CUT assume Secretaria Geral da Coordenadora das Centrais Sindicais do Mercosul
PACTU
A Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS), por consenso da direção, indicou em reunião na última quarta-feira (17), o secretário adjunto de Relações Internacionais da CUT, Quintino Severo, para o cargo de Secretário-Geral da entidade, organismo que reúne as principais centrais sindicais do Brasil e dos países integrantes do Mercosul. A principal função principal é articular as centrais em uma luta conjunta pelos interesses comuns aos trabalhadores desses países.
Esta atuação se dá, em especial, pela luta por democracia, direitos humanos e direitos trabalhistas. “O conjunto dos dirigentes tem o papel e tarefa de discutir a ação sindical no âmbito do Mercosul”, reforça Quintino.
Para o dirigente, a CUT ter assumido papel de protagonismo na CCSCS é de suma importância. Ele explica que para os próximos tempos, especialmente com Lula na presidência do Brasil, há uma expectativa de fortalecimento do Mercosul.
“Ter a CUT na Coordenadora das Centrais é um reforço para desempenhar esse papel de fortalecimento”, ele diz.
Quintino destaca ainda que o diálogo social deverá voltar a ter protagonismo, o que resulta em ampliação de conquistas sociais e da classe trabalhadora.
Na reunião que elegeu o novo Secretário-Geral, integrantes da Coordenadora das Centrais aprovam um documento com as principais diretrizes para o próximo período. Trata-se das prioridades da atuação do organismo e que envolvem:
1 – Defesa da democracia e dos Direitos Humanos
2 – Protagonismo do movimento sindical no Mercosul
3 – Integração produtiva
4 – Livre circulação de pessoas nos país do Mercosul
5 – Debater o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia
Ponto a ponto
Sobre a defesa democracia, Quintino Severo explica que o tema é pauta prioritária não só para o Brasil, mas aos outros países, que também viveram nos últimos tempos, ameaças de grupos autoritários.
Já sobre o protagonismo do movimento sindical, ele afirma que já, ao longo dos anos, tem havido uma influência direta em decisões do Mercosul. O reforço, ele diz, tem o propósito de fortalecer a defesa de direitos nas relações de trabalho e que os empresários respeitem os direitos e conquistas de cada país, determinados na Declaração Sociolaboral do Mercosul.
Entre seus pontos principais, o tratado tem como destaque “condições para o desenvolvimento econômico, com justiça social”, que requer “políticas que priorizem o emprego como centro do desenvolvimento e do trabalho de qualidade”.
A integração produtiva, citada por Quintino Severo, diz respeito, em especial, ao fortalecimento da indústria nos países, que a exemplo do Brasil, vêm sofrendo ao longo dos anos, um processo de desinvestimento.
É prioridade ter uma integração da produção entre os países, que valorize o Mercosul enquanto bloco econômico e como bloco comercial. É estratégico promover a reindustrialização”, diz o dirigente.
Sobre a livre circulação de pessoas, Quintino considera que se há livre circulação de mercadorias, as pessoas também não podem ter barreiras nas fronteiras entre os países. “Queremos a mesma liberdade e capacidade de circulação”, ele pondera.
Acordo Mercosul – União Europeia
Considerado ponto nevrálgico para a atuação da Coordenadora das Centrais, o acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, diz Quintino Severo, será tratado com urgência. Firmado em 2019, o acordo ainda precisa de ratificação pelos 27 países que compõem os dois blocos.
Em 2019, quando o acordo foi assinado, a Coordenadora se posicionou repudiando seu conteúdo. “É uma sentença de morte para as indústrias da região e, consequentemente, para a classe trabalhadora, tanto com relação a quantidade quanto a qualidade do emprego em ambas as regiões, além de resultar em situações imprevistas de deslocamento social”, dizia trecho da nota.
“Vamos retomar o diálogo com a Confederação Sindical Europeia no sentido de termos, sobre o acordo, uma posição e ações conjuntas também nas questões interessam aos trabalhadores dos dois blocos”, afirma o dirigente que complementa dizendo que é necessária uma proposta menos nociva para os trabalhadores sul-americanos.
O próprio presidente Lula e membros de sua equipe têm afirmado que é necessário haver equilíbrio nas condições exigidas pela União Europeia e que não se pode exigir dos países da América do Sul ‘sacrifícios que comprometam o atendimento de suas permanentes demandas econômicas e sociais’.
Resistência das Centrais Sindicais
Nos últimos cinco anos, o movimento sindical fez resistência ativa contra a reforma Trabalhista no Brasil. O tema é parte da denúncia que as centrais sindicais brasileiras fizeram na Comissão Sociolaboral. “Deixamos claro que foi um forte ataque às relações de trabalho e que a comissão que foi afetada pela reforma. A CUT e o movimento sindical brasileiro tiveram apoio de argentinos, uruguaios e paraguaios no sentido de manter a denúncia viva e isso contribuiu para um reconhecimento da bancada dos trabalhadores de indicar a CUT para assumir a Secretaria Geral da Coordenadora”, disse Quintino.
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