Bolsonaro veta propaganda do Banco do Brasil que celebra a diversidade
PACTU
Uma propaganda do Banco do Brasil que retratava jovens negros e negras e celebrava a diversidade foi retirada do ar depois de uma interferência direta do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Ele ligou para o presidente do banco, Rubem Novaes, que diz ter "concordado" com a sugestão de derrubar a peça publicitária.
A campanha, que começou a ser veiculada em 1º de abril, incentivava a abertura de contas digitais pelo público jovem e trazia personagens com ares "descolados", cabelos coloridos, uma mulher trans, dentre outros, emulando trejeitos utilizados em fotos postadas nas redes sociais, e foi retirada há cerca de duas semanas.
A Educafro, entidade que luta pela inclusão da população negra no ensino superior e no mercado de trabalho, pretende entrar com denúncia na ONU contra a retirada da propaganda. Segundo o coordenador da Educafro, frei David Santos, a população negra há muito tempo luta pelo respeito à diversidade. "Essa propaganda consolida uma conquista dos excluídos. A decisão é muito equivocada, um retrocesso", afirmou ao jornal O Globo.
A ingerência de Bolsonaro também levou à saída do diretor de Comunicação e Marketing do banco, Delano Valentim. Em nota, Novaes diz que a demissão do diretor foi tomada em "consenso" – supostamente com Bolsonaro – com "aceitação" de Valentim. O Planalto disse que não vai comentar.
Sobre o vídeo censurado, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) classificou o episódio de censura como "mais um absurdo" protagonizado pelo governo. "Desta vez, Bolsonaro censurou uma campanha publicitária do Banco do Brasil estrelada por atores e atrizes negros. O motivo? Ao que tudo indica, a diversidade incomoda."
Já a deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) questionou a atitude do presidente. "Onde já se viu um presidente tomar uma atitude dessas sem apresentar nenhum motivo plausível?! Bolsonaro não suporta ver a pluralidade de corpos e sotaques do Brasil."
O jornalista Leonardo Sakamoto, da organização não-governamental Repórter Brasil, destacou que a ação de Bolsonaro, além de ser "absurda e violenta" contra negros e LGBTs, representa uma interferência indevida do governo numa empresa de economia mista.
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