Fórum debate direito à vida e a violência contra a mulher negra
PACTU
O sociólogo Martvs das Chagas iniciou a tarde de debates do V Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro com uma provocação. Após questionar o público presente se eles acreditavam na existência do racismo no Brasil e receber uma resposta positiva de toda a plateia, o sociólogo perguntou se algum dos presentes se considerava racista. Segundo ele, é impossível que ao mesmo tempo em que toda a plateia admite a existência do racismo no país, ninguém se reconheça racista em alguma situação.
“O Brasil é um país doente de uma moléstia chamada racismo. Se não procuramos, além de diagnosticar essa doença, criar mecanismos para curá-la vamos continuar durante muito e muito tempo essa sociedade desigual que nós temos hoje. Faço essa provocação no sentido de alertar as pessoas também para a dificuldade que é lutar contra o racismo no Brasil. Como é que você luta contra aquilo que é invisível? Como lutar contra o que não aparenta?”, questionou.
Segundo o sociólogo, antes de conquistar quaisquer outros direitos a população negra precisa conquistar o direito à vida. A cada dia, o número de jovens de 15 a 24 anos assassinados é maior. “A população negra tem que ter o direito à vida, para depois ter o direito à educação, à saúde, ao mercado de trabalho, etc. Essa população se vê sub-representada nos organismos de promoção da cidadania, principalmente, na política”.
“É muito importante que os companheiros que fazem parte desses fóruns possam promover mudanças também nos seus sindicatos, nos seus locais de trabalhos. Os debates de hoje foram para qualificar um pouco que população negra é essa que não está tendo direito à vida, e que essa representação política é necessária, mas só se dará quando todos se envolverem”, finalizou.
Violência contra as mulheres negras
Para a doutora Ângela Gomes é preciso que o Brasil retome que a vida no país só é possível graças ao legado trazido pelas mulheres negras em áreas estratégicas como a medicina, a agricultura ecológica, e a tecnologia.
“Todo esse conhecimento que tem sido ocultado, tem colocado as mulheres no patamar de objetos ou de em mulheres que não são colocadas como pessoas com direitos de ir e vir. O que temos visto é que a política tem que ser focal. As políticas afirmativas são necessárias porque enquanto vemos que a Lei Maria da Penha conseguiu reduzir o feminicídio de mulheres brancas, aumentou em 54% o de mulheres negras”.
“A violência doméstica à qual são submetidas as mulheres negras é moral, mas é também do trabalho, e é colonial à medida que há uma naturalização de colocar as mulheres negras como objeto de consumo ou de prostituição”, concluiu.
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