‘Estado mínimo ficou para trás. Vamos discutir o BNDES do futuro’, afirma Mercadante
PACTU
O presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu o papel do Estado para garantir desenvolvimento econômico. Mais do que isso, apresentou dados globais de que essa é uma tendência essencial. “Temos que rever a trajetória do país. Os EUA enterraram a era Reagan, Estado mínimo, isso ficou para trás. Eles estão ameaçados pela China, uma economia que cresce há 40 anos, que lidera setores, que tem capacidade de produção e escala extraordinária”, disse em entrevista ontem (15) ao Roda Viva, da TV Cultura.
“Queremos discutir e construir o BNDES do futuro. Verde, digital, que enfrente a crise climática, que estimule a reindustrialização. Esse país é um dos que viveu a desindustrialização mais rápida da história. Estão buscando reagir através de subsídio de transição energética, reindustrialização, atrair indústrias, combustíveis renováveis. (…) A União Europeia a mesma coisa. Subsídio não é jabuticaba. Jabuticaba é a maior taxa de juros do planeta“, completou. Para Mercadante, apesar do otimismo que o mercado vem apontando nos últimos dias, ainda existe uma trava relacionada à taxa Selic.
‘Eles devem ouvir’
Mercadante lembrou que as ações para estimular a economia adotadas em larga escala por países desenvolvidos são criticadas pelos ditos liberais brasileiros, enquanto estes viram os olhos quando o tema são as taxas de juros. “Subsídio existe em todas economias. Se for bem aplicado, com transparência, tem sentido histórico e econômico relevantes. A não ser o plano Safra, o BNDES não tem subsídio. A imprensa fala em subsídio, mas não olha os dados. Nos últimos seis anos, o BNDES devolveu mais de 800 bilhões de reais em antecipação de subsídios. Nenhum país do planeta fez isso. Duvido que a Suíça vai devolver subsídio. Qual a crítica? A importância é ouvir. Mesmo os neoliberais deveriam parar para ouvir”, disse.
Por fim, o presidente do BNDES apontou para mais uma distorção do atual modelo, em sua visão. “Temos 520 bancos de desenvolvimento do mundo. Praticamente nenhum deles paga dividendos. O BNDES não pagava. Começou a pagar 25%. Hoje paga 60%. Descapitalizamos o banco. Além disso temos que pagar o Tesouro por decisão do TCU. Tiramos 45 bilhões (de reais) do caixa do BNDES no ano passado. Quem paga essa conta? O empresário na ponta. Não quero transferir recursos para o Tesouro nessa escala. Vamos voltar a 25% pelo menos. O crédito está desacelerando, a economia também. Vamos construir um sistema de taxa de juros mais flexível.”
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