Redução do lucro 2016 precisa ser explicada pela direção da Caixa
PACTU
O resultado de R$ 4,1 bilhões foi divulgado com provisão de devedores duvidosos totalizando R$20 bi.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, anunciou nesta terça-feira (28) que o banco teve lucro líquido de R$ 4,1 bilhões no ano passado. Trata-se de queda de 41,8% em relação a 2015 e um resultado bem abaixo da projeção de R$ 6,7 bilhões feita no final do terceiro trimestre. Em dezembro, a instituição possuía R$ 2,1 trilhões em ativos administrados. No ano passado, também de acordo com o balanço, a Caixa injetou R$ 712,5 bilhões na economia brasileira.
Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, a direção do banco deve explicações. “Em setembro, quando o lucro acumulado era de R$ 3,4 bilhões, projetava-se fechar o ano com quase R$ 7 bilhões. No balanço a Caixa destaca principalmente a melhoria do resultado operacional, da margem financeira e da carteira de crédito, bem como a queda do índice de inadimplência. Mesmo assim, temos esse valor bem abaixo do projetado. O que ocorreu? Se foi um erro de projeção, nunca foi tão absurdo”, afirma.
Segundo os números divulgados pela Caixa, o resultado operacional cresceu 272% em relação ao de 2015, totalizando R$ 4 bilhões. Já a margem financeira gerencial totalizou R$ 47 bilhões no ano passado, avanço de 7,4% em 12 meses. O índice de inadimplência encerrou dezembro em 2,88%, redução de 0,7 p.p. no período, significativamente abaixo da média de mercado, que é de 3,71%. Apesar dessa queda, as despesas de provisão para devedores duvidosos(PDD) totalizaram R$ 20,1 bilhões, crescimento de 2,3% em relação a 2015.
Genésio Cardoso, diretor do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região avalia que o aumento na provisão para devedores duvidosos não se justifica dado a diminuição da inadimplência no mesmo período e aponta que se o valor para PDD se mantivesse o mesmo de 2015 isso resultaria num aumento em torno de R$ 4 bilhões a mais no lucro. "Isso deixa claro a tentativa de manobra da direção da Caixa em esconder o verdadeiro lucro da empresa, com o objetivo de pagar menos PLR para o trabalhador além de ser uma tentativa de sinalizar para a sociedade que o banco está em crise quando na verdade não está" afirma.
Segunda parcela da PLR
Com a divulgação do resultado de 2016, a expectativa dos empregados é quanto ao pagamento da segunda parcela da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Segundo o Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2018, a Caixa tem até 31 de março para creditar os valores. Como a primeira parcela de 60% do total a ser recebido foi calculada com base no lucro estimado de R$ 6,7 bilhões, também cabe ao banco explicar como se dará o pagamento.
Na Caixa, a PLR é composta pela regra básica Fenaban, prevista na Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2018 dos bancários, correspondente a 90% do salário mais R$ 2.183,53, limitado a R$ 11.713,59; parcela adicional, também presente na CCT, que representa 2,2% do lucro líquido do banco dividido pelo número total de empregados em partes iguais, até o limite individual de R$ 4.367,07; e a PLR Social, equivalente a 4% do lucro líquido, distribuídos linearmente para todos os trabalhadores. A Caixa garante no mínimo uma remuneração base.
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