Sindicalistas internacionais debatem sobre a realidade da periferia

PACTU

Sindicalistas internacionais debatem sobre a realidade da periferia

Exemplos de luta, resistência e conquistas podem ajudar na organização e combate à onda fascista do Brasil e do mundo

A delegação com mais de 30 representantes da UNI Global Union, da Progressive International e da Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA), que está no Brasil desde quinta-feira (27) para acompanhar as eleições para a Presidência da República visitou, na tarde desta sexta-feira (28), o Jardim Santa Cristina e Utinga, dois dos bairros mais pobres da cidade de Santo André (SP), para conhecer um pouco mais da realidade cotidiana dos trabalhadores brasileiros.

“É importante que esta delegação tenha vindo aqui para a periferia para conhecer um pouco mais os problemas da classe trabalhadora brasileira e exemplos de resistência, lutas e conquistas obtidas pela organização por meio do movimento social”, disse o deputado federal eleito com o maior número de votos no estado de São Paulo e coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

“Aqui eles vão conhecer um exemplo de solidariedade e resistência contra a fome, terão uma mostra do que os trabalhadores podem conquistar quando existe política pública para a área habitacional e a luta que eles precisam travar quando um governo não realiza política pública”, continuou Boulos, ao informar que o roteiro incluía uma visita, com almoço, a uma das 35 “cozinhas solidárias” do MTST, além das visitas ao conjunto habitacional Novo Pinheirinho e Santo Dias e ao acampamento de sem teto Lélia Gonzalez, todos em Santo André (SP).

Solidariedade e resistência

“As cozinhas solidárias do MTST foram criadas em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, para ajudar pessoas que enfrentavam uma outra pandemia, que era a fome e a falta de tudo”, informou a coordenadora estadual do MTST e deputada estadual eleita, Ediane Maria. “Passamos a servir, todos os dias, almoço de graça para as pessoas que não têm dinheiro para comer. Para isso, contamos com a contribuição solidária de quem tem um pouco mais” completou.

“Éramos vistos como terroristas e ninguém entendia porque fazíamos ocupações. Agora, estamos aqui, com os prédios construídos e contribuindo com quem tem necessidade. Não somos mais vistos terroristas”, disse Ediane.

Conquista

Os condomínios Novo Pinheirinho e Santo Dias, em Santo André, ABC Paulista, abrigam mais de 900 famílias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. Os apartamentos, construídos com recursos do Programa Minha Casa Minha Vida Entidades, são fruto da resistência que se iniciou nas ocupações do movimento na região em meados de 2013.

Organização e luta

A terceira atividade da delegação internacional na tarde desta sexta-feira foi no acampamento do MTST Lélia Gonzalez, onde há seis meses vivem aproximadamente 3.400 famílias em barracos de lonas. Elas se instalaram no local por não terem condições de custear outra forma de moradia.

“Não podemos romantizar. Todos podem ver as condições precárias que vivemos. Mas, aqui também aprendemos a cuidar um do outro, a sermos solidários e até a comer melhor”, disse Lene Souza, conhecida no movimento como Poeta, ao informar que o acampamento é subdividido em grupos de famílias e em cada grupo existem cozinha e hortas comunitárias. Também foram criados espaços de convivência e um centro cultural.

Luta global

O secretário Regional da UNI Américas, Marcio Monzane, destacou a importância das atividades desta sexta-feira. “Vivemos uma onda fascista em diversos países, entre eles o Brasil, que é uma contraofensiva à conquista de direitos sociais e à distribuição de renda de períodos anteriores, como visto aqui no Brasil entre os anos 2003 e 2014. E conhecer experiências como estas, nas quais os trabalhadores se organizam para resolver o problema da fome e do déficit habitacional, nos dá esperança de que se nos organizarmos, podemos espalhar estes exemplos por todo o mundo para melhorar a vida de quem sofre com o pensamento neoliberal e fascista”, disse. “Mas, para além destes bons exemplos, também é importante vermos e divulgarmos o sofrimento que estes governos de direita causam aos trabalhadores e também deixar claro o porquê devemos combater este pensamento de estado mínimo e de cortes de direitos trabalhistas”, concluiu o dirigente da UNI Américas.

Continuidade

A delegação internacional permanece no Brasil até domingo. Neste sábado (29), viaja até Guararema, no interior Paulista, onde visita a Escola Nacional de Formação do Movimento dos Sem Terra. No domingo eles acompanham as eleições, até a divulgação do resultado das urnas.

UNI Global Union

Entidade sindical mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores do setor serviços em 150 países. https://uniglobalunion.org/

Internacional Progressista

Organização que reúne entidades e grupos de ativistas progressistas de todo o mundo. https://progressive.international/

Confederação Sindical das Américas (CSA)

A Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) congrega 48 organizações nacionais de 21 países, que representam a 55 milhões de trabalhadores. É a organização regional da Confederação Sindical Internacional (CSI). https://csa-csi.org/.

Fonte: Contraf-CUT

Deixar comentário

Matérias relacionadas