"Nenhum direito a menos, nenhum passo atrás", afirma Dilma na posse
Umuarama/PR
Em seu discurso no parlatório, dirigido aos milhares de brasileiros que se aglomeraram em frente ao Palácio do Planalto, após a posse oficial nesta quarta-feira, dia 1º de janeiro, no Congresso Nacional, a presidenta Dilma Rousseff pediu apoio de todos. Ela prometeu governar o Brasil, "com nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e passos a frente. Esse é o juramento que faço nessa praça".
Após receber a faixa presidencial do chefe do Cerimonial, colocando a faixa em si mesma, e a execução do Hino Nacional, Dilma falou ao povo brasileiro do parlatório. E foi ouvida e aplaudida pela multidão que estava presente.
A presidenta agradeceu a presença dos brasileiros "que vieram de todos os cantos do nosso país na Marcha da Esperança para dizerem sim ao futuro do Brasil". E fez homenagem às mulheres, destacando que a presença dela na Presidência da República "honra a mulher brasileira, que são guerreiras anônimas, que constroem com carinho o nosso país".
"Com esse povo e para esse povo que nós vamos governar", discursou, arrancando aplausos e gritos de aprovação dos manifestantes. Citando o ex-presidente Lula, ela lembrou que pela primeira vez o país tem uma geração que não viveu a miséria, lembrando que após os 12 últimos anos de governo do PT e seus aliados foram resgatadas 36 milhões de pessoas da extrema pobreza.
"Nunca tantos brasileiros tiveram casa própria; nunca tantos brasileiros tiveram ensino técnico, nunca tantos brasileiros viveram sem crise institucional, nunca se apurou e puniu a corrupção no Brasil", discursou a presidenta reeleita.
E, ao finalizar o curto discurso, após uma longa fala no Congresso Nacional, a presidenta Dilma Rousseff pediu apoio de todos, do leste a oeste, do norte a sul, prometendo governar o Brasil "com nenhum direito a menos, nenhum passo atrás, só mais direitos e passos à frente. Esse é o juramento que faço nessa praça".
De pé e com fé
"Escuto as vozes de vocês, vozes corajosas, a dizerem que estamos aqui todos nós, de pé, que temos fé no Brasil. Nós acreditamos nessa terra porque nos últimos 12 anos não se discriminam os pobres, não se esquecem dos jovens, não se discriminam as mulheres", disse Dilma aos manifestantes.
E, diante de uma imensa plateia, ela destacou que "não importam os obstáculos, vamos construir um Brasil próspero. Nada, absolutamente nada, ninguém, absolutamente ninguém, vai me afastar desse compromisso", disse ainda a presidenta.
Ela lembrou que durante toda a campanha eleitoral ficou claro que a população brasileira quer "mais e melhor". "O tema mais invocado foi reforma e assumo, nessa praça, o compromisso de promover nova etapa de mudanças sociais no nosso Brasil. Vamos fazer ajustes na economia, mas sem revogar direitos conquistados ou trair compromissos sociais", garantiu.
"Fui reeleita para fazer as mudanças que vocês desejam. Assumo o segundo mandato com mais esperança do que o primeiro. E com a certeza de que estamos juntos e com a força da imensa fé que temos - de pé e com fé."
E garantiu que "vamos fazer a reforma política, o Brasil será a verdadeira pátria educadora e os brasileiros terão educação de qualidade da creche ao ensino superior. Vamos mudar a Constituição para que o governo garanta mais segurança, exames com especialistas, emprego de qualidade com educação e inovação".
E repetindo: "De pé e com fé, vamos continuar a política de valorização do salário mínimo, o Fies, o Pro-uni, o Ciência sem Fronteiras. Somos capazes de fazer isso porque nos últimos 12 anos fizemos isso." E mais uma vez pediu apoio dos brasileiros para governar o Brasil com as mudanças e reformas exigidas pela população.
Público maior do que em 2011
Cerca de 40 mil pessoas acompanharam a solenidade, um público que foi maior do que o registrado na primeira posse de Dilma em 2011. Na ocasião, cerca de 30 mil populares prestigiaram a cerimônia. A estimativa foi divulgada pela assessoria de comunicação da Polícia Militar do Distrito Federal.
