Auditoria Cidadã da Dívida promove evento na Assembleia Legislativa do Paraná

A Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), associação sem fins lucrativos que conta com apoio de diversas entidades importantes, entre elas a Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Paraná (Fetec-CUT-PR), promoveu nesta terça-feira (22), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), em Curitiba, o lançamento da cartilha “Auditoria da Dívida Pública: a soberania em risco”.

O evento contou com a presença do deputado estadual Requião Filho (PT), responsável pela proposição do tema na Alep, do ex-governador e ex-senador pelo Paraná, Roberto Requião (PT), do economista da ACD Rodrigo Ávila e do deputado constituinte e autor do livro “O Complô”, que aborda sobre o assunto, Hermes Zanetti.

O material traz informações minuciosas sobre a dívida pública, os gastos que o governo tem, que superam, em muito, os investimentos em áreas de interesse da população, como saúde, educação, previdência social, entre outros, além de mostrar o quanto é importante que a sociedade tenha ciência sobre este assunto.

O secretário de formação da Fetec e coordenador regional da ACD, Pablo Sergio Dias, revela que a população sofre um grande “assalto”. “Apenas 1% a menos da taxa de juros rende R$ 40 bilhões para a União. Porém, o Banco Central hoje não passa de uma ‘boca de fumo’ dos banqueiros. Um local que explora nosso país, consome nossas riquezas e deixa a população a mercê da própria sorte. É preciso dar um basta nisso”, comenta.

O presidente da Fetec, Deonísio Schmidt, avalia que o debate gerado na Alep não pode ficar só ali. “Essa ação precisa ser divulgada. Temos que contar esta história. Os movimentos sociais têm a obrigação de seguir adiante. Não somos contra o pagamento da dívida, desde que seja a devida e não esta aí que é totalmente irreal e que só serve para encher os bolsos dos banqueiros. Temos também que acabar com esta lorota de Banco Central independente. O Campos Neto está aí para mostrar que é justamente o contrário, de que não há independência. Queremos um sistema financeiro que atenda a todos, não apenas aos bancos”, opina.

Avaliação positiva

O deputado Requião Filho avaliou como positiva esta iniciativa e também cita a importância de a população conhecer o assunto. “Infelizmente poucos conhecem bem sobre a questão da dívida pública. É preciso estar por dentro porque é algo que mexe com todo o orçamento. Assim, podemos cobrar do governo federal a transparência necessária para que haja investimentos no que realmente importa para o povo”.

Basta de alimentar o mercado especulativo

O ex-governador e ex-senador Roberto Requião informa que o mercado especulativo é o único que se beneficia dos juros altos. “Os bancos ganham uma fortuna, pois são remunerados em 13,25% (valor atual da Selic) e pagam para a poupança pouco mais de 8%. Isso não está certo. Não podemos ficar nas mãos do mercado”.

Metade do orçamento é para pagar dívidas

Para o economista Rodrigo Ávila, a partir do momento em que o cidadão médio entender o quanto ele perde sem a auditoria, ele passará a defender esta medida. “É preciso conhecer o impacto que a dívida pública tem em nossas vidas. Para se ter uma ideia, metade do orçamento do governo é para pagar dívidas, que não são por conta de benfeitorias para a sociedade. Só serviu para enriquecer os banqueiros ainda mais, enquanto a população padece. Mesmo aqueles que dizem que ganham com fundo de investimentos, a verdade é que há um abismo sobre quanto eles lucram e quanto os mais ricos ganham. Quando entenderem bem tudo isso, estou certo que irão defender a auditoria”, encerra.

Texto e foto: Flávio Augusto Laginski