Marcha Mundial das Mulheres debate resistência à ofensiva conservadora
Debater alternativas à ofensiva conservadora vivida pelo movimento feminista no mundo e no Brasil. Essa é a proposta do 9º Encontro Internacional da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), que ocorre a partir desta segunda-feira (26) no Memorial da América Latina, na zona oeste de São Paulo.
Segundo dirigentes do movimento, que atua desde 2001 na luta por direitos iguais entre os gêneros, os maiores desafios enfrentados dizem respeito a ataques conservadores que surgem como uma resposta à crise do sistema financeiro e a direitos conquistados pelas mulheres, principalmente no Brasil.
Exemplos dessa ofensiva são a tramitação do Estatuto do Nascituro no Congresso Nacional e a forte oposição de setores religiosos à lei que garante atendimento e acompanhamento às vítimas de estupro pelo SUS, aprovada no mês passado.
"Vamos buscar respostas alternativas ao momento de ofensiva que vivemos, que sempre atinge mais as mulheres. As crises capitalistas acirram os processos de usurpação da natureza, de exploração do trabalho, e de ocupação de territórios, e as desigualdades entre homens e mulheres", afirmou a coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha, Miriam Nobre.
O encontro vai reunir 1,6 mil mulheres de 48 países. As mesas de debates vão discutir temas como autonomia econômica e relação com a natureza e com o corpo.
"A luta tem de estar enraizada no país, mas tem de ter repercussões internacionais. Em relação ao caso específico do Brasil, temos muito a aprender com situações que são vividas aqui, mas muitas vezes não percebidas pelo movimento." Ela cita o caso da intervenção militar em zonas de guerra como um ambiente bastante propício à proliferação de práticas de exploração sexual.
"Como, por exemplo a questão da militarização de territórios, principalmente em zonas de conflitos de guerra, que acabam subjugando as mulheres como objetos sexuais de soldados. Quando olhamos para nós mesmos vemos que essa questão está muitas vezes inserida em comunidades tomadas por unidades pacificadoras ou pelo tráfico."
Segundo ela, a militarização, que aparece muitas vezes como solução, se revela um problema para as comunidades, com distorções da economia, aumento da prostituição e esgarçamento da vida comunitária.
A percepção sobre o tema se deu na Colômbia, quando a marcha fez uma ação internacional de combate às bases militares estrangeiras no país, em 2010.
"A militarização não é muito comum para nós, mas percebemos na Colômbia a forma como as companheiras usam a estratégia de "enamoramento". Elas eram usadas como informantes e donas de casa dos militares, fazendo serviços domésticos não remunerados. Esse fato também acontece no Brasil. Esse tema, que não estava na nossa agenda, foi incorporado", lembra Miriam.
Preocupação
A diretora executiva da Coalizão Contra o Tráfico de Mulheres e coordenadora internacional da MMM, Jean Enriquez, da delegação filipina, teme pelos desdobramentos sociais que podem atingir as mulheres durante a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
Segundo ela, durante grandes eventos esportivos, o tráfico internacional de mulheres tem mais facilidade para atrair meninas com fins de exploração. "Em eventos de grande porte, como a Copa do Mundo e a Olimpíada, o turismo e a exploração sexual sempre aumentam, foi o que observamos na Alemanha, na Copa de 2006, e no Canadá, nas Olimpíadas de 2010."
Ela ressalta que a comercialização dos corpos das mulheres é vista quase como prática esportiva que pertence ao evento em si, e que a marcha estuda maneira para propor fiscalização mais rígida neste sentido.
Simbolismo
Para Miriam Nobre, a escolha do Brasil para sediar a marcha tem a ver com o crescente interesse dos movimentos sociais internacionais com a atual dinâmica da América Latina.
"As pessoas têm curiosidade sobre o processo na América Latina, com os governos populares, a Unasul, como funciona a integração.
Fonte: Rede Brasil Atual
Segundo dirigentes do movimento, que atua desde 2001 na luta por direitos iguais entre os gêneros, os maiores desafios enfrentados dizem respeito a ataques conservadores que surgem como uma resposta à crise do sistema financeiro e a direitos conquistados pelas mulheres, principalmente no Brasil.
Exemplos dessa ofensiva são a tramitação do Estatuto do Nascituro no Congresso Nacional e a forte oposição de setores religiosos à lei que garante atendimento e acompanhamento às vítimas de estupro pelo SUS, aprovada no mês passado.
"Vamos buscar respostas alternativas ao momento de ofensiva que vivemos, que sempre atinge mais as mulheres. As crises capitalistas acirram os processos de usurpação da natureza, de exploração do trabalho, e de ocupação de territórios, e as desigualdades entre homens e mulheres", afirmou a coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha, Miriam Nobre.
O encontro vai reunir 1,6 mil mulheres de 48 países. As mesas de debates vão discutir temas como autonomia econômica e relação com a natureza e com o corpo.
"A luta tem de estar enraizada no país, mas tem de ter repercussões internacionais. Em relação ao caso específico do Brasil, temos muito a aprender com situações que são vividas aqui, mas muitas vezes não percebidas pelo movimento." Ela cita o caso da intervenção militar em zonas de guerra como um ambiente bastante propício à proliferação de práticas de exploração sexual.
"Como, por exemplo a questão da militarização de territórios, principalmente em zonas de conflitos de guerra, que acabam subjugando as mulheres como objetos sexuais de soldados. Quando olhamos para nós mesmos vemos que essa questão está muitas vezes inserida em comunidades tomadas por unidades pacificadoras ou pelo tráfico."
Segundo ela, a militarização, que aparece muitas vezes como solução, se revela um problema para as comunidades, com distorções da economia, aumento da prostituição e esgarçamento da vida comunitária.
A percepção sobre o tema se deu na Colômbia, quando a marcha fez uma ação internacional de combate às bases militares estrangeiras no país, em 2010.
"A militarização não é muito comum para nós, mas percebemos na Colômbia a forma como as companheiras usam a estratégia de "enamoramento". Elas eram usadas como informantes e donas de casa dos militares, fazendo serviços domésticos não remunerados. Esse fato também acontece no Brasil. Esse tema, que não estava na nossa agenda, foi incorporado", lembra Miriam.
Preocupação
A diretora executiva da Coalizão Contra o Tráfico de Mulheres e coordenadora internacional da MMM, Jean Enriquez, da delegação filipina, teme pelos desdobramentos sociais que podem atingir as mulheres durante a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
Segundo ela, durante grandes eventos esportivos, o tráfico internacional de mulheres tem mais facilidade para atrair meninas com fins de exploração. "Em eventos de grande porte, como a Copa do Mundo e a Olimpíada, o turismo e a exploração sexual sempre aumentam, foi o que observamos na Alemanha, na Copa de 2006, e no Canadá, nas Olimpíadas de 2010."
Ela ressalta que a comercialização dos corpos das mulheres é vista quase como prática esportiva que pertence ao evento em si, e que a marcha estuda maneira para propor fiscalização mais rígida neste sentido.
Simbolismo
Para Miriam Nobre, a escolha do Brasil para sediar a marcha tem a ver com o crescente interesse dos movimentos sociais internacionais com a atual dinâmica da América Latina.
"As pessoas têm curiosidade sobre o processo na América Latina, com os governos populares, a Unasul, como funciona a integração.
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