Documentário Privacidade Hackeada mostra que empresas usam seus dados virtuais como mercadoria para ganhar eleições
PACTU
Está disponível no Netflix o documentário Privacidade Hackeada, que conta a trajetória da campanha eleitoral norte-americana, que culminou na vitória do ultra-direita Donald Trump a partir de depoimentos de uma ex-funcionária da empresa Cambridge Analytca, Brittany Kaiser. A Cambridge Analytca é uma empresa que vendia serviços de análise de dados e comunicação estratégica.
O documentário detalha como os dados de milhões de usuários do facebook foram utilizados pela Cambrigde como mercadoria: a partir do cruzamento de informações como curtidas e interações, a empresa traçou perfis de eleitores “persuasíveis” em determinadas regiões dos EUA onde seria possível direcionar o voto em Trump. Esses eleitores eram bombardeados com informações virtuais conservadoras ou de ataques à concorrente Hilary Clinton.
O roteiro foi possível após alguns escândalos serem publicizados, como o depoimento de Mark Zuckberg no parlamento americano confirmando o vazamento de dados, e a decretação de falência da Cambridge Analytca. Ele foi construído com base em delações de Brittany Kaiser, que definiu as táticas de comunicação de campanha como “armas de guerra”.
O filme também mostra que, além das eleições norte-americanas, a Cambridge também atuou em diversos países periféricos pelo mundo, com a mesma tática de uso de dados para influenciar persuasíveis, os que poderiam mudar de ideia.
A investigação também retrata a luta de um professor universitário, David Carrell, para provar o uso de dados, quando entrou na justiça solicitando que seus dados virtuais fossem devolvidos e que a Cambrigde explicasse quais dados teve acesso e como utilizou. A empresa foi condenada, mas nunca cumpriu a determinação judicial.
A Cambridge tinha como um de seus mentores Steve Bannon, contratado pela equipe de Bolsonaro durante a eleição presidencial no Brasil. A passagem de faixa de Temer para Bolsonaro na posse é uma das cenas do filme.
Por Paula Zarth Padilha
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