Classe trabalhadora aguarda a retomada de direitos e avanços no governo Lula
PACTU
* Por Joel Guedes
A vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de outubro deste ano foi uma resposta da classe trabalhadora às reformas ultraliberais promovidas nos últimos seis anos, desde o golpe contra a presidenta Dilma, resultando na maior onda de ataques e destruição de direitos trabalhistas desde a redemocratização do país. Já são quatro anos sem aumento real do salário mínimo, de geração de empregos precários, sem carteira assinada e com salários reduzidos, e de miséria e fome. Essa herança que o atual governo está deixando é maligna e cruel. O novo governo, a partir de 2023, assume um grande desafio: reconstruir o Brasil em todos os sentidos, mas olhando prioritariamente para os menos favorecidos.
A classe trabalhadora sofreu duríssimos e sucessivos golpes e assistiu a destruição de direitos históricos numa Reforma Trabalhista que privilegiou unicamente os patrões. A Reforma da Previdência, igualmente com o pretexto de melhorar a economia, só resultou em perdas para o trabalhador, reduzindo os valores dos benefícios de alguns, mantendo privilégios de outros e destruindo o sonho da aposentadoria para milhões de brasileiros e brasileiras. Fascistas e neoliberais, calcados em modelo de Estado extremamente autoritário, pensavam em se perpetuar no poder, mas a resistência da maioria do povo brasileiro consagrou uma vitória eleitoral histórica, da democracia e da esperança, para implementação um novo projeto popular para o Brasil.
A classe trabalhadora não lutou em vão, tem propostas e quer ser ouvida. As negociações em andamento com o Congresso Nacional para aprovação de orçamento fora do teto de gastos para bancar o Bolsa Família e o aumento real do salário mínimo, já indicam uma mudança de rumo no país. É o primeiro passo. O que se espera é que, já nos primeiros 100 dias de governo, seja acompanhado de novos esforços entre governo e o novo Congresso Nacional no sentido de devolver os direitos que foram roubados pelas reformas trabalhista e previdenciária. A revisão dessas reformas é uma das principais propostas da classe trabalhadora, junto com a necessidade de isentar do imposto de renda os salários de até R$ 5 mil e o fim da flexibilização e desregulamentação das relações de trabalho que possibilitaram ao capital ampliar muito a exploração da mão de obra nos últimos anos.
A CUT participa
A CUT se prepara, junto com o movimento sindical brasileiro, para uma ação propositiva em defesa da agenda da classe trabalhadora: retomada da política de valorização do salário mínimo, geração de emprego de qualidade e renda, valorização do serviço público e do servidor público e retomada das reformas tributária e a agrária.
Entre as propostas da CUT estão ainda a retomada das políticas de fortalecimento e ampliação da agricultura familiar, do cooperativismo e economia solidária, das políticas de promoção dos direitos das mulheres, da população negra, LGBTQIA+ e da juventude na vida e no trabalho, do meio ambiente, da Amazônia e dos povos do campo, das águas e da floresta. A CUT afirma que a classe trabalhadora está preparada para disputar o seu espaço na agenda política do próximo governo. Desta vez com a possibilidade clara de ser ouvida e de avançar em novas conquistas.
* Joel Guedes é jornalista e editor do jornal Pactu
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