CCJ do Senado adia PEC que coloca Banco Central nas mãos do mercado

PACTU

CCJ do Senado adia PEC que coloca Banco Central nas mãos do mercado
Trabalhadores precisam intensificar luta para impedir a aprovação da proposta da forma como está

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado adiou a votação do relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2023, que concede autonomia orçamentária e financeira ao Banco Central (BC) e o transforma em empresa pública. A votação, que estava pautada para esta quarta-feira (17) deve ocorrer somente depois do recesso parlamentar.
 

O adiamento se deu devido à tentativa de se chegar a um relatório de consenso, segundo o senador Plínio Valério (PSDB-AM).

“Não há consenso e nem deve haver. Temos que definir nossas estratégias para ajustar nossa luta para derrotar essa PEC”, disse o secretário de Relação do Trabalho e responsável da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) pelo acompanhamento das pautas de interesse dos trabalhadores que tramitam no Congresso Nacional, Jeferson Meira, o Jefão. “Temos uma tarefa difícil, mas não impossível. E vale muito o esforço, com atos e intensificação da luta nas bases para evitar a aprovação desta PEC do jeito que está. Se este relatório for aprovado sem alterações, o Banco Central estará, definitivamente, nas mãos do mercado, do sistema financeiro. Teremos um Banco Central independente do povo brasileiro e totalmente dependente do mercado”, completou.
 

Para Jefão, existem diversos argumentos pela rejeição da PEC, como os seis apresentados no voto em separado do senador Rogério Carvalho (PT-SE), entre eles a “incompatibilidade entre o modelo de empresa pública e as atribuições típicas de Estado exercidas pelo BCB”. Para o senador, o ordenamento jurídico brasileiro define que “atividades típicas de Estado são desempenhadas sob regime de direito público", e "empresa pública é entidade com personalidade jurídica de direito privado".


Próximos passos

A proposta, que tramita na Casa há cerca de seis meses, recebeu voto favorável de Plínio Valério, na forma de um texto alternativo. Depois da CCJ, a matéria seguirá para dois turnos de votação no Plenário do Senado, onde precisará de 49 votos favoráveis em cada um deles para ser aprovada.

A PEC 65/2023 insere na Constituição a autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira do Banco Central, já estabelecida pela Lei Complementar 179, de 2021, e acrescenta a autonomia orçamentária. Além disso, transforma o BC (hoje autarquia de natureza especial sem vinculação com nenhum ministério nem subordinação hierárquica) em instituição de natureza especial organizada como empresa pública fiscalizada pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU).

Fonte: Contraf-CUT

Deixar comentário

Matérias relacionadas