Funcionários dos Correios entram em greve contra retirada de direitos
PACTU
Empresa quer que trabalhadores retirem dependentes do plano de saúde e que mensalidades sejam reajustadas. Movimento também pede fim das terceirizações e condições para prestar bons serviços à população
Funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) entraram em greve nacional por tempo indeterminado. Oficialmente, o movimento começou no domingo 11, a partir das 22h, com a paralisação do trabalho pelos funcionários do turno da noite. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), os trabalhadores são contra mudanças no plano de saúde da empresa, que preveem o pagamento das mensalidades pelos funcionários e a retirada de dependentes dos contratos. A reportagem é da RBA.
"Além disso, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a mensalidades acima de R$ 900", informou a Fentect, em nota, ressaltando que o salário médio dos trabalhadores dos Correios é de R$ 1,6 mil – "o pior salário entre empresas públicas e estatais".
O início da greve coincide com o julgamento sobre o plano de saúde dos trabalhadores no Tribunal Superior do Trabalho (TST), nesta segunda-feira 12.
A greve é motivada também por alterações propostas pelo governo de Michel Temer no plano de cargos e salários, a terceirização na área de tratamento, suspensão de férias, extinção do diferencial de mercado, a redução do salário da área administrativa e medidas unilaterais que indicam que o governo mira a privatização da estatal. Além disso, entre as demandas da categoria estão a contratação de novos funcionários por meio de concurso público, a segurança dos trabalhadores e o fim dos planos de demissão.
A federação também é contra a extinção e terceirização do cargo de operador de triagem e transbordo, "importante para o movimento do fluxo postal interno". "Para piorar a situação, a empresa também anunciou o fechamento de mais de 2.500 agências próprias por todo o Brasil", diz a nota da Fentect.
Para a categoria, o "desmonte" promovido pela gestão dos Correios tende a prejudicar ainda mais os serviços à população. "A Fentect esclarece que alguns argumentos repassados transmitem uma visão enganosa da realidade na estatal. Por exemplo, quanto ao monopólio dos Correios, que, hoje, corresponde apenas a cartas, malote e telegrama. O segmento de encomendas, como o Sedex, entretanto, sempre foi concorrencial", informou.
Quanto ao reajuste dos preços dos serviços da estatal, a federação discorda de que houve aumentos abusivos nos valores.
No último dia 6, os Correios começaram a cobrar uma taxa extra de R$ 3 para encomendas com destino ao Rio de Janeiro. O motivo seria a elevação dos custos da entrega por causa da violência no município. A federação alega que o aumento não beneficiou os trabalhadores. "Já em relação ao argumento da ECT para esse reajuste a respeito da segurança dos trabalhadores, a Fentect esclarece que não há nenhum benefício pago ao trabalhador por esse motivo, bem como nenhum adicional". No dia 9, após decisão da Justiça Federal, a estatal suspendeu a cobrança.
Para a Fentect, a empresa não onera o governo federal ou o bolso do cidadão com arrecadação de impostos. "Ao contrário, é o governo quem tem retirado verbas da empresa, sem retorno, nos últimos anos, da ordem de R$ 6 bilhões", informou. "Com todos os erros e ingerências políticas na administração dos Correios, a direção da estatal promove essas e outras retiradas de direitos dos próprios trabalhadores, responsabilizando-os pelos danos da ECT."
A assessoria dos Correios não respondeu aos chamados da reportagem durante o fim de semana.
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