Com carteira verde e amarela governo quer volta da escravidão, diz presidente da CUT

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Com carteira verde e amarela governo quer volta da escravidão, diz presidente da CUT
Em SP, Sérgio Nobre e sindicalistas das demais centrais conversaram com a população e fizeram panfletagens no terceiro dia de Jornada de Lutas por Empregos e Direitos

No terceiro dia da Jornada de Luta por Direitos e Empregos, organizada pelos sindicalistas para denunciar à população os malefícios da Medida Provisória (MP) nº 905, do Programa Verde e Amarelo, de Jair Bolsonaro, dirigentes da CUT e demais centrais dialogaram com os trabalhadores, trabalhadoras e todos que embarcaram ou desembarcaram em várias estações do Metrô de São Paulo, no início a manhã desta quinta-feira (12).

A mobilização aconteceu simultaneamente, a partir das 6h, na estação de trem e Metrô do Brás, Itaquera, Arthur Alvin, Sé e Barra Funda. Também foram realizadas atividades e assembleias em fábricas de São José dos Campos e panfletagem e diálogo com a população no terminal de ônibus intermunicipal no Calçadão da Catedral, em Campinas.

Nas conversas com a população os sindicalistas explicaram de forma clara que a carteira verde e amarela além de não gerar empregos, retira direitos conquistados com muitas lutas, taxa os desempregados e beneficia os patrões com isenção de impostos. E, claro, convidaram a população a se aliar à luta contra a MP 905 e pela geração de emprego decente. Os sindicalistas também distribuíram um panfleto para a população, que reproduz uma carteira verde e amarela, que mostra como a MP 905 vai afetar os direitos da população.

Erica AragãoErica Aragão

Os dirigentes CUTistas, Lisboa, Ariovaldo e Tino panfletando no Brás

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, foi incisivo em sua fala: ou a gente luta ou volta a época em que o Brasil tinha trabalho escravo.

“Se a gente não lutar pelos nossos direitos, no outro dia a gente pode acordar sem nenhum deles e voltar para a escravidão, como há 100 anos, quando não tinha Lei de férias, nem fundo de garantia e direito nenhum para o trabalhador”, afirmou Sérgio para as centenas de pessoas que estavam circulando nas proximidades da estação de trem e Metrô do Brás, no centro de São Paulo.

Outros dirigentes CUTistas também estiveram na mobilização no Brás. Os secretários de Relações Internacionais, Antonio de Lisboa Amâncio Vale, de Administração e Finanças, Ariovaldo de Camargo, o da Cultura, José Celestino Lourenço (Tino) e a diretora executiva, Juvandia Moreia. 

"Hoje demos continuidade a jornada de lutas que teve início esta semana de panfletagem nos bairros e estações do transporte público para orientar e informar os trabalhadores sobre os perigos da "carteira verde e amarelo" relativo a destruição dos direitos trabalhistas. Continuaremos construindo a resistência e defendendo os direitos da classe trabalhadora que estão em risco pelo governo Bolsonaro", destacou Ariovaldo.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, a trabalhadora e o trabalhador precisam se informar e se mobilizar contra estas medidas de Bolsonaro, que toda semana tira direito da classe trabalhadora, sempre com a desculpa de que a medida gera emprego.

“O governo ataca todos os dias os direitos das classes mais pobres e dos trabalhadores e das trabalhadoras. É importante que vocês peguem a carteira verde amarela que estamos entregando para entenderem os riscos que o trabalhador está correndo se esta MP virar lei”, disse Miguel ao entregar o panfleto à população.

Roberto Parizotti (Sapão)Roberto Parizotti (Sapão)

Além de retirar direitos básicos do trabalhador, o governo quer que a gente trabalhe aos fins de semana sem hora extra e ainda diminuir o valor da Participação dos Lucros e Resultados (PLR), complementou o presidente da CUT. “E é por isso que estamos aqui. Estamos denunciando esta perversidade do governo contra a classe trabalhadora e é importante que cada um e cada uma leiam o panfleto e saibam dos direitos que estão sendo retirados. Não podemos permitir isso”.

