Rita Serrano e a ‘nova Caixa’: participação popular na economia e ‘desintoxicação bolsonarista’. Assista
PACTU
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está reformulando as linhas de crédito da Caixa Econômica Federal para ofertar à população brasileira. A iniciativa deve ampliar ainda mais a participação popular na economia brasileira, de acordo com a presidenta do banco público, Maria Rita Serrano. Funcionária há 33 anos da Caixa e no comando da instituição desde janeiro, a executiva foi a convidada do programa Entre Vistas, da TVT, comandado por Juca Kfouri, que foi ao ar nesta quinta-feira (9), na semana de celebração do Dia da Mulher.
Já hoje, conforme acrescenta Rita Serrano, a maior parte dos clientes do banco público são pessoas que ganham menos de dois salários mínimos. Nos dois primeiros anos da pandemia de covid-19, de cada 10 adultos que passaram pela Caixa, 8 receberam os benefícios sociais. Com esse perfil, o objetivo da nova gestão é se aliar ainda mais aos programas sociais, que já em sua maioria são gerenciados pela CEF.
“E com relação a como a Caixa amplia esse leque é justamente a discussão que fazemos hoje com o novo governo, um retorno do Minha Casa, Minha Vida, a reformulação do Bolsa Família, com toda uma necessidade de ampliação de crédito”, explicou a executiva.
Desintoxicação bolsonarista’
As mudanças na instituição passam ainda pela “desintoxicação” das práticas bolsonaristas, marcadas por denúncias de assédio e por uma “gestão do medo” que, de acordo com a presidenta, “contaminou o banco”. No governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), a Caixa foi presidida por três anos pelo economista Pedro Guimarães que acabou deixando o cargo, em junho do ano passado, após a divulgação de denúncias de assédio sexual feitas por dezenas de funcionárias da Caixa. As agressões, segundo as vítimas, vinham ocorrendo desde o primeiro ano de sua gestão.
Em paralelo, o período também foi marcado por denúncias de assédio moral. Os trabalhadores passaram a ser submetidos a pressões cada vez maiores, com metas abusivas, redução dos quadros e aumento dos casos de assédio moral. Em um desses episódios, Guimarães constrangeu gestores a fazer flexões durante um evento de fim de ano em 2021.
A nova presidenta da Caixa diz que essa prática de “humilhação e exposição” de fato “contaminou” o banco. “Reverberou uma política de gestão pelo medo. De substituição de pessoas sem motivo algum, de retirada de pessoas, de perseguição”, comenta. “Teve uma coisa maluca que as pessoas relatam de que foram proibidas de usar gravata vermelha. Quer dizer, é algo esdrúxulo para um banco desse tamanho, com a sua importância e governança robusta, mas que falhou nesse processo”.
Fortalecimento da Caixa
De acordo com ela, a corregedoria do banco deve ser ainda mais fortalecida, assim como mecanismos de fiscalização e punição. Após o escândalo dos casos de assédio, o órgão interno concluiu, no final de 2022, que existem “fortes indícios” de crimes por parte de Pedro Guimarães. O relatório final foi compartilhado com os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, que investigam as denúncias, e com a Controladoria-Geral da União e com a Comissão de Ética da Presidência da República.
“Neste momento, fizemos um processo seletivo para escolher novos vice-presidentes, uma nova direção, antenada com novos valores, com essa nova Caixa que queremos dar, com o novo governo. E, como eu disse, além disso nós estamos normatizando uma série de regras no sentido de punir as pessoas e de ampliar a fiscalização. Teremos todo um arcabouço de formação dos empregados, executivos e dirigentes, então é um conjunto de ações”, detalhou Rita Serrano.
Na conversa com Juca, a executiva também compartilhou sua trajetória pessoal que marca o avanço das mulheres, mas também fala sobre a importância da solidariedade, como no ato de apoio de um tio para ter acesso aos estudos.
Assista a íntegra da entrevista de Rita Serrano na TVT:
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