‘O lugar mais perigoso para a mulher é dentro de casa’, afirma ativista

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‘O lugar mais perigoso para a mulher é dentro de casa’, afirma ativista
Brasil continua sendo o quinto país do mundo em feminicídio

O assassinato de mulheres é um episódio trágico que muitas vezes encerra um ciclo de violência, como mostram as ocorrências de feminicídio deste Natal

São Paulo – No Brasil, o lugar mais perigoso para a mulher é dentro de casa. É o que alerta a cofundadora da Rede Feminista de Juristas e do movimento #MeTooBrasil Marina Ganzarolli, ao analisar a série de feminicídios dos últimos dias.

A violência familiar e doméstica contra a mulher, que já tinha índices alarmantes, aumentou na pandemia. “O lugar mais perigoso para mulher é dentro de casa”, diz Marina. Assim, o assassinato é um episódio trágico que muitas vezes encerra um ciclo de violência, como mostram as ocorrências deste Natal.

Antecedentes

Marina afirma que o Brasil continua sendo o quinto país do mundo em feminicídio. Esses crimes são motivados pela condição da mulher, pelo simples fato de ser mulher. “Nenhuma dessas mulheres estava sofrendo pela primeira vez”, observa, ao destacar que, em geral, antes do crime há episódios de intimidação moral, sofrimento psicológico, ameaças e mesmo de agressões e lesões corporais.

Entre os casos dos últimos dias, o de maior repercussão na mídia foi o da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, de 45 anos. Ela recebeu 16 facadas do ex-marido, o engenheiro Paulo José Arronenzi, que a executou na frente das três filhas, na véspera de Natal, no Rio de Janeiro. O histórico do casal já mostrava o sofrimento de Viviane perante intimidações do ex-companheiro. Ela chegou, inclusive, a ser escoltada por um período.

Doca Street

Em entrevista a Maria Tereza Cruz nesta terça-feira (29), no jornal da Rádio Brasil Atual, Marina citou também a morte de Doca Street, no último dia 18. Em 1976, ele matou a mulher, a socialite Ângela Diniz, em caso que teve ampla repercussão na mídia. O crime ocorreu em uma casa na Praia dos Ossos, em Búzios, no Rio. “Foi um caso que revoltou a população, antes da internet e da Lei Maria da Penha.” Marina considera que esse caso contribuiu para o aumento da consciência sobre a questão do feminicídio.

“Hoje continuamos tendo altos índices de feminicídio, essa é a realidade que enfrentamos todos os dias”, afirma. Segundo ela, apesar dos avanços jurídicos, de mais notícias e consciência, há uma série de mitos construídos no imaginário que são frutos de uma diferença e desigualdade de poder entre homem e mulher. “A mulher ganha 30% a menos que o homem e não tem representação política no Congresso Nacional, por exemplo, proporcional à presença da mulher na sociedade.”

Segundo a ativista, um dos mitos em torno da questão é o de que a mulher é uma “vítima ideal”. Ela é vista como “fraca, suscetível, que não tem coragem para sair de um relacionamento”. Outro mito, ainda, é de que o agressor é um “monstro, agressivo com todo mundo”. Marina lembra que os agressores são pais de família, que frequentam igrejas e reuniões sociais, como todos. Ela destaca que esses mitos impedem que exista maior consciência sobre a questão do feminicídio no Brasil.

Confira a entrevista

 

 

Fonte: RBA -Rede Brasil Atual

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