Violência: as mulheres podem mudar o jogo
PACTU
Por Joel Guedes *
O portal Violência Contra as Mulheres - Em Dados, que tem parceria com o Observatório da Mulher Contra a Violência e com a ONU Mulheres, revela que no ano de 2021, um total de 1.300 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. O número é maior do que o registrado no ano anterior, com 1.005 casos. Os estupros contra pessoas LGBTQIA+ aumentaram 88% no país. No ano passado, 632 mulheres foram agredidas a cada dia e os casos de violência sexual contra mulheres e meninas aumentou 4,2% em um ano. As mulheres negras sofrem mais ainda: duas negras são vítimas de feminicídio por dia e, a cada hora, outras duas são estupradas. A cada dia, dez mulheres negras sofrem violência física e a cada dia 4 mulheres negras em idade fértil são assassinadas. Nos últimos anos, também aumentaram a violência de gênero na internet.
Não por acaso, o tema sobre as políticas públicas para as mulheres dominam a pauta da atual disputa pela sucessão presidencial. E a discussão ficou ainda mais quente após o primeiro debate entre os candidatos, transmitido ao vivo pela TV Bandeirantes, em 28/08, em que o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), atacou grossiramente uma das jornalistas que participavam do debate, porque ele não gostou da pergunta feita pela profissional. Na sequência, tentou amenizar seus ataques, apresentando duas ou três ações do seu governo direcionada às mulheres, mas não convenceu ninguém. Foi lembrado pelos seus oponentes da postura lamentável que adota regularmente em relação às mulheres, com ofensas, ameaças e palavras sexistas e misóginas. Inclusive em relação ao nascimento da própria filha, que classificou como uma “fraquejada”.
As estatísticas mostram que o país retrocedeu no combate à violência, preconceito e racismo contra as mulheres. E vai além da questão moral: na pandemia, quantas mães choraram a perda de filhos, esposas pela perda do marido e outras tantas mulheres que perderam a vida porque faltou a vacina em tempo hábil? Quantas mães choraram a perda de seus filhos assassinados pelo crime organizado ou por milícias com armas compradas legalmente? Portanto, é tarde para o atual governo reverter os efeitos maléficos da cultura machista imposta pela pessoa do próprio presidente da República, com tantos danos à sociedade, sobretudo às mulheres brasileiras.
Mas, há uma luz no final do túnel. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o voto feminino nunca teve um peso tão expressivo numa eleição presidencial, como terá este ano. Dos mais de 156,4 milhões de eleitores que poderão participar do pleito nos dois turnos, pouco mais de 82,3 milhões são mulheres. Ou seja, as mulheres formam 53% do eleitorado. Portanto, pode-se dizer que as mulheres brasileiras terão uma participação decisiva no futuro do Brasil. E é hora de mudar esse jogo.
* Joel Guedes é jornalista e editor do Jornal Pactu
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