Estiveram presentes sindicalistas de várias categorias, incluindo dirigentes da Contraf-CUT, federações e sindicatos de vários estados do país. Também compareceram movimentos sociais.
A presidente reeleita e o vice-presidente Michel Temer foram empossados no Congresso Nacional. Na cerimônia, Dilma desfilou em carro aberto pela Esplanada, discursou no Legislativo, passou em revista as tropas militares posicionadas no lado externo do parlamento e falou ao público que estava na Praça dos Três Poderes.
Discurso de posse no Congresso Nacional
A defesa dos direitos dos trabalhadores foi destacada também no discurso de posse no Congresso Nacional. "Reafirmo meu profundo compromisso com a manutenção de todos os direitos trabalhistas e previdenciários", afirmou a presidenta, que reforçou também a necessidade da reforma política e falou sobre a Petrobrás.
"Não podemos permitir que a Petrobrás seja alvo de um cerco especulativo dos interesses contrariados com a adoção do regime de partilha e da política de conteúdo local, que asseguraram ao nosso povo, o controle sobre nossas riquezas petrolíferas", disse ela. "A Petrobras é maior do que quaisquer crises e, por isso, tem capacidade de superá-las e delas sair mais forte", enfatizou Dilma.
Leia abaixo a íntegra do discurso de posse no Congresso:
Senhoras e Senhores,
Volto a esta casa com a alma cheia de alegria, de responsabilidade e de esperança.
Sinto alegria por ter vencido desafios e honrado o nome da mulher brasileira.
O nome de milhões de guerreiras anônimas que, voltam a ocupar, encarnadas na minha figura, o mais alto posto de nossa grande nação.
Encarno outra alma coletiva que amplia ainda mais a minha responsabilidade e a minha esperança.
O projeto de nação que é detentor do mais profundo e duradouro apoio popular da nossa história democrática.
Este projeto de nação triunfou e permanece, devido aos grandes resultados que conseguiu até agora, e porque o povo entendeu que este é um projeto coletivo de longo prazo.
Este projeto pertence ao povo brasileiro e, mais que nunca, é para o povo e com o povo que vamos governar.
A partir do extraordinário trabalho iniciado pelo governo do presidente Lula e continuado por nós, temos hoje a primeira geração de brasileiros que não vivenciou a tragédia da fome.
Resgatamos 36 milhões da extrema pobreza, 22 milhões apenas em meu primeiro governo.
Nunca tantos brasileiros ascenderam às classes médias.
Nunca tantos brasileiros conquistaram tantos empregos com carteira assinada.
Nunca o salário mínimo e os demais salários se valorizaram por tanto tempo e com tanto vigor.
Nunca tantos brasileiros se tornaram donos de suas próprias casas.
Nunca tantos brasileiros tiveram acesso ao ensino técnico e à universidade.
Nunca o Brasil viveu um período tão longo sem crises institucionais.
Nunca as instituições foram tão fortalecidas e respeitadas, e nunca se apurou e puniu com tanta transparência a corrupção.
Em nossos governos, cumprimos o compromisso fundamental de oferecer, a uma população enorme de excluídos, os direitos básicos que devem ser assegurados a qualquer cidadão.
O direito de trabalhar, de alimentar a família, de educar e acreditar em um futuro melhor para seus filhos.
Isso que era tanto para uma população que tinha tão pouco, tornou-se pouco para uma população que conheceu, enfim, governos que a respeitam e que realmente se esforçam para protegê-la.
A população quis que ficássemos porque viu o resultado do nosso trabalho, compreendeu as limitações que o tempo nos impôs e concluiu que poderemos fazer muito mais.
O recado que o povo nos mandou não foi só de reconhecimento e confiança, foi também um recado de quem quer mais e melhor.
Por isso, a palavra mais repetida na campanha foi mudança, e o tema mais invocado foi reforma.
Por isso, eu repito hoje, nesta solenidade de posse: fui reconduzida à Presidência para continuar as grandes mudanças do país e não trairei este chamado.
O povo brasileiro quer mudanças, quer avançar, quer mais.
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