É preciso reagir

“Não duvide da capacidade desse povo de fazer maldades, porque eles são cruéis”, afirmou Sérgio se referindo a dupla Bolsonaro, Paulo Guedes, ministro da Economia.

Quem faz o que eles estão fazendo, de taxar o trabalhador desempregado, tem coragem para tudo

- Sérgio Nobre

“É preciso pressionar os parlamentares que elegemos para ajudar na luta de devolver esta MP para o governo, como a CUT já pediu aos presidentes da Câmara [Rodrigo Maia] e do Senado [Davi Alcolumbre], porque a gente votou nos deputados e senadores para melhorar a vida do povo e não o contrário”, disse Sérgio Nobre.

Miguel acrescentou que para reverter esta situação “precisamos estar mobilizados para não deixar que ocorra mais esse crime contra os trabalhadores e as trabalhadoras”.

Érica AragãoÉrica Aragão

Propostas para melhorar economia e a vida da população

Os panfletos que estão sendo distribuídos à população têm também informações sobre as propostas que a CUT e demais centrais para melhorar a vida do povo, contribuir com o aquecimento da economia e, consequentemente, com a geração de emprego e renda.

Para os desempregados, a proposta é liberar a catraca dos ônibus para facilitar a procura de uma nova colocação no mercado de trabalho, subsídios das contas de consumo, como gás e luz, isenção do trabalhador sem renda de pagar impostos, como o IPTU.

“Não é diminuindo salário do trabalhador e retirando direitos que vão fazer esse país crescer. Se retira salário o trabalhador compra menos, comprando menos a indústria produz menos e manda gente embora. É uma burrice!”, disse o presidente da CUT.

Resistência

A diretora executiva da CUT e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que também esteve na ação da Jornada de Lutas no Brás, disse o quanto é importante o trabalhador e a trabalhadora fortalecerem o sindicato para resistir aos ataques dos governos e ampliar direitos.

“Não existe nenhum direito da classe trabalhadora que não tenha tido a participação e a influência do sindicato. Em vários países do mundo que não existem sindicatos os trabalhadores e as trabalhadoras ganham menos e a concentração de renda é gigante”, explicou a bancária.

Roberto Parizotti (Sapão)Roberto Parizotti (Sapão)

Juvandia destacou a importância da confederação e do sindicato da categoria para que os bancários e bancárias do país não tivessem sua jornada ampliada, como queriam os empresários se baseando na MP 905, que tem um item liberando o trabalho nos finais de semana e feriados, sem adicional de salário. No caso dos bancários, que barraram a medida, o resultado seria aumento do desemprego na categoria, disse.

“Com este aumento na jornada em vez de gerar emprego ia gerar desemprego, porque se eu posso pegar um trabalhador pra trabalhar mais tempo eu preciso de menos gente e isto não diminui as taxas de desemprego como diz o governo, pelo contrário”, explicou.

“E com muita luta contra esse MP que conseguimos fazer um acordo para impedir que os bancos implementassem a medida. A gente teve uma grande vitória neste momento, mas ela é parcial, porque a grande vitória mesmo será derrubar a MP que prejudica todo mundo, e não só os bancários”, finalizou a presidenta da Contraf.

A Jornada de Lutas da CUT e demais centrais - Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central, CGTB, Intersindical, Intersindical Instrumento de Luta e Conlutas - termina nesta sexta-feira (13), a partir das 6 horas da manhã, com panfletagem nas estações de trem de Osasco e Carapicuíba.

Agenda da Jornada de Lutas

Dia 13/12 – Sexta-feira

06 h – panfletagem nas estações de Osasco e Carapicuíba

 

 

Fonte: CUT

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