2003 com Lula, o primeiro presidente do Brasil que colocou os pobres no Orçamento da União.
De acordo com a ex-presidenta, a onda neoliberal que chegou ao Brasil com o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) e continua com Jair Bolsonaro (PSL-RJ) não pretende apenas alterar as leis trabalhistas e sucatear a Justiça do Trabalho, não é só uma questão relativa à terceirização, que transforma todo trabalhador em pessoa jurídica, em que o poder o patrão é igual ao do trabalhador.
“A realidade é o corte de direitos, de responsabilidades e da ampliação dos lucros e da concentração de riquezas. Vivemos um processo dramático e um dos aspectos é a desregulamentação do mercado de trabalho, com toda a precariedade que estão tentando impor, tirando do trabalhador as questões mínimas, sem direitos e destruindo sindicatos”, afirmou.
O secretário de Administração e Finanças, Quintino Severo, complementou afirmando que esses ataques aos direitos sociais e trabalhistas não foram e não serão suficientes para enfraquecer o movimento dos trabalhadores e das trabalhadoras em sua luta por manutenção e ampliação de direitos.
"Desde 2016 estamos vivenciando sucessivos golpes, que tirou a Dilma, prendeu o Lula e vem destruindo direitos trabalhistas. Essa Conferência é importante para uma melhor compreensão sobre como a formação nos ajuda a fortalecer a democracia”, afirmou o dirigente CUTista.
E a ex-presidenta finalizou dizendo que não tem movimentos sociais no Brasil sem as centrais e que para lutar e transformar é preciso compreender o que estão tirando de nós.
“O mais grave”, disse Dilma, é que “tentam tirar nossa esperança de dias melhores. Tenho certeza que, neste sentido, a 4ª Conferência Nacional de Formação é fundamental para manter a autoestima do Brasil”.
Dilma participou da mesa de debate sobre a Formação Sindical na Defesa dos direitos, da Democracia e do Socialismo junto com a presidenta da CUT Chile, Bárbara Figueiroa, coordenada por Quintino.
O objetivo da Conferência é construir uma Política Nacional de Formação (PNF) baseada nas discussões dos cinco dias de debates sobre o futuro do trabalho que será apresentado no Congresso Nacional da CUT, que será realizado em outubro próximo.
O encontro reúne especialistas de universidades, do movimento sindical internacional e do movimento sindical nacional. Os temas em destaque vão desde os ataques à classe trabalhadora até a defesa da democracia e todos os direitos dos cidadãos e cidadãs. E passam tanto pela política interna da central, quanto pelas estratégias de enfrentamento ao governo neoliberal de Temer e Bolsonaro e também sobre os desafios e os impactos no futuro do trabalho em busca de igualdade e oportunidade para a classe trabalhadora.
É uma luta de todos os hermanos
A presidenta da CUT Chile, Bárbara Figueroa, falou sobre o cenário político chileno e os enfrentamentos da classe trabalhadora no país. Como no Brasil, o Chile atualmente está sob um governo de direita, de Sebastián Piñera, que tem em sua pauta a destruição dos direitos sociais e trabalhistas para atender aos interesses da elite econômica.
"Voltamos a viver um governo neoliberal nos últimos anos. E para nós, da classe trabalhadora, isso não foi um momento qualquer, pois perdemos direitos e conquistas que tivemos durante o governo de Michelle Bachelet (ex-presidenta do Chile com alinhamento progressista)", disse a dirigente.
O modelo de Previdência Social do Chile, inclusive, é a fonte da proposta de reforma adotada pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), privatizada e individual. "Não é um modelo de Seguridade Social porque não decidimos quanto tempo trabalhamos ou contribuímos. Eles impõem tudo isso".
Bárbara lembrou que esse movimento neoliberal tem avançado por toda região da América do Sul e em outros países do mundo. "Infelizmente, temos o fato comum de que a perda de direitos e a pobreza estão avançado nesses lugares", disse.
O papel dos sindicatos, segundo ela, é unificar os trabalhadores e os movimentos e mostrar que é possível ter crescimento econômico sem excluir as pessoas.
"Não podemos falar de sindicalismo se não temos direitos. Não podemos falar de direitos, se não tem democracia. E sem democracia, não há esperança".
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