G20 decide taxar bilionários, mas no Brasil juros altos favorecem os mais ricos
PACTU
Uma decisão histórica foi tomada em reunião pelos Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, nessa quinta-feira (25), que aprovaram uma declaração sobre tributação global, que prevê a taxação dos super-ricos. As 19 maiores economias do mundo, bem como a União Europeia e mais recentemente a União Africana, têm assento no G20. É a primeira vez que o Brasil assume a presidência do grupo. No fim do ano, o Rio de Janeiro sediará a Cúpula do G20, e a presidência do grupo será transferida para a África do Sul.
A taxação dos super-ricos é uma pauta prioritária para a presidência brasileira do G20. O Brasil defende que os países coordenem a adoção de um imposto mínimo de 2%, o que pode arrecadar até US$ 250 bilhões por ano ao redor do mundo.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o texto final sobre essa taxação só será divulgado ao fim do evento nesta sexta-feira (26), mas ele adiantou que constará um reconhecimento de que é necessário aprofundar discussões sobre a taxação dos super-ricos. Segundo Haddad, o tema agora está incluído na agenda internacional.
No entanto, há resistências. A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, por exemplo, tem dito que não vê necessidade de um pacto global e que cada governo deve tratar da questão internamente. Ainda assim, ela tem se manifestado favorável a um sistema tributário mais progressivo que garanta que indivíduos de alta renda paguem um valor justo.
A taxação dos super-ricos e dos offshores é uma luta da CUT para que haja mais justiça fiscal e social. Hoje no Brasil, é possível arrecadar cerca de R$ 300 bilhões ao ano tributando apenas 0,3% mais ricos da população, o que representa apenas 600 mil pessoas entre os 215 milhões de brasileiros, segundo dados do Instituto Justiça Fiscal (IJF). Dinheiro que poderia ser investido em obras essenciais, na saúde e na educação, entre outros setores.
Juros altos no Brasil beneficiam os mais ricos
Mas no Brasil além de taxar os super-ricos é preciso mais para diminuir a desigualdade social. Manter a Selic no patamar atual de 10,50% ao ano só interessa a 1% da elite econômica do país que compra títulos do governo para investimentos (a arrecadação dos governos depende de impostos recolhidos e parte de títulos vendidos no mercado), e a cerca de 10% da classe média que têm aplicações financeiras, pois com a alta dos juros vale mais a pena deixar o dinheiro aplicado em algum título do governo do que abrir uma empresa e gerar empregos, explicou ao PortalCUT o economista e professor da PUC-SP, Ladislau Dowbor. São os chamados rentistas que vivem dos juros de suas aplicações.
Diante da decisão do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro, em manter em alta a Selic, a taxa de juros oficial do país, a CUT e as demais centrais farão atos em diversas cidades brasileiras, entre elas São Paulo e Brasília, e onde há representação do BC, na próxima terça-feira (dia 30).
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