Privatizar a Petrobras é um tiro no pé

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Privatizar a Petrobras é um tiro no pé

Desde 2016, logo após o golpe contra a presidenta Dilma, o país vive um contexto de avanço de ideias econômicas liberais e privatistas sobre o Estado brasileiro. Esse projeto se intensificou a partir de 2019, com Jair Bolsonaro (PL) na presidência e o banqueiro Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia. A Petrobras, maior empresa brasileira, que teve lucro de R$ 98,8 bilhões só no primeiro semestre de 2022, é uma das que estão no radar privatista do atual governo. Não é demais lembrar que um segundo mandato de Bolsonaro poderia significar a venda dessa importante empresa nacional.

A bem da verdade, a dilapidação desse patrimônio já começou. Em 2019, por iniciativa do governo, a Petrobras iniciou um processo de desinvestimentos (fatiamento da privatização), vendendo participações, ações, reservas de petróleo e outros ativos, além de empresas subsidiárias nas áreas de bioquímica, petroquímica, geração de energia, distribuição, venda e transporte de combustíveis. Uma refinaria na Bahia já foi vendida e está sob gestão privada e outras duas, no Amazonas e no Ceará, estão com assinatura de venda.

Desta forma, falta ao governo Bolsonaro entregar o capital principal da Petrobras. Alguns economistas têm isto como certo num eventual segundo mandato. Ocorre que o governo não coloca na conta os prejuízos que a privatização significaria para a população, sobretudo em relação à completa perda do controle estatal sobre a política de preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, principalmente.

O governo Bolsonaro promove uma privatização da Petrobras fora do real debate público. Privatiza sem se preocupar em convencer a população brasileira, sócia majoritária da empresa, de que isto é benéfico para a economia do país. Bolsonaro e Guedes não abrem o debate público sobre o desmonte que promovem na Petrobras, porque sabem que a maioria da população é contra a privatização da empresa. A alegação é de que a desestatização diminui o tamanho do Estado e divide a responsabilidade com a iniciativa privada.

No entanto, os especialistas afirmam que vender uma empresa estratégica e lucrativa como a Petrobras seria um tiro no pé. O único objetivo de uma empresa privada é a maximização do seu lucro. Seria caótico para os bolsos dos milhões de brasileiros. Ainda pior do que o resultado da tal Política de Paridade Industrial (PPI), cujos consecutivos aumentos de preços deram uma trégua politiqueira neste momento de disputa eleitoral, mas fatalmente voltarão após as eleições. Com a Petrobras nas mãos de companhias privadas, seria impossível reverter essa política perversa de elevações nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, como, aliás, já acontece hoje com os preços da refinaria privatizada na Bahia.

Futuro pode ser outro

O resultado das urnas no dia 30 de outubro, segundo turno das eleições presidenciais, poderá decidir o futuro da Petrobras e de outras empresas públicas igualmente importantes. Há dois projetos políticos em disputa: um deles propõe a dilapidação completa do patrimônio público, omitindo as consequências. O outro propõe a reconstrução nacional, resgate da soberania do país, com um plano estratégico e de investimentos para a Petrobras voltado para a segurança energética, a autossuficiência nacional em petróleo e derivados, a garantia do abastecimento de combustíveis no país e a geração de empregos.

Fonte: Pactu